|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOTOR
Tudo de novo
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Intervalo comercial, propaganda da próxima temporada
de F-1, aquela que só começa em 7
de março, antecipação forçada
pelos cotistas. Imagens de ultrapassagens e batidas espetaculares. No final, destaque para Barrichello, Da Matta e Massa.
Pouca diferença em relação ao
ano passado, os mesmos recursos
gráficos, a velha musiquinha.
Coisa parecida acontece com
aquele programa de um minuto,
no meio da madrugada, outro recurso para conceder minutagem
aos patrocinadores. Logo depois
de Barrichello assinar com a Ferrari, entrevista relâmpago com o
piloto, os mesmos trejeitos e respostas, a coisa de sempre.
Faz tempo que a F-1 no Brasil é
essa coisa de sempre. Entra ano,
sai ano, somos obrigados a engolir o mesmo prato. Muitos dirão
que falta um campeão ou um verdadeiro candidato ao título, talvez seja verdade. Só que, apesar
de não haver tal sujeito, é possível
imaginar outro cardápio. Não?
Não, dirão os responsáveis, é
preciso manter essa ilusão para
arregimentar os fãs. A F-1 já foi
um produto de massa e continua
sendo vendida como tal aos publicitários. E, se a massa não se
interessa pelas peripécias do alemão, que é o que realmente importa no atual momento da categoria, não serão eles obviamente
que colocarão isso em discussão.
O problema, no entanto, transcende as limitadas fronteiras da
cultura esportiva nacional, calcada desde sempre nos abnegados
que defendem as cores do país em
territórios além-mar. Fosse apenas isso, um pouco de neurônio e
um tratamento, digamos, menos
futebolístico e artificial do esporte
resolveriam boa parte da questão.
O mal da F-1 é global. Exceção
feita talvez apenas à Alemanha,
onde o herói resolve tudo, e à Inglaterra, que se percebe como o
centro do universo, o resto do planeta convive com uma categoria
que se acha muito e oferece, no final das contas, pouco ao público.
O charme da época romântica
foi substituído por uma vitrine
que beira o brega, repleta de personagens vazios. Pior, tudo isso,
no lugar de atrair, como acontece
em qualquer entretenimento popular, afasta. Com seus passes eletrônicos e seguranças de rádio no
ouvido, a F-1 despreza um público que, cada vez mais, não vê sentido em tanta frescura. Os pilotos
não parecem mais verdadeiros
adversários, as equipes, com seus
escritórios para negócios e adulação, não parecem mais garagens.
Essa percepção da F-1, evidente,
compromete a audiência e a popularidade da categoria. Somada
a realidade de araque que a TV
insiste em reproduzir por aqui,
transforma a coisa toda em um
exercício patético, absurdo.
A F-1 carece de mudanças. A F-1
no Brasil, de uma revolução.
Essa história de Senna na Ferrari soa um tanto estranha quando
pensamos em suas consequências.
Se o tricampeão não tivesse morrido em Imola, provavelmente teria sido tetracampeão em 1994.
E, tetracampeão, perderia a
chance de superar Prost e igualar
Fangio no ano seguinte? Schumacher fez isso, mas apenas porque
Senna não estava mais na pista.
Inimigo íntimo
A BMW emprestou para Montoya durante as férias três utilitários de
luxo X5 para que o colombiano se divertisse com seus amigos na Espanha, onde mora. O futuro piloto da McLaren, no entanto, chegou à
apresentação do novo carro da Williams, em Valencia, a bordo de
um modelo último tipo da concorrente Mercedes. Montoya, claro, é
um dos favoritos em 2004. Mas sua temporada será das mais difíceis.
Piano, piano
Em Madonna di Campiglio, onde a Ferrari promove seu rega-bofe
anual para a imprensa, Schumacher andou longe das noitadas e dos
copos de cerveja, diferentemente de anos anteriores, quando demonstrou enorme talento também como barman. Estaria preocupado com a própria imagem, depois do quebra-quebra de Suzuka.
E-mail mariante@uol.com.br
Texto Anterior: Blatter quer mulheres com shorts justos Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: Das nuvens ao subsolo Índice
|