São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Sindicato cita Londres e alerta Rio

Setor de arquitetura e engenharia questiona legado, planejamento e prazos da Olimpíada de 2016

Após visitar a Inglaterra, presidente da entidade diz que obras de 2012 vão bem e que, se há problemas, são de ordem organizacional

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O legado da Olimpíada de Londres-2012 superará, de longe, o do Pan-2007, seu cronograma de obras está adiantado em cerca de um ano e o planejamento feito pelos britânicos deveria ser estudado pelos responsáveis pela Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos de 2016.
Esse é o diagnóstico de José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato da Arquitetura e Engenharia, que acaba de retornar ao Brasil após visita às instalações dos Jogos de 2012.
Defensor ferrenho do planejamento, o que em sua opinião faltou ao Pan-07, Bernasconi dispara também em direção à Copa-14. Aponta que, após garantir a Olimpíada, em julho de 2005, Londres usou dois anos para desenhar seu projeto e iniciou obras em julho de 2007.
""Cadê os projetos para a Copa de 2014? Quando começarão as obras? É desanimador", diz Bernasconi, ao lembrar que, no final do mês, irão se completar dois anos do anúncio de que o Brasil abrigará o Mundial. ""Quanto menos tempo para as obras, mais caras saem."
As instalações para Londres- -12 se concentram ao leste da cidade. Trata-se de área onde água e solo foram contaminados por quatro séculos de uso sem cuidado pela indústria têxtil e refinarias e é ocupada hoje por imigrantes de baixa renda.
Formaram-se comitês com participação da comunidade e, ao se descobrir que não haveria demanda por parte das instalações após os Jogos, sedes permanentes foram convertidas em provisórias. Houve investimento em infraestrutura que beneficia a vizinhança, e o planejamento irá além de 2012.
""Isso foi feito no Pan? É só ver o caso do estádio do Engenhão. A seleção enfrentou a Bolívia lá, e não encheu. Não adianta nada erguer estádio e não pensar em transporte, saneamento, estacionamento, segurança etc.", confronta ele.
Segundo Bernasconi, com a Copa e a Olimpíada em um intervalo de dois anos, seria bom que se aproveitasse a sinergia entre os eventos. Mas não se sabe nem se o centro de imprensa dos eventos será o mesmo.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., admite que houve erros no planejamento do Pan-07, cuja realização no Rio foi assegurada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas crê que essa deficiência não voltará a se repetir.
""Principalmente porque agora as três esferas de governo estão trabalhando juntas desde o começo, o que não aconteceu com o Pan", argumenta ele.
Segundo Bernasconi, Londres-12 incorporou em seu planejamento o rodízio de arenas para prevenir a construção desnecessária de equipamentos.
O ginásio de handebol tem capacidade para 7.000 pessoas e sua final será no de basquete, que abriga entre 11 mil e 12 mil. Já a decisão do basquete será em uma arena ainda maior.
""Como as obras estão avançadas e a ideia é que estejam concluídas um ano antes dos Jogos, empreiteiros e fornecedores já miram o Brasil. Muita gente mostrou interesse em oferecer seus serviços e know- -how à Copa e à Olimpíada."
Na semana passada, a organização de Londres-12 sofreu críticas porque não havia definido onde provas de badminton e ginástica rítmica serão abrigadas.


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