São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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JUCA KFOURI

A mão de todos os clássicos

Assim como existe a mãe de todas as guerras, existe hoje uma grande e esfarrapada desculpa no futebol

O GOL de mão de Adriano é o assunto da semana, até que, provavelmente neste domingo, no Palestra Itália, um outro erro de arbitragem tome seu lugar.
E voltaremos a não falar de futebol para falar de erros de arbitragem. Os do Palmeiras no domingo que passou, passaram praticamente intocados graças à velha mania de desviar a atenção para o apito e, assim, já pressionar para que no próximo jogo o árbitro entre acuado. Tão velho como o futebol.
O que não é, ao contrário, tão velho como o futebol é a tecnologia que torna desleal a concorrência entre o olho humano e o eletrônico.
As câmaras de TV não só provaram que o gol foi com a mão como, também, mostraram que Léo Lima fez pênalti em Adriano milésimos de segundo antes, duas irregularidades quase impossíveis de ser constatadas pelo trio de arbitragem, mas facilmente detectável por uma arbitragem externa, que o conservadorismo do futebol rejeita com vigor.
Meu brilhante vizinho José Roberto Torero abordou bem a questão anteontem, sob a ótica da autoridade dos árbitros.
Eles não a querem ferida quando, na verdade, só a teriam protegida.
Ocorre que a questão é, também, de exercício do poder extracampo.
A cartolagem sabe o quanto se exerce de poder por meio da arbitragem, razão pela qual não quer que esta se torne menos subjetiva, a ponto de dar ao árbitro o dom divino de julgar intenções, um absurdo em termos que nossa vã filosofia não dá conta de entender.
A faculdade de determinar quem apitará ou, no nosso caso, quem irá para o sorteio impõe silêncios, apoios, temores e constrangimentos sem fim. Porque o investimento de toda uma temporada corre o risco de ir por água abaixo num simples, e inevitável, vacilo de arbitragem.
Um dia o futebol contará com a ajuda da arbitragem eletrônica, por mais que muita gente tenha de morrer para que isso aconteça.
Otimista, este colunista imagina que ainda poderá testemunhar a adoção de tal obviedade.

Penitência
Não foi erro, porque proposital. Na coluna de segunda-feira, o jogo entre Palmeiras e São Paulo foi tratado como final antecipada do Campeonato Paulista.
De fato, é como a coluna o vê, sem nenhum demérito para Ponte Preta ou Guaratinguetá. Apenas o escriba não acredita que um dos grandes perca a decisão, embora também não acreditasse que, em 1986, a Inter de Limeira superasse o Palmeiras, como fez.
Esclareça-se, ainda, que pelas divergências que há no próprio São Paulo FC, a coluna não considera como do clube o título estadual de 1931, apesar de a FPF considerar.
E, para terminar, o torcedor que escreve a coluna ficará muito feliz se a Ponte Preta, enfim, for campeã de 2008, depois de ter batido na trave, em 1977 e 1979, diante do Corinthians e, em 1970 e 1981, contra o São Paulo.
Até porque não esconde sua antipatia por clubes artificiais que surgiram ultimamente ou por iniciativa de prefeituras, como o São Caetano e o Barueri, ou de empresários, como o Guará.


blogdojuca@uol.com.br

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