São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

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C13 renova estatuto com cláusula anti-Mustafá

Pelo documento, atual vice pode ter de sair por ter funções em outras entidades

Nas duas propostas a serem votadas hoje pelos clubes, ex-presidente do Palmeiras fica em xeque por já dirigir o Sindicato do Futebol

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo estatuto do Clube dos 13 deve tirar do poder um dos dirigentes mais antigos do futebol brasileiro. Na votação para a formalização do documento, que será feita hoje, Mustafá Contursi tem grande chance de ser alijado da principal entidade de clubes do país.
Nas duas propostas que serão submetidas aos times, o ex-presidente do Palmeiras está proibido de exercer qualquer cargo no C13. Mustafá ocupa a vice-presidência do órgão desde 1999, quando ainda comandava o clube do Parque Antarctica.
Na proposta encabeçada por São Paulo e Flamengo, o artigo 31 diz: "São requisitos cumulativos para exercer cargo na diretoria: não ser detentor de mandato ou cargo diretivo em entidade de administração ou em sindicatos e associações".
No projeto da atual diretoria do C13, há cláusula parecida sobre impedimento para exercer cargos diretivos na entidade. "Não ser detentor de mandato ou cargo diretivo em entidade de administração ou em sindicatos e associações de classe", dita o artigo 26, no item d.
Como é presidente do Sindicato do Futebol, espécie de entidade patronal, Mustafá não poderia mais, estatutariamente, estar no Clube dos 13.
Como um dos cartolas mais fortes do C13, Mustafá acumulou inimigos ao longo de sua gestão. Teve problemas com o Flamengo, o São Paulo e o seu Palmeiras, após ter deixado a presidência do clube em 2005.
Sob a administração de Affonso della Monica, os palmeirenses vêem em Mustafá um adversário dentro do C13. Por esse motivo, foram apoiadores da cláusula anti-Mustafá.
"Se eu disputasse a eleição pela vice-presidência do C13, eu iria ganhar e deixaria São Paulo, Flamengo e a ala do Palmeiras que é ligada a eles frustrados. Eles estão usando de casuísmo para atingir apenas a mim", disse Mustafá.
Ele afirmou desconhecer o teor das propostas de alteração estatutária. Por não poder votar, já que não representa nenhum clube, ele se ausentará da reunião. Viajou para a Rússia, onde participará de uma feira de futebol como representante do Sindicato do Futebol.
O são-paulino Marcelo Portugal Gouvêa, um dos mentores da proposta do clube do Morumbi e do Flamengo para o novo estatuto, defende seu ponto de vista contra o acúmulo de funções em entidades distintas. "Não só é incompatível [exercer função no C13 e no Sindicato do Futebol] como deve haver rotatividade no cargo, ainda que quem o exerça seja competente. Não foi feito nada com a intenção de prejudicar", afirma Gouvêa.
"Isso é uma sugestão, porque algumas pessoas entendem que há conflito na atuação dele no C13 e no sindicato", declara Fernando Carvalho, vice do C13 e ex-presidente do Internacional. Ele é aliado do presidente da entidade, Fábio Koff.
Os dois dizem não ter nada contra a continuidade de Mustafá, mas também não querem se indispor com outros clubes por causa do dirigente.
Na votação, os artigos de cada proposta serão confrontados. O que prevalecer poderá receber emendas e substitutivos. Os votos dos 13 clubes fundadores terão peso 3, enquanto os dos chamados efetivos, os sete que entraram depois, terão peso 2.


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