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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Passo à frente

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Em reunião realizada ontem na CBF, operou-se um pequeno milagre, se bem que parcialmente anunciado: foi mantida pela primeira vez na história do Campeonato Brasileiro uma mesma fórmula de disputa de uma edição para a outra.
O melhor é que a manutenção do sistema de pontos corridos em turno e returno foi aprovada por unanimidade. De diferente, ficou apenas o processo -que já deveria estar mais adiantado- de aumentar o número de rebaixados para quatro, com vistas a reduzir os participantes dos 24 atuais para 22 em 2005 e 20 em 2006. Muitos acham que 18 seria o ideal. De fato. A redução para 20, no entanto, já é um avanço.
Inimigos da fórmula dos pontos corridos perderam inúmeros argumentos neste ano. Resta para alguns tentar relacionar a queda de público e problemas de qualidade técnica à fórmula da competição -o que é uma mágica bastante difícil de ser feita e engolida.
Essa, portanto, parece ser uma etapa vencida. Foi dado apenas um passo, mas um passo importante, pois cria um ambiente de regras claras e estáveis. Com a moralização do acesso e descenso, graças às providenciais performances de Palmeiras e Botafogo, já podemos dizer que estamos num estágio diferente daquele em que se sucediam fórmulas exóticas, casuísmos e viradas de mesa.
Ainda há, no entanto, coisas a melhorar no calendário, como esse desperdício que é fazer a Copa do Brasil simultaneamente à Libertadores, impedindo que os clubes que estão no torneio continental -em tese os melhores do país- possam disputar uma copa nacional, essa sim uma espécie de Brasileiro em mata-mata.
Mais grave do que isso, permanecem problemas estruturais, como a situação financeira dos clubes. A propósito, o jornal "Valor Econômico" publicou material interessante sobre o assunto na edição de ontem. Além de quantificar o tamanho da encrenca e mostrar a precariedade de balanços até aqui apresentados, o jornal dá voz ao consultor Antonio Carlos Aidar, da GVConsult -ligada à Fundação Getúlio Vargas- para propor o chamado Probol, ou seja, o Proer da bola. Como se sabe, o Proer foi aquele providencial auxílio governamental aos bancos no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Pelas contas de Aidar, o poder público deveria adiantar cerca de R$ 200 milhões para que os clubes pudessem respirar e reorganizar suas vidas -e dívidas. A proposta já teria sido encaminhada ao ministro do Planejamento, Guido Mantega. A questão, como já escrevi aqui, é criar um esquema de contrapartidas rigoroso, que realmente conduza à sustentação da atividade. Não dá para ser mais um socorro a fundo perdido para tudo voltar ao que está no futuro. Para isso, regras de mercado terão de vigorar.
Não deixa de ser bem melhor que estejamos discutindo esse tipo de assunto do que perdendo tempo com questões primárias como a fórmula de um campeonato nacional ou o respeito ao regulamento de acesso e descenso.

Tirando o chapéu
Devo tirar o chapéu para Alex, eu que estreei neste espaço colocando em dúvida não suas qualidades técnicas, mas a constância de suas performances. Ainda que num campeonato com poucas estrelas para rivalizar, o craque do Cruzeiro brilhou intensamente. Foi o melhor do ano. Fechou a temporada com um gol belíssimo contra o Flu e uma incrível chuva de gols contra o Bahia.

Ponto para a galerinha
A galerinha da seleção sub-20, que despertou dúvidas no início do Mundial, conseguiu bater a Argentina e chegar à final. O time veio melhorando, ganhou moral na goleada contra o Japão e, agora, parece embalado para igualar o número de conquistas de nossos hermanos. Show de "buela".

E-mail mag@folhasp.com.br


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