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FUTEBOL
Depois de estourar o escândalo do apito, atritos atingem cúpula da Federação Paulista, da CBF e do Clube dos 13
Crise na arbitragem racha o poder da bola
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O escândalo da arbitragem rachou diferentes setores do futebol
brasileiro. Federação Paulista,
CBF e Clube dos 13 estão entre as
entidades afetadas.
São atritos causados por interesses diferentes e desdobramentos causados pela revelação de
que Edilson Pereira de Carvalho e
Paulo José Danelon fabricavam
resultados para atender a apostadores de sites clandestinos.
Um dos maiores estragos aconteceu na FPF. O caso distanciou
Marco Polo Del Nero de seu vice,
Reinaldo Carneiro Bastos, que depois de uma conversa com o superior pediu afastamento temporário do cargo.
O presidente reclama a seus
aliados que, ao ser citado por Carvalho em seus depoimentos, Bastos afetou sua administração. Já o
vice afirma a amigos que faltou
apoio de Del Nero a ele.
O envolvimento do vice traz um
problema maior para o presidente. A Folha apurou que Santos,
Palmeiras e São Paulo não estão
dispostos a apoiar Bastos como
vice na chapa de Del Nero, que
planeja se candidatar em 2005. O
motivo é a acusação de Carvalho
de que ele influenciava os juízes.
Politicamente, para o dirigente
não é interessante afastar Bastos,
que em 18 anos na entidade acumulou influência e ainda tem o
apoio de muitos cubes.
"Recebi carta de apoio de 95%
dos filiados por todas as medidas
que tomamos nesse caso da arbitragem. A aprovação é grande,
mas não sei se serei candidato",
diz Del Nero, que a aliados não esconde que tentará se reeleger.
Ele deveria marcar o pleito em
janeiro, mas, com os problemas
recentes, deve adiar a data.
A crise na arbitragem também
provoca uma nova disputa, com
Corinthians, São Paulo e Palmeiras contra o Santos.
Depois do tumulto na Vila Belmiro, durante o jogo entre santistas e corintianos, os rivais do clube presidido por Marcelo Teixeira
pressionam a FPF para não voltarem a jogar no litoral.
"A federação não pode marcar
mais clássicos na Vila Belmiro. Se
marcar, teremos que discutir o assunto", afirmou Marcelo Portugal
Gouvêa, presidente são-paulino.
Além de defender os jogos em
seu estádio, o Santos também está
de cara virada para a FPF por causa de Carvalho. Em 2004, o clube
vetou o árbitro em suas partidas e
reclamou quando soube que ele
voltaria a ser escalado.
Amanhã, Del Nero deverá tentar uma reaproximação com Teixeira, num encontro na FPF.
No Clube dos 13, o racha aconteceu pela falta de consenso entre
os times sobre o que fazer diante
da decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de
anular os 11 jogos apitados por
Carvalho no Brasileiro deste ano.
"Tínhamos que tomar uma decisão em conjunto, mas não conseguimos. Cada um olhou os seus
interesses, e quem foi beneficiado
com a repetição dos jogos não teve motivo para brigar", afirmou
Fernando Carvalho, presidente
do Internacional.
O gaúcho é o líder do movimento contra a repetição das partidas.
Entre os clubes considerados favorecidos pela repetição dos jogos
está o Corinthians, que ganhou a
reprise contra o Santos, após ter
perdido o primeiro confronto, e
ainda enfrentará o São Paulo, para quem perdeu no duelo original.
"Nós defendemos que tomassem uma decisão para todas as
partidas. Ou anulavam todas ou
mantinham todas. De qualquer
jeito, alguém reclamaria", declarou Andrés Sanchez, vice-presidente de futebol corintiano.
Na CBF, o escândalo provocou
o rompimento definitivo entre
Ricardo Teixeira e Armando
Marques, que deixou a comissão
de arbitragem. O presidente da
entidade não perdoa o fato de o
caso ter estourado no momento
em que ele integra uma comissão
da Fifa para investigar, entre outras coisas, lavagem de dinheiro
ligada a sites de apostas e fabricação de resultados.
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