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Interlagos rejeita fórmula do Pan
Diferente do modelo que transfigurou Jacarepaguá, São Paulo quer multiuso sem prejuízo à razão de ser do autódromo
Prefeitura entrega circuito com pista e arquibancadas novas, promete mais obras após GP Brasil de F-1 e já encara o primeiro reparo
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após investimentos de R$ 30
milhões para a edição de 2007,
o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) entregou oficialmente
ontem o reformado circuito de
Interlagos aos organizadores
do GP Brasil. E anunciou planos de mais obras no local.
Para o próximo ano, ele quer
melhorar e ampliar o paddock e
criar uma área de shows no
centro da pista, "desde que não
prejudique em nada o circuito".
Caio Luiz Carvalho, presidente da SPTuris (Empresa de
Turismo e Eventos da Cidade
de São Paulo), contou que o
projeto paulistano "é diferente" da intervenção feita em Jacarepaguá -o autódromo carioca recebeu uma arena multiuso, um parque aquático e um
velódromo para o Pan-2007,
instalações que aniquilaram o
traçado para o automobilismo.
"A idéia é ter um palco, que
pode ser fixo, com sanitários
em volta na área do estacionamento de Interlagos", explicou
Carvalho, destacando que, inicialmente, não há planos para
erguer uma edificação.
Segundo o prefeito, o novo
plano de obras começará a ser
pensado após o fim da prova
deste domingo, que definirá o
campeão da temporada. "Será a
segunda etapa do plano diretor
para Interlagos", anunciou
Kassab, após enumerar as
obras ontem entregues -frutos
da primeira etapa, segundo ele.
As principais novidades são
os novos asfalto e sistema de
captação de águas pluviais e a
reforma da entrada dos boxes,
que prometem deixar a pista
"mais rápida" (pela redução das
ondulações) e segura.
De tão moderna, a nova superfície já demanda investimento específico, de limpeza.
Responsável pela sinalização
no asfalto, a CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego) derramou tinta amarela no S do
Senna, um dos pontos críticos
da pista, em que há maior necessidade de aderência.
Segundo os organizadores, a
solução tradicional -cobrir a
área manchada com tinta preta- não é aplicável, pois impermeabilizaria o piso, deixando-o
ainda mais escorregadio.
A alternativa, então, é limpar
o local com água e detergente e,
a seguir, passar em cima uma
máquina que fará a função de
um grande esfregão metálico.
Hoje pela manhã, o S do Senna receberá o tratamento da
engenhoca que expele granalha
de ferro sob alta pressão no trecho manchado, para remover a
tinta. Um imã atrai o metal, de
forma a manter intacta a porosidade do asfalto.
Ontem, a reportagem da Folha foi orientada por seguranças a não fotografar o trecho.
Eles alegaram ter recebido
ordens para não permitir fotos
do setor manchado da pista.
Indagada a respeito de tais
ordens, a organização do GP
Brasil disse acreditar ter sido
"uma orientação tortuosa".
Castilho de Andrade, diretor
de imprensa do evento, enfatizou que a única restrição é ao
acesso de jornalistas à pista,
não havendo proibições de fotografias tiradas à distância.
Além do problema do asfalto,
outra reclamação tradicional
que atingia o GP Brasil, a falta
de sanitários, foi atacada. A
prefeitura equipou a área dos
pits com novos banheiros. E
construiu novas unidades também para atender ao público.
Com a troca de arquibancadas provisórias por definitivas,
o município espera livrar-se de
outra crítica -gastar demais às
vésperas do GP. Segundo o prefeito, com as novas tribunas, o
município irá a investir menos
na prova anualmente .
Apesar das novidades, Kassab foi receoso ao tratar da avaliação que os estrangeiros farão
de Interlagos. Recentemente,
Bernie Ecclestone, principal
dirigente da F-1, disse que o GP
Brasil é o pior do calendário.
Indagado se as obras farão o
cartola mudar o julgamento, o
prefeito da capital paulista respondeu, sério: "Vamos aguardar, mas acho que sim".
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