São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Brasil repete vexame, e torcida, o "adeus Dunga"

Em eliminatórias passadas, time jamais ficou tanto tempo sem ganhar em casa

Brasil 0
Colômbia 0

Rafael Andrade/Folha Imagem
Kaká, que ontem não brilhou no Maracanã

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Nunca o torcedor brasileiro viu uma seleção com tantos tropeços em casa numa eliminatória como a de Dunga, que ontem, no Maracanã, ouviu mais uma vez a torcida pedir a sua cabeça, no empate, sem gols, contra a Colômbia.
Foi a terceira igualdade seguida do time como mandante no classificatório para o Mundial de 2010, na África do Sul.
Em todas as três partidas, a equipe não balançou as redes.
Em nenhuma eliminatória passada, o Brasil ficou três jogos seguidos sem vencer em casa. Nunca antes o time acumulou mais do que um confronto em seus domínios sem marcar.
Nas duas edições passadas, com o mesmo sistema de todos contra todos em dois turnos, a seleção jogou 18 vezes em seu território. E nelas havia acumulado só quatro empates.
O time ainda segue sua sina de não vencer dois jogos seguidos em eliminatórias -a última "dobradinha" foi em 2004.
A favor de Dunga, o fato de o Brasil prosseguir como o vice-líder do qualificatório, ter mais pontos do que a Argentina e ostentar a defesa mais sólida.
Contra ele, a torcida e mais uma atuação de segunda categoria, que por pouco não acabou com uma tragédia ainda maior -o Brasil nunca perdeu um jogo classificatório para a Copa atuando em casa.
A Colômbia, que agora acumula cinco jogos sem marcar um mísero gol nas eliminatórias, anulou Kaká, Robinho e companhia e ainda teve boas chances de bater Júlio César, agora há cinco partidas pela competição sem ser vazado.
Já no anúncio das escalações, Dunga foi chamado de burro.
E foram necessários apenas 16 minutos para a torcida perder a paciência. Contra o frágil time colombiano, o Brasil nada criava e ainda via a Colômbia chegar seguidas vezes à meta defendida por Júlio César.
Aos 16min, a torcida começou a protestar com ironia ao pedir Obina. Logo em seguida, os torcedores vaiaram o time. Eles queriam apoiar os atletas, mas não conseguiam. Nas poucas vezes em que o Brasil chegou ao gol adversário, os torcedores gritavam palavras de incentivo. A festa durava segundos. Logo depois, as críticas voltavam. O lateral-esquerdo Kléber e o meia Elano eram os mais censurados no estádio.
O Maracanã não esperou o final do primeiro tempo para pedir a saída do treinador. Aos 41min, os torcedores gritaram em coro: ""Adeus Dunga".
"Está faltando aproximação do meio-de-campo", reclamou o atacante Robinho, na saída para o intervalo. Mas pouco mudou no segundo tempo. Confuso, o Brasil ainda tinha suas estrelas apagadas. Quando deixou o campo, contundido, Robinho foi vaiado e xingado.
Dunga ainda tentou montar uma formação mais ofensiva, com Mancini, Jô e Alexandre Pato mais à frente.
Mas nada funcionou, e o coro pedindo sua saída, tônica nos jogos da seleção há meses, foi, ao lado de uma entusiasmada comemoração dos colombianos, o ato final de mais um capítulo tenebroso da história da seleção pentacampeã mundial.
As eliminatórias sul-americanas só voltam agora no final de março, quando o Brasil, que tentará reduzir a boa distância do líder Paraguai, enfrenta o Equador, em Quito, e o Peru, em jogo que deve acontecer em Porto Alegre. Antes, em novembro, o time faz um amistoso contra Portugal, em Brasília.


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