São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997.



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OLIMPÍADA
Comitê fará experiência nos Jogos de inverno
EUA tiram marcas de uniforme em 98

da Reportagem Local

O Comitê Olímpico dos Estados Unidos decidiu, no último mês, vender apenas a sua marca na próxima edição dos Jogos de inverno, que acontecem no começo de 1998, em Nagano, no Japão.
Os uniformes dos atletas norte-americanos não estarão portando as logomarcas das poderosas empresas de material esportivo.
No lado direito do peito de cada esportista estará estampada a logomarca do próprio comitê (composta pela sigla USOC, iniciais do nome da instituição em inglês).
A experiência, segundo os dirigentes norte-americanos, tem um único objetivo: tentar comprovar que é mais interessante para uma companhia patrocinar o comitê, ou seja, todos seus membros, do que uma meia dúzia de atletas de ponta, como acontece agora.
Durante a competição no Japão, a USOC estará avaliando a exposição de sua marca na mídia por intermédio de consultorias para, mais tarde, com os dados obtidos, tentar comprovar a tese -e cobrar um valor justo por isso.
O projeto, se bem-sucedido, será uma verdadeira revolução na relação de patrocínio corporativo, que, no caso do comitê norte-americano, já existe há 70 anos.
Na verdade, os dirigentes da USOC já conseguiram "vender" muito bem sua imagem.
Em julho passado, o órgão assinou o maior contrato de todos os tempos do esporte, algo em torno de US$ 1 bilhão, com a fabricante de automóveis General Motors.
Em todas as edições dos Jogos -de verão (no Brasil, o que se entende por Olimpíada) e de inverno- de agora até 2008, a empresa será a única do ramo automobilístico a poder vincular sua imagem ao tema nos EUA, incluindo os espaços comerciais inseridos durante as transmissões de TV.
Um volume de dinheiro suficiente para permitir ao comitê se aventurar em experiências como a que será levada em Nagano.
Os primeiros resultados da inovação podem surgir já nos próximos Jogos de inverno, marcados para acontecer em solo norte-americano -Salt Lake City-2002.
Camuflagem
As grandes companhias de material esportivo não parecem preocupadas com a experiência do Comitê Olímpico dos EUA.
Segundo especialistas em marketing esportivo, empresas como Nike e Reebok estão, até mesmo, em busca de alternativas para evitar os constrangedores efeitos do choque de patrocinadores em competições olímpicas.
Nos Jogos de Barcelona, em 1992, alguns membros do "Dream Team", o time de basquete dos EUA formado por jogadores da NBA, não pensaram duas vezes para camuflar a logomarca da Reebok do uniforme oficial para respeitar seus contratos com a Nike.
E, para completar, as empresas apostam que, neste momento, o público norte-americano está saturado de Jogos Olímpicos.
Além do fato de no ano passado o evento ter ocorrido em Atlanta (historicamente, segundos os analistas, Jogos dentro dos EUA atraem mais do que os realizados fora do país), a versão de inverno nunca atrai tanta audiência quanto a de verão.
Seja como for, a experiência do Comitê Olímpico norte-americano deverá ser acompanhada com interesse pelo mercado.
Alguns casos específicos, mas bem-sucedidos, comprovam que o esporte pode trilhar caminhos alternativos pelo marketing.
Na NBA, por exemplo, não há patrocínio nas camisas -os times trabalham com suas próprias imagens. No futebol, o Barcelona faz o mesmo. E é considerado uma das organizações esportivas mais bem administrada do planeta.



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