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Brasil repete vexame, e torcida, o "adeus Dunga"
Em eliminatórias passadas, time jamais ficou tanto tempo sem ganhar em casa
Brasil 0
Colômbia 0
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Kaká, que ontem não brilhou no Maracanã
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Nunca o torcedor brasileiro
viu uma seleção com tantos
tropeços em casa numa eliminatória como a de Dunga, que
ontem, no Maracanã, ouviu
mais uma vez a torcida pedir a
sua cabeça, no empate, sem
gols, contra a Colômbia.
Foi a terceira igualdade seguida do time como mandante
no classificatório para o Mundial de 2010, na África do Sul.
Em todas as três partidas, a
equipe não balançou as redes.
Em nenhuma eliminatória
passada, o Brasil ficou três jogos seguidos sem vencer em casa. Nunca antes o time acumulou mais do que um confronto
em seus domínios sem marcar.
Nas duas edições passadas,
com o mesmo sistema de todos
contra todos em dois turnos, a
seleção jogou 18 vezes em seu
território. E nelas havia acumulado só quatro empates.
O time ainda segue sua sina
de não vencer dois jogos seguidos em eliminatórias -a última
"dobradinha" foi em 2004.
A favor de Dunga, o fato de o
Brasil prosseguir como o vice-líder do qualificatório, ter mais
pontos do que a Argentina e ostentar a defesa mais sólida.
Contra ele, a torcida e mais
uma atuação de segunda categoria, que por pouco não acabou com uma tragédia ainda
maior -o Brasil nunca perdeu
um jogo classificatório para a
Copa atuando em casa.
A Colômbia, que agora acumula cinco jogos sem marcar
um mísero gol nas eliminatórias, anulou Kaká, Robinho e
companhia e ainda teve boas
chances de bater Júlio César,
agora há cinco partidas pela
competição sem ser vazado.
Já no anúncio das escalações,
Dunga foi chamado de burro.
E foram necessários apenas
16 minutos para a torcida perder a paciência. Contra o frágil
time colombiano, o Brasil nada
criava e ainda via a Colômbia
chegar seguidas vezes à meta
defendida por Júlio César.
Aos 16min, a torcida começou a protestar com ironia ao
pedir Obina. Logo em seguida,
os torcedores vaiaram o time.
Eles queriam apoiar os atletas,
mas não conseguiam. Nas poucas vezes em que o Brasil chegou ao gol adversário, os torcedores gritavam palavras de incentivo. A festa durava segundos. Logo depois, as críticas
voltavam. O lateral-esquerdo
Kléber e o meia Elano eram os
mais censurados no estádio.
O Maracanã não esperou o final do primeiro tempo para pedir a saída do treinador. Aos
41min, os torcedores gritaram
em coro: ""Adeus Dunga".
"Está faltando aproximação
do meio-de-campo", reclamou
o atacante Robinho, na saída
para o intervalo. Mas pouco
mudou no segundo tempo.
Confuso, o Brasil ainda tinha
suas estrelas apagadas. Quando
deixou o campo, contundido,
Robinho foi vaiado e xingado.
Dunga ainda tentou montar
uma formação mais ofensiva,
com Mancini, Jô e Alexandre
Pato mais à frente.
Mas nada funcionou, e o coro
pedindo sua saída, tônica nos
jogos da seleção há meses, foi,
ao lado de uma entusiasmada
comemoração dos colombianos, o ato final de mais um capítulo tenebroso da história da
seleção pentacampeã mundial.
As eliminatórias sul-americanas só voltam agora no final
de março, quando o Brasil, que
tentará reduzir a boa distância
do líder Paraguai, enfrenta o
Equador, em Quito, e o Peru,
em jogo que deve acontecer em
Porto Alegre. Antes, em novembro, o time faz um amistoso contra Portugal, em Brasília.
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