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FUTEBOL
Passo à frente
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Em reunião realizada ontem
na CBF, operou-se um pequeno milagre, se bem que parcialmente anunciado: foi mantida
pela primeira vez na história do
Campeonato Brasileiro uma mesma fórmula de disputa de uma
edição para a outra.
O melhor é que a manutenção
do sistema de pontos corridos em
turno e returno foi aprovada por
unanimidade. De diferente, ficou
apenas o processo -que já deveria estar mais adiantado- de
aumentar o número de rebaixados para quatro, com vistas a reduzir os participantes dos 24
atuais para 22 em 2005 e 20 em
2006. Muitos acham que 18 seria
o ideal. De fato. A redução para
20, no entanto, já é um avanço.
Inimigos da fórmula dos pontos
corridos perderam inúmeros argumentos neste ano. Resta para
alguns tentar relacionar a queda
de público e problemas de qualidade técnica à fórmula da competição -o que é uma mágica bastante difícil de ser feita e engolida.
Essa, portanto, parece ser uma
etapa vencida. Foi dado apenas
um passo, mas um passo importante, pois cria um ambiente de
regras claras e estáveis. Com a
moralização do acesso e descenso,
graças às providenciais performances de Palmeiras e Botafogo,
já podemos dizer que estamos
num estágio diferente daquele em
que se sucediam fórmulas exóticas, casuísmos e viradas de mesa.
Ainda há, no entanto, coisas a
melhorar no calendário, como esse desperdício que é fazer a Copa
do Brasil simultaneamente à Libertadores, impedindo que os clubes que estão no torneio continental -em tese os melhores do
país- possam disputar uma copa nacional, essa sim uma espécie
de Brasileiro em mata-mata.
Mais grave do que isso, permanecem problemas estruturais, como a situação financeira dos clubes. A propósito, o jornal "Valor
Econômico" publicou material
interessante sobre o assunto na
edição de ontem. Além de quantificar o tamanho da encrenca e
mostrar a precariedade de balanços até aqui apresentados, o jornal dá voz ao consultor Antonio
Carlos Aidar, da GVConsult -ligada à Fundação Getúlio Vargas- para propor o chamado
Probol, ou seja, o Proer da bola.
Como se sabe, o Proer foi aquele
providencial auxílio governamental aos bancos no governo de
Fernando Henrique Cardoso.
Pelas contas de Aidar, o poder
público deveria adiantar cerca de
R$ 200 milhões para que os clubes
pudessem respirar e reorganizar
suas vidas -e dívidas. A proposta já teria sido encaminhada ao
ministro do Planejamento, Guido
Mantega. A questão, como já escrevi aqui, é criar um esquema de
contrapartidas rigoroso, que realmente conduza à sustentação da
atividade. Não dá para ser mais
um socorro a fundo perdido para
tudo voltar ao que está no futuro.
Para isso, regras de mercado terão de vigorar.
Não deixa de ser bem melhor
que estejamos discutindo esse tipo
de assunto do que perdendo tempo com questões primárias como
a fórmula de um campeonato nacional ou o respeito ao regulamento de acesso e descenso.
Tirando o chapéu
Devo tirar o chapéu para Alex,
eu que estreei neste espaço colocando em dúvida não suas
qualidades técnicas, mas a
constância de suas performances. Ainda que num campeonato com poucas estrelas para rivalizar, o craque do Cruzeiro
brilhou intensamente. Foi o
melhor do ano. Fechou a temporada com um gol belíssimo
contra o Flu e uma incrível chuva de gols contra o Bahia.
Ponto para a galerinha
A galerinha da seleção sub-20,
que despertou dúvidas no início do Mundial, conseguiu bater a Argentina e chegar à final.
O time veio melhorando, ganhou moral na goleada contra
o Japão e, agora, parece embalado para igualar o número de
conquistas de nossos hermanos. Show de "buela".
E-mail mag@folhasp.com.br
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