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CBF abandonou controle de juízes durante oito anos
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC
Desde 1997, quando Armando
Marques assumiu a arbitragem
da CBF, os juízes apitam no Nacional e na Copa do Brasil praticamente sem vigilância.
Ao chegar à entidade, o ex-chefe
dos árbitros acabou com o sistema de observadores de seus comandados, que existia até então.
É a informação dada por Edson
Rezende, novo presidente da comissão de arbitragem da CBF.
Efetivado pela entidade no cargo,
ele pretende reimplantar esse sistema de análise de árbitros, de
forma improvisada.
"O Armando [Marques] entendeu que não tinha necessidade
desses observadores", explicou
Rezende. "Nos jogos do Brasileiro, só havia nas partidas em São
Paulo, pois a federação faz esse
trabalho para o Estadual."
De maneira informal, membros
da comissão de arbitragem faziam comentários sobre juízes
com Marques. Mas viam somente
alguns jogos pela televisão, por
conta própria.
Quando o chefe dos juízes se
isolou na comissão, até essa troca
de informações foi interrompida.
Marques fazia análises sozinho.
Levantamento do Datafolha
mostra que um terço dos árbitros
escalados pela comissão de arbitragem era de São Paulo.
Mas, depois que o escândalo do
apito explodiu, os juízes do Estado com mais gente no quadro
brasileiro com o distintivo da Fifa
viram seus nomes praticamente
desaparecerem dos sorteios da
primeira divisão do Nacional.
Agora, o novo presidente da comissão de arbitragem pretende
montar um grupo de colaboradores que se estenda por todos os Estados. Isso acontecia, em menor
proporção, na época de Ivens
Mendes, que caiu ao ser flagrado
conversando com cartolas de
Atlético-PR e Corinthians sobre
benefícios a clubes.
Agora, Rezende quer observadores em todos os jogos das séries
A, B e C. Para economizar, a CBF
deve incluir no programa membros de comissões de arbitragem
locais e ex-árbitros.
"Podemos dar um pró-labore
para cobrir as despesas", contou
Rezende. "Eles fariam observações sobre a parte técnica e o comportamento social dos juízes."
Mandar observadores para todos jogos será uma tarefa árdua,
especialmente quando a segunda
e a terceira divisão estiverem em
suas fases inicias.
Em um único final de semana,
as três séries do Brasileiro proporcionam mais de 50 partidas.
A vigília fora de campo tem como objetivo evitar a repetição de
casos como o de Edilson Pereira
de Carvalho, que diz ter aceitado
fraudar resultados porque tinha
dívidas com bingos.
"Big Brother"
Outra idéia é contratar uma empresa para obter todas as gravações das partidas, para que a comissão analise as atuações dos
juízes -os confrontos entre equipes da terceira divisão do Brasileiro têm pouco ou nenhum espaço
nas emissoras de televisão.
Rezende já apresentou esse plano ao presidente da CBF, Ricardo
Teixeira. A intenção é que o sistema esteja em funcionamento já
no final desta temporada.
Apesar de pregar transparência,
Rezende não pretende divulgar
todos os relatórios dos observadores dos juízes, nem as avaliações da comissão de arbitragem.
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