São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Rio e Sampa

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

O Paulista deu uma esquentada com o clássico, mas ainda não chegou à temperatura do Estadual do Rio, que vem incendiando as galeras e enchendo o Maracanã. Flamengo e Vasco levaram 65 mil pessoas ao estádio no domingo. Como explicar o sucesso?
A resposta maledicente é que o Estadual é hoje a única chance que uma torcida carioca tem para gritar "é campeão". Com a força nacional em baixa, melhor apostar na velha -e boa- tradição paroquial. De certa forma, é isso mesmo que acontece. Os clubes, dentro do possível, se reforçaram e deram um banho de loja no "Caixão", que era, sem nenhum favor, o pior campeonato de futebol do sistema solar.
Mais do que isso, porém, o que parece estar acontecendo no Rio é o início de uma reação. Há uma tomada de consciência de que ou se parte para um modelo mais profissional de gestão ou o futebol carioca desaparece do mapa.
O Botafogo deu a grande lição ao lembrar algo que parecia esquecida pela cartolagem: o trabalho também compensa. A eleição de Bebeto de Freitas e a rápida volta à Série A levantaram a auto-estima do Rio.
Nada, porém, sacode tanto a cidade como a torcida do Flamengo. A eleição de Márcio Braga e a chegada de Júnior -dupla que tem pele e cara de Gávea- animaram os rubro-negros. Para melhorar só faltava o time jogar. E isso está acontecendo -ao menos para consumo regional.
Felipe, talvez inspirado em Alex, resolveu acordar e mostrar que conhece o riscado. Parece que está até encomendando máscara nova. Abel, o treinador, não é nenhum Elba de Pádua Lima, o popular Tim, mas pelo menos está sempre suado depois do jogo. E caiu nas graças da massa ao barrar a dupla (sem comentários) Júnior e Fábio Baiano.
Com isso, o Flamengo decide com o Fluminense a Taça Guanabara, que é o primeiro turno do campeonato. Vai ser mais um Fla-Flu de arrastar multidões.
A fórmula carioca é melhor do que a paulista. A começar pelo número de participantes -12 contra 21. Por mais que São Paulo seja um grande e próspero Estado, não dá para reunir 21 clubes num campeonato competitivo. Se o Brasileiro dos sonhos teria 18 clubes, como é possível o Paulista ter 21? Para não falar no ridículo desse número ímpar.
Embora Santos e São Paulo -especialmente o primeiro- estejam em patamar acima dos grandes do Rio, o fato é que o panorama geral, na hora de montar um torneio estadual, não é assim tão diferente.
Claro que São Paulo é maior e tem mais clubes. Mas são quatro realmente importantes cá (Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras) e quatro lá (Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo). O Rio pode não ter um São Caetano ou um Guarani e uma Ponte, mas isso não justifica os 21.
Sendo generoso, diria que um Estadual do Rio com oito times (e não 12) estaria mais do que bom. E um Paulista com 10 (e não 21), estaria melhor ainda.

Muy amigol
"Não se pode ganhar no Santiago Bernabéu", chorou o técnico do Valência, após empatar com o Real Madrid. O resultado, de fato, foi fruto de um pênalti inexistente assinalado. E logo contra o Valência, o segundo colocado. Para muitos pareceu armação. Para Roberto Carlos, não: "Foi claríssimo", decretou.

Uniforme
E a camisa nova da seleção? Sei, não. A Nike e a CBF poderiam dar três opções e deixar a galera votar. Seria mais democrático e um bom marketing. Mas bacana mesmo deve ser essa branca com escudo da velha CBD, a ser usada no centenário da Fifa.

Beleza
O adversário era mole, mas foi uma beleza o gol de Robinho contra o União São João.

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