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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Cartolas sobem preço mínimo de R$ 10 para R$ 15 e estipulam punição às equipes que venderem com desconto

Clubes seguem TV e coíbem promoção de ingressos em 04

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia depois do encerramento do primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos, os dirigentes de clubes decidiram ontem aumentar em 50% o preço mínimo do ingresso para o Nacional-04. Assim, o bilhete mais barato da competição irá custar R$ 15. Até domingo, ele saía por R$ 10.
A estimativa do Banco Central é a de que a inflação acumulada em 2003, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), será de 9,69%.
Na votação de ontem, realizada na sede da CBF, os times seguiram a tese de elitizar o futebol, defendida por Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, braço esportivo da TV homônima, que detém os direitos de transmissão da competição.
"O pobre não tem dinheiro para ônibus, roupa, comida. Ele vive na miséria. Temos que trabalhar quem pode ir ao estádio", disse Mário Celso Petraglia, que representou o Atlético-PR.
O São Paulo, que também votou pelo aumento, justificou a posição dizendo que os clubes perdem dinheiro vendendo ingressos para "falsos estudantes". "O ingresso do Paulista, por exemplo, custará R$ 20. Há muita gente comprando ingressos com carteirinhas falsas", disse o diretor de futebol do clube, Juvenal Juvêncio.
Para combater as promoções, uma das marcas do Brasileiro deste ano, os dirigentes estipularam uma espécie de multa. O clube que optar por vender ingressos mais baratos do que o mínimo estipulado terá que pagar a diferença do borderô para um fundo de premiação do torneio.
As promoções foram um dos trunfos do Grêmio para se livrar do rebaixamento. Em vários jogos em casa, o time vendeu dois ingressos ao preço de apenas um -R$ 10. Na última rodada do torneio, clubes que lutavam por vaga na Libertadores ou contra o rebaixamento fizeram promoções.
Ontem, o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, criticou o aumento. "Não pode ser cobrado do torcedor um preço abusivo. Vamos acompanhar e estudar se isto [aumento] pode ser feito", disse.
"Temos que permitir o acesso de todas as camadas. O futebol é a modalidade esportiva que permite mais ascensão social. Muito do sucesso dele se deve aos pobres, que não podem ficar de fora."
Já o presidente interino da CBF, Nabi Abi Chedid, que tinha poderes para vetar o aumento proposto, disse estar " sempre de acordo com a posição dos clubes".
Alguns dirigentes que votaram pelo ingresso a R$ 10 não esconderam a satisfação pelo aumento.
"Aumentou! Já tenho uma desculpa para cobrar mais caro", disse o presidente do Vitória, Paulo Carneiro, sem constrangimento.
O presidente do Cruzeiro, Alvimar Perrella, também votou contra o reajuste, mas disse ser favorável à elitização do futebol. "O Mineirão sofrerá uma grande reforma em 2004 e não poderíamos cobrar muito. Mas, quando construirmos o nosso estádio, não haverá ingressos populares."
O presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi um dos poucos que defenderam o congelamento. "Todos sabem que o Brasil é uma "Belíndia" [mistura de Bélgica com Índia]. Eles querem fazer campeonato para a Bélgica. Como sei que o meu clube é da Índia, decidi deixar a reunião para não discutir este assunto", disse.
A reunião de ontem manteve o modelo de disputa por pontos corridos. É a primeira vez na história do Brasileiro, disputado desde 1971, que a fórmula não é alterada de uma edição para a outra.


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