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a copa da áfrica
África aposta em bolhas de segurança
Contra alta criminalidade do país, organizadores planejam reforço policial só nas áreas onde os torcedores vão circular
Sul-africanos acham que fãs estrangeiros se manterão longe de bairros violentos, como o que fica perto de estádio em Johannesburgo
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL
Em pouco mais de 15 minutos de caminhada, o torcedor
desavisado que deixar o estádio
de Ellis Park em busca de um
táxi pode inadvertidamente
entrar num lugar de casas decrépitas, jovens desocupados
de braços cruzados nas esquinas e clima pesado no ar.
É o bairro de Hillbrow, o nome mais associado à violência
barra pesada na África do Sul,
que fica encravado no centro de
Johannesburgo, e aonde só vai
aquele que realmente precisa
-isso, mesmo à luz do dia.
O estádio de Ellis Park, com
capacidade para receber 60 mil
pessoas e famoso por ser palco
da seleção sul-africana de rúgbi, abrigará sete partidas da Copa do Mundo de 2010.
No ano passado, houve 84 assassinatos em Hillbrow, uma
área de poucos quarteirões. A
taxa de homicídios é de cem por
grupo de 100 mil habitantes
(dez vezes maior do que em São
Paulo), mas já foi bem pior.
A violência é a principal
preocupação dos organizadores da Copa, embora a zona
central de Johannesburgo seja
um caso extremo. Subúrbios
afastados do centro, áreas que
abrigarão a maioria dos turistas, são bem mais seguros.
Durban, a terceira cidade do
país, também é considerada
uma região com zonas perigosas. Cidade do Cabo e Pretória
são avaliadas como seguras.
Os índices de homicídios no
país caíram 13% desde o pico,
em 2001, mas ainda são extremamente altos. No ano passado, houve 36 assassinatos por
grupo de 100 mil habitantes
(são 25 por 100 mil no Brasil).
O governo aposta no reforço
do policiamento nas áreas que
os turistas frequentarão, criando uma espécie de "bolha" de
proteção aos turistas, com o objetivo declarado de oferecer um
simulacro de segurança nas
áreas em que eles estiverem.
Argumenta que ninguém vai
passear num lugar como Hillbrow. Mas o isolamento não
tem como ser completo.
Os organizadores prometem
40 mil policiais extras trabalhando durante o evento, além
do efetivo normal. Serão gastos
cerca de R$ 169 milhões na
compra de equipamentos.
Danny Jordaan, chefe do comitê organizador, diz que o país
já sediou 146 grandes eventos
esportivos desde o fim do apartheid, em 1994, e que nenhum
deles teve problemas sérios.
Mas o argumento não convence ainda a todos. "O governo promete usar polícia e Exército, mas falta apenas um ano
para a Copa do Mundo [vai de
11 de junho a 11 de julho de
2010] e nada parece estar mudando. Eles têm que agir mais
rápido", diz Paul Singh, especialista em Esportes da Universidade de Johannesburgo.
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