São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 2006

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TÊNIS

Talentoso e competitivo touro intenso

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

S ão 53 vitórias seguidas no saibro, feito que só Guillermo Vilas alcançou. E 16 títulos na adolescência, recorde junto a outra lenda: Bjorn Borg.
Para um tenista que há pouco mais de um ano não tinha reconhecimento, a evolução de Rafael Nadal é meteórica. E seus resultados são consistentes a ponto de não poderem ser considerados mais só uma boa fase.
"Nadal é o melhor jogador de saibro de todos os tempos", diz justamente um dos melhores jogadores de saibro de todos os tempos: Gustavo Kuerten.
"Enquanto tenistas têm altos e baixos em momentos difíceis, é raro ver Nadal baixar a intensidade. Pensei que não ia ver alguém tão intenso quanto Thomas Muster, mas taí um cara que com certeza é", explica Fernando Meligeni, outro talento do saibro.
Treinador e garimpador de tenistas, Marcelo Meyer resume assim o sucesso de Nadal na terra batida: "O estilo de jogo dele é apropriado para o saibro. Joga com o coração, joga bem no ataque e na defesa, é canhoto e sabe aproveitar isso e, por fim, simplesmente nasceu para competir".
Guga também destaca a fúria esportiva: "Ele tem um talento nato para o esporte. Teria destaque em qualquer esporte".
Será por isso, então, que nem Roger Federer bate em Nadal?
"Federer x Nadal é jogo aberto. A maneira de [Nadal] jogar, alto e com muito spin, com certeza é um fator, mas acho que em dez jogos não haverá diferença marcante", diz Meligeni, que destaca o fato de Nadal não desistir e encarar todos os jogos com a mesma intensidade e responsabilidade.
Daí a comparação de Nadal a Vilas e Borg?
"Borg é o melhor. É mais completo e ganhava em todos os pisos. O Vilas é o segundo, é mais técnico e também ganhava em todos os pisos. Mas no saibro Nadal é o melhor. Porque o tênis hoje é mais competitivo, tem mais torneios, exige mais, e o recorde dele é indiscutível", opina Fernando Sampaio, jornalista da Jovem Pan e especialista em tênis.
"O Nadal pratica o tênis-força, como Borg e Vilas. Mas pratica um tênis-força moderno, com mais potência, contundência e capacidade de recuperação. Um jogo entre ele e Borg seria um duelo do século. Se fosse na época de Borg, o sueco venceria, mas hoje daria Nadal. O equipamento é a diferença. O Borg, com aquela Donnay de cabeça pequena, não seria páreo para o espanhol hoje", diz Odir Cunha, outro jornalista-especialista, da revista "Tênis".
É sentar e esperar Nadal levar o bi em Roland Garros?
"Roland Garros é diferente", conta o tricampeão Guga. "Para ser um dos maiores nomes da história lá e superar tudo precisa ganhar umas cinco vezes."
"É difícil no tênis saber por quanto tempo se pode jogar na excelência", lembra Meligeni. "A carreira pode ser curta, pois seu tênis depende muito do físico", diz Sampaio, da Jovem Pan.
Mas Nadal, diferentemente de seu amigo Carlos Moyá, ex-número 1 do mundo, até agora não se rendeu às distrações (mulheres). Já foi longe, pode ir mais. A ver qual é o limite para esse touro.

Em Paris
Saiu primeiro no Blog do Tenisbrasil, por José Nilton Dalcim: Larri Passos volta como treinador a Roland Garros. Desta vez, seu pupilo será o gaúcho Marcos Daniel.

Em Hamburgo
Elogiável a atuação de Flavio Saretta na vitória sobre Marat Safin no Masters Series desta semana. Sem Kuerten, serão Saretta e Daniel as esperanças nacionais em Roland Garros.

No Recife
A capital pernambucana recebe a segunda edição do Chesf Open Internacional de Tênis, torneio da série future. Os jogos acontecem nas quadras do Squash Tennis Center.

E-mail: reandaku@uol.com.br


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