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JUCA KFOURI
A mão de todos os clássicos
Assim como existe a mãe de todas as guerras, existe hoje uma grande e esfarrapada desculpa no futebol
O GOL de mão de Adriano é o
assunto da semana, até que,
provavelmente neste domingo, no Palestra Itália, um outro erro
de arbitragem tome seu lugar.
E voltaremos a não falar de futebol para falar de erros de arbitragem.
Os do Palmeiras no domingo que
passou, passaram praticamente intocados graças à velha mania de desviar a atenção para o apito e, assim,
já pressionar para que no próximo
jogo o árbitro entre acuado. Tão velho como o futebol.
O que não é, ao contrário, tão velho como o futebol é a tecnologia
que torna desleal a concorrência entre o olho humano e o eletrônico.
As câmaras de TV não só provaram que o gol foi com a mão como,
também, mostraram que Léo Lima
fez pênalti em Adriano milésimos de
segundo antes, duas irregularidades
quase impossíveis de ser constatadas pelo trio de arbitragem, mas facilmente detectável por uma arbitragem externa, que o conservadorismo do futebol rejeita com vigor.
Meu brilhante vizinho José Roberto Torero abordou bem a questão anteontem, sob a ótica da autoridade dos árbitros.
Eles não a querem ferida quando,
na verdade, só a teriam protegida.
Ocorre que a questão é, também,
de exercício do poder extracampo.
A cartolagem sabe o quanto se
exerce de poder por meio da arbitragem, razão pela qual não quer que
esta se torne menos subjetiva, a
ponto de dar ao árbitro o dom divino
de julgar intenções, um absurdo em
termos que nossa vã filosofia não dá
conta de entender.
A faculdade de determinar quem
apitará ou, no nosso caso, quem irá
para o sorteio impõe silêncios,
apoios, temores e constrangimentos
sem fim. Porque o investimento de
toda uma temporada corre o risco
de ir por água abaixo num simples, e
inevitável, vacilo de arbitragem.
Um dia o futebol contará com a
ajuda da arbitragem eletrônica, por
mais que muita gente tenha de morrer para que isso aconteça.
Otimista, este colunista imagina
que ainda poderá testemunhar a
adoção de tal obviedade.
Penitência
Não foi erro, porque proposital.
Na coluna de segunda-feira, o jogo entre Palmeiras e São Paulo foi
tratado como final antecipada do
Campeonato Paulista.
De fato, é como a coluna o vê, sem
nenhum demérito para Ponte Preta ou Guaratinguetá. Apenas o escriba não acredita que um dos
grandes perca a decisão, embora
também não acreditasse que, em
1986, a Inter de Limeira superasse
o Palmeiras, como fez.
Esclareça-se, ainda, que pelas divergências que há no próprio São
Paulo FC, a coluna não considera
como do clube o título estadual de
1931, apesar de a FPF considerar.
E, para terminar, o torcedor que
escreve a coluna ficará muito feliz
se a Ponte Preta, enfim, for campeã
de 2008, depois de ter batido na
trave, em 1977 e 1979, diante do Corinthians e, em 1970 e 1981, contra
o São Paulo.
Até porque não esconde sua antipatia por clubes artificiais que surgiram ultimamente ou por iniciativa de prefeituras, como o São Caetano e o Barueri, ou de empresários, como o Guará.
blogdojuca@uol.com.br
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