|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sindicato cita Londres e alerta Rio
Setor de arquitetura e engenharia questiona legado, planejamento e prazos da Olimpíada de 2016
Após visitar a Inglaterra, presidente da entidade diz que obras de 2012 vão bem e que, se há problemas, são de ordem organizacional
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O legado da Olimpíada de
Londres-2012 superará, de longe, o do Pan-2007, seu cronograma de obras está adiantado
em cerca de um ano e o planejamento feito pelos britânicos
deveria ser estudado pelos responsáveis pela Copa do Mundo
de 2014 e pelos Jogos de 2016.
Esse é o diagnóstico de José
Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato da Arquitetura e
Engenharia, que acaba de retornar ao Brasil após visita às
instalações dos Jogos de 2012.
Defensor ferrenho do planejamento, o que em sua opinião
faltou ao Pan-07, Bernasconi
dispara também em direção à
Copa-14. Aponta que, após garantir a Olimpíada, em julho de
2005, Londres usou dois anos
para desenhar seu projeto e iniciou obras em julho de 2007.
""Cadê os projetos para a Copa de 2014? Quando começarão
as obras? É desanimador", diz
Bernasconi, ao lembrar que, no
final do mês, irão se completar
dois anos do anúncio de que o
Brasil abrigará o Mundial.
""Quanto menos tempo para as
obras, mais caras saem."
As instalações para Londres-
-12 se concentram ao leste da
cidade. Trata-se de área onde
água e solo foram contaminados por quatro séculos de uso
sem cuidado pela indústria têxtil e refinarias e é ocupada hoje
por imigrantes de baixa renda.
Formaram-se comitês com
participação da comunidade e,
ao se descobrir que não haveria
demanda por parte das instalações após os Jogos, sedes permanentes foram convertidas
em provisórias. Houve investimento em infraestrutura que
beneficia a vizinhança, e o planejamento irá além de 2012.
""Isso foi feito no Pan? É só
ver o caso do estádio do Engenhão. A seleção enfrentou a Bolívia lá, e não encheu. Não
adianta nada erguer estádio e
não pensar em transporte, saneamento, estacionamento, segurança etc.", confronta ele.
Segundo Bernasconi, com a
Copa e a Olimpíada em um intervalo de dois anos, seria bom
que se aproveitasse a sinergia
entre os eventos. Mas não se sabe nem se o centro de imprensa
dos eventos será o mesmo.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., admite que houve erros no planejamento do
Pan-07, cuja realização no Rio
foi assegurada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas crê que essa deficiência não voltará a se repetir.
""Principalmente porque agora as três esferas de governo estão trabalhando juntas desde o
começo, o que não aconteceu
com o Pan", argumenta ele.
Segundo Bernasconi, Londres-12 incorporou em seu planejamento o rodízio de arenas
para prevenir a construção desnecessária de equipamentos.
O ginásio de handebol tem
capacidade para 7.000 pessoas
e sua final será no de basquete,
que abriga entre 11 mil e 12 mil.
Já a decisão do basquete será
em uma arena ainda maior.
""Como as obras estão avançadas e a ideia é que estejam
concluídas um ano antes dos
Jogos, empreiteiros e fornecedores já miram o Brasil. Muita
gente mostrou interesse em
oferecer seus serviços e know-
-how à Copa e à Olimpíada."
Na semana passada, a organização de Londres-12 sofreu críticas porque não havia definido
onde provas de badminton e ginástica rítmica serão abrigadas.
Texto Anterior: Interlagos vira o autódromo dos campeões Próximo Texto: Frase Índice
|