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Jogadores se complicam ao depor à PF
Policiais vêem indícios de irregularidade em recibos não pagos e em empréstimos do Corinthians relatados por atletas
Ao saírem da polícia, Roger Magrão, Nilmar e Silvio Luiz dizem não ter recebido seus salários no exterior e vão ter que exibir todas suas rendas
Almeida Rocha/Folha Imagem
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O volante Magrão, que agora defende o Inter-RS, deixa a sede da Polícia Federal em São Paulo |
RODRIGO MATTOS
TONI ASSIS
REPORTAGEM LOCAL
Os depoimentos de quatro
ex-jogadores corintianos apresentaram novos indícios de que
suas transferências e salários
fossem usados para lavagem de
dinheiro e sonegação fiscal na
parceria do Corinthians/MSI.
E complicaram a situação dos
atletas no novo inquérito para
apurar operações no clube. É a
avaliação da Polícia Federal.
Estiveram ontem na sede da
PF em São Paulo o goleiro Silvio Luiz (Vasco), o meia Roger
(Flamengo), o atacante Nilmar
e o volante Magrão (ambos do
Inter), onde ficaram por cerca
de três horas cada um.
Todos negaram receber salários no exterior. E afirmaram
não utilizar, no momento, contas bancárias fora do país.
Mas o que chamou a atenção
do delegado Protógenes Queiros, condutor do inquérito, é
que alguns jogadores informaram ter emitido recibos de quitação sem ter recebido parte
dos salários do Corinthians.
Nos depoimentos, afirmaram
até ter pago impostos sobre esses valores não desembolsados.
Isso pode caracterizar lavagem de dinheiro e sonegação, já
que o dinheiro não circulou, de
fato. Pendências podem explicar esses recibos. "O Corinthians me deve dinheiro", disse
Nilmar, ao sair da PF. Só que o
clube não reconhece o débito.
Além disso, a polícia suspeita
das transferências dos atletas.
É que, com todos eles, houve
operação de empréstimos. Para
policiais, isso pode mostrar que
houve simulações para legitimar um dinheiro cuja origem é
desconhecida.
O fato de alguns atletas, como Nilmar e Magrão, já terem
tido contas no exterior também
chamou a atenção de agentes
da PF. Para apurar os fatos, foi
requisitado aos jogadores que
entreguem todas as suas declarações de renda dos últimos
cinco anos e extratos bancários
dos últimos dois.
Magrão informou ter conta
no exterior porque jogou no Japão, mas disse que recebia do
Corinthians no Brasil.
"Sempre tenho muito cuidado [com contratos]. Falo de cabeça erguida. Sabia que ia dar
merda. Tinha que ficar preocupado pelo tumulto [da parceria]. Por isso, preferi fazer contrato com o Corinthians", disse
Magrão, explicando porque
não tinha acordo com a MSI.
Já Nilmar ofereceu-se para
abrir seu sigilo fiscal à PF para
mostrar que recebia regularmente seus salários no Corinthians. "Só tive conta no exterior quando joguei no Lyon."
Seu advogado prometeu entregar os documentos em menos
de 30 dias.
Ao sair apressadamente, Silvio Luiz negou ter conta no exterior. Mesma posição adotou
Roger, último a sair da PF.
"Conversou normalmente.
Se a polícia acha que tem que
investigar, pode investigar",
afirmou o meia rubro-negro.
Vestidos com roupas típicas
de boleiros -camisas Armani e
calças desbotadas-, os jogadores mostraram constrangimento com a situação.
Hoje estão previstos depoimentos de Gustavo Nery (Corinthians) e do ex-vice de futebol do clube Rubens Gomes, o
Rubão. Ele também serão ouvidos sobre supostos pagamentos no exterior.
Outros que a polícia pretende ouvir são o técnico Leão
(Atlético-MG), o atacante Tevez, o volante Mascherano e os
meias Carlos Alberto e Ricardinho. Só que, para isso, depende
do retorno deles do exterior.
A situação dos dois últimos é
mais complicada. Nos grampos
da PF, há conversas em que são
falados de depósitos em contas
no exterior para ambos.
Ainda sem data, também será
marcado um depoimento do
presidente do Corinthians, Andrés Sanches. Ele também é investigado e irá depor porque
era vice-presidente de futebol
durante a parceria com a MSI.
No inquérito anterior, o executivo da MSI Kia Joorabchian
e os ex-dirigentes Alberto Dualib e Nesi Curi foram denunciados por lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha.
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