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FUTEBOL
Presidente do Quilmes diz que jornalista e comerciante trocaram abraços com policiais e comeram pizza na delegacia
Amigos de Grafite foram testemunhas
KLEBER TOMAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Duas pessoas ligadas ao atacante Grafite, 26, do São Paulo, foram
suas testemunhas no boletim de
ocorrência feito no 34º Distrito
Policial que resultou no indiciamento do zagueiro argentino
Leandro Desábato, 26, do Quilmes, sob acusação de crime de injúria qualificada.
Especialistas ouvidos pela Folha
dizem que a lei não veta amigos
de serem testemunhas de acusação, mas, conforme o caso, a defesa pode usar isso para questionar
a idoneidade dos testemunhos.
Coincidentemente, ontem o
presidente do Quilmes, Daniel
Razetto, declarou ao diário argentino "Clarín" que as testemunhas
de Grafite -o jornalista Fábio de
Freitas, o Bolla (assessor de imprensa do atacante), e o comerciante Eduardo Sorrentino (amigo do são-paulino) -comiam
pizza e trocavam abraços com policiais que estavam na delegacia,
na madrugada da última quinta-feira, dia da ocorrência.
"Vieram aos abraços e comeram pizza com os policiais. Tiramos as fotos disso com nossos celulares", disse Razetto, que, como
outros cartolas da equipe e também os jogadores, considera uma
armação a prisão de Desábato.
"Cada vez fica mais claro que essa história estava orquestrada e
que se aproveitaram do Quilmes
porque é uma equipe jovem", declarou o volante Almeyda, após
chegar na Argentina.
"Quando chegamos ao estádio
havia bandeiras contra o racismo.
E alguns jogadores usavam pulseirinhas contra o racismo",
acrescentou o goleiro Pontirolli.
Razetto fez ainda outra acusação. "As testemunhas admitiram
não ter ido ao campo. Disseram
que estavam vendo a partida pela
televisão e que haviam decifrado
os insultos racistas através do movimento de lábios de Desábato."
Essa versão consta no inquérito.
Cristiano Maronna, advogado
do argentino, disse desconhecer a
declaração de Razetto, mas adiantou que "a análise da legalidade da
ação policial cabe aos órgãos
competentes, como Corregedoria
da Polícia e Ministério Público".
As testemunhas negaram a versão da pizza. "O único que comeu
na delegacia foi o Desábato: esfihas. Ainda tomou uma garrafa de
soda", disse Bolla, que admitiu ter
cumprimentado os policiais.
"Como comer pizza numa situação daquelas? Também não
abracei homem. Eu gosto é de
mulher", declarou Sorrentino.
Guaracy Moreira Filho, delegado titular do 34º DP, recebeu com
tranqüilidade a acusação de Razetto. "Isso é besteira. Agora vem
esse presidente e fala isso", defende Guaracy, que não estava na delegacia na ocorrência, feita pelo
plantonista Roberto Moraes.
Desábato chegou anteontem a
Buenos Aires, depois de ficar pouco mais de 36 horas preso. Ele foi
enquadrado no artigo 140 parágrafo 3º, do Código Penal, que
prevê pena de reclusão de um a
três anos e multa. Segundo depoimento de Grafite à polícia, Desábato o chamou de "negro de merda, filho-da-puta, negrinho".
Desábato negou, mas admitiu
ter sugerido que o atacante pegasse "a banana e enfiasse no c..."
-teriam lhe dito que o são-paulino celebraria com gesto de "banana" caso fizesse gol no Quilmes.
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