São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

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Interlagos rejeita fórmula do Pan

Diferente do modelo que transfigurou Jacarepaguá, São Paulo quer multiuso sem prejuízo à razão de ser do autódromo

Prefeitura entrega circuito com pista e arquibancadas novas, promete mais obras após GP Brasil de F-1 e já encara o primeiro reparo

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após investimentos de R$ 30 milhões para a edição de 2007, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) entregou oficialmente ontem o reformado circuito de Interlagos aos organizadores do GP Brasil. E anunciou planos de mais obras no local.
Para o próximo ano, ele quer melhorar e ampliar o paddock e criar uma área de shows no centro da pista, "desde que não prejudique em nada o circuito".
Caio Luiz Carvalho, presidente da SPTuris (Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo), contou que o projeto paulistano "é diferente" da intervenção feita em Jacarepaguá -o autódromo carioca recebeu uma arena multiuso, um parque aquático e um velódromo para o Pan-2007, instalações que aniquilaram o traçado para o automobilismo.
"A idéia é ter um palco, que pode ser fixo, com sanitários em volta na área do estacionamento de Interlagos", explicou Carvalho, destacando que, inicialmente, não há planos para erguer uma edificação.
Segundo o prefeito, o novo plano de obras começará a ser pensado após o fim da prova deste domingo, que definirá o campeão da temporada. "Será a segunda etapa do plano diretor para Interlagos", anunciou Kassab, após enumerar as obras ontem entregues -frutos da primeira etapa, segundo ele.
As principais novidades são os novos asfalto e sistema de captação de águas pluviais e a reforma da entrada dos boxes, que prometem deixar a pista "mais rápida" (pela redução das ondulações) e segura.
De tão moderna, a nova superfície já demanda investimento específico, de limpeza.
Responsável pela sinalização no asfalto, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) derramou tinta amarela no S do Senna, um dos pontos críticos da pista, em que há maior necessidade de aderência.
Segundo os organizadores, a solução tradicional -cobrir a área manchada com tinta preta- não é aplicável, pois impermeabilizaria o piso, deixando-o ainda mais escorregadio.
A alternativa, então, é limpar o local com água e detergente e, a seguir, passar em cima uma máquina que fará a função de um grande esfregão metálico.
Hoje pela manhã, o S do Senna receberá o tratamento da engenhoca que expele granalha de ferro sob alta pressão no trecho manchado, para remover a tinta. Um imã atrai o metal, de forma a manter intacta a porosidade do asfalto.
Ontem, a reportagem da Folha foi orientada por seguranças a não fotografar o trecho.
Eles alegaram ter recebido ordens para não permitir fotos do setor manchado da pista.
Indagada a respeito de tais ordens, a organização do GP Brasil disse acreditar ter sido "uma orientação tortuosa".
Castilho de Andrade, diretor de imprensa do evento, enfatizou que a única restrição é ao acesso de jornalistas à pista, não havendo proibições de fotografias tiradas à distância.
Além do problema do asfalto, outra reclamação tradicional que atingia o GP Brasil, a falta de sanitários, foi atacada. A prefeitura equipou a área dos pits com novos banheiros. E construiu novas unidades também para atender ao público.
Com a troca de arquibancadas provisórias por definitivas, o município espera livrar-se de outra crítica -gastar demais às vésperas do GP. Segundo o prefeito, com as novas tribunas, o município irá a investir menos na prova anualmente .
Apesar das novidades, Kassab foi receoso ao tratar da avaliação que os estrangeiros farão de Interlagos. Recentemente, Bernie Ecclestone, principal dirigente da F-1, disse que o GP Brasil é o pior do calendário.
Indagado se as obras farão o cartola mudar o julgamento, o prefeito da capital paulista respondeu, sério: "Vamos aguardar, mas acho que sim".


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