São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Diretor esportivo da escuderia italiana afirma que saída do brasileiro da Williams já estava apalavrada

Senna correria na Ferrari em 95, diz Todt

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ayrton Senna correria na Ferrari em 95. A história foi contada pelo diretor esportivo da escuderia, Jean Todt, anteontem à noite, em Madonna di Campiglio, na Itália.
Em uma entrevista para a TV italiana, ele afirmou que se reuniu com o tricampeão da F-1 em setembro de 93, na semana do GP da Itália. Nada foi assinado, mas, de acordo com o dirigente, a transferência do piloto para Maranello em 95 ficou apalavrada.
Questionado sobre os dez anos da morte de Senna, no próximo 1º de maio, Todt mostrou emoção.
"É uma lembrança muito triste, a perda de um campeão...", disse o francês, ex-comandante do time de rali da Peugeot e que assumiu o posto na Ferrari em julho de 93.
Então, falou sobre o acerto com Senna: "Tivemos uma longa reunião com ele antes do GP da Itália, quando falamos de um futuro na Ferrari em 95. Mas, infelizmente, isso não pôde ser concretizado".
O francês continuou: "Me impressionou o fato de um personagem como ele demonstrar interesse pela Ferrari, porque em 93 estávamos verdadeiramente mal. Mas a Ferrari é um mito, e só depois fui entender que era compreensível alguém como Senna querer fazer parte dessa equipe".
Embora não possa ser confirmada, a história faz algum sentido. A temporada de 93, afinal, foi um pesadelo para o tricampeão.
Correndo em uma McLaren decadente, equipada com o fraquíssimo motor Ford e tendo o americano Michael Andretti como companheiro por 13 GPs, Senna teve que assistir, impotente, ao quarto título de seu arqui-rival, Alain Prost, então na Williams.
Diante de tanta dureza, o brasileiro começou a procurar opções em outros times. Conversou com Williams e Ferrari -segundo Todt- e assinou contrato com a primeira para correr em 94.
Para a Ferrari, também era interessante contar com um piloto como Senna. A escuderia estava no fundo do poço naquele início de anos 90, sem vencer um título desde 79 e amargando posições intermediárias nos anos anteriores com pilotos como Jean Alesi, Ivan Capelli e Michele Alboreto.
O primeiro passo para a ressurreição ferrarista foi a contratação de Todt. O segundo seria acertar com um grande piloto. O sonho de ter Senna acabou no muro da Tamburello, em Imola. Coube então a Michael Schumacher, contratado para 96, a missão de reerguer a escuderia. E de fazer história como o maior campeão da F-1.

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