São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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COPA 2006

Alemães se preocupam com terrorismo, atos políticos e proteção do time do Irã, país que vive em meio à crise

Irã agora apavora segurança do Mundial

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A escalada de tensão entre o Irã e as potências ocidentais aumenta a aflição dos responsáveis pela segurança da Copa do Mundo.
A segurança da seleção do Irã e a possibilidade de protestos violentos de grupos de oposição iraniana são dois dos pontos que mais preocupam os anfitriões.
No caso do time, um ponto em especial pode se transformar numa grande dor de cabeça para os organizadores: a possível ida à Alemanha do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para assistir à estréia de sua seleção.
O time, que integra o Grupo D, estréia contra o México, em Nuremberg, no dia 11 de junho.
Ahmadinejad causou problemas diplomáticos ao classificar de "mito" o extermínio de 6 milhões de judeus pelo nazismo e fazer apologia para que Israel fosse "varrido do mapa".
Diversos líderes judeus pediram que o Irã fosse impedido de jogar a Copa, mas a Alemanha se recusou a atendê-los. A negação do Holocausto é considerada crime no país, com punição de até cinco anos de prisão.
Foi o mesmo Ahmadinejad que colocou mais lenha na crise com as potências ocidentais ao anunciar, na semana passada, que o Irã entrava no seleto "clube dos países nucleares". Os EUA preparam um plano de intervenção para mudar o regime do país.
O medo da oposição iraniana fez com que a Alemanha enviasse a Teerã, na semana passada, seu sub-ministro do Interior, August Hanning, para discutir um plano de cooperação.
O maior temor diz respeito à organização terrorista Mujahedin Khalq (Guerreiros do Povo), principal grupo de oposição ao regime iraniano e que conta atualmente com numerosa representação na Alemanha.
Mas o perigo pode morar também longe da oposição.
Ontem, o jornal britânico "Sunday Times" publicou que o Irã vem preparando batalhões de terroristas suicidas para atingir alvos americanos e ingleses se suas instalações nucleares forem atacadas pelas potências ocidentais.
"A Alemanha é um dos países que mais pressionam o Irã para desmantelar o programa nuclear, então, também seria um alvo em potencial", afirmou à Folha Ely Karmon, pesquisador do Instituto de Contraterrorismo de Israel.
O presidente da federação iraniana de futebol, Mohammad Ali Dadkan, que vai à estréia, tentou minimizar a paranóia. "Não haverá perigo de ataques terroristas", disse Dadkan. "Todos iranianos que virão serão pacíficos torcedores de futebol."
O Irã volta a jogar a Copa após ter ficado fora do Mundial asiático. Em 1998, na sua última participação, a seleção iraniana protagonizou uma das imagens mais marcantes do torneio, ao posar com os jogadores dos EUA durante a partida entre as duas equipes. O jogo registrou protestos contra o regime iraniano.
"Devido à pressão internacional para que o Irã interrompa seu projeto nuclear, eu acho que a principal ameaça durante a Copa será este país", avalia Karmon.


Com agências internacionais

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