São Paulo, terça, 17 de junho de 1997.



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JUCA KFOURI
Óbvio ululante

"Que fiquem calmos os torcedores do tricolor carioca, incapazes de deixar a paixão de lado para pensar um pouco. Com ou sem punição ao Bahia, o Flu continuará na primeira divisão. Mais que uma impressão, essa é uma informação atualíssima."
Então, quando a informação acima foi aqui publicada, no dia 2 de março passado, corria ligeira a operação para salvar o Fluminense. Estava escrito há 40 mil anos que o clube do grande Nélson Rodrigues não seria rebaixado.
Surgiu o episódio envolvendo o Atlético-PR e tudo ficou resolvido, embora, vale repetir, nem o Corinthians nem ninguém mais tenha sido punido -cadê os árbitros do esquema Ivens Mendes?
No momento em que você lê estas linhas, certamente Carlos Eugênio Lopes, o dotô Carlô, do alto de seu incontestável saber jurídico, após exaustivas consultas ao também Phd Caixa D'Água, outro farol que ilumina a ciência do direito no Brasil, está redigindo um inapelável parecer mostrando por "a" mais "b" que o glorioso Fluminense Futebol Clube deve participar da primeira divisão do Campeonato Brasileiro deste ano -mesmo com a manutenção do Atlético-PR e com o acréscimo do Náutico. Era óbvio.
Duro seria tirar o Bahia e aguentar o ACM, como não está sendo fácil administrar as ligações do palácio do governo paranaense e da pernambucana vice-presidência da República, apelando pelo Náutico.
A mesma solução, diga-se de passagem, seria encontrada se, em vez do Flu, fosse outro grande do eixo Rio-São Paulo em situação igual.
E a torcida brasileira ainda tem de ouvir que jamais, em parte alguma do mundo, fez-se justiça em tempo tão curto, como tem dito o chefe da Casa Bandida do Futebol.
Enquanto isso, a denúncia da "Placar", que envolve diretamente dois árbitros e dois assistentes em jogos de eliminatórias da Copa, não encontrou eco nem na Fifa nem no ínclito Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF.
Rui Barbosa se contorce no caixão, e advogados como Luís Guilherme Vieira, Márcio Thomaz Bastos, Miguel Reale Jr. e Técio Lins e Silva devem estar se convencendo que frequentaram as faculdades erradas.
De tudo, apenas uma verdade há de ser reconhecida: em meio à hipocrisia geral, o Caixa D'Água prima pela coerência, ao não esconder de ninguém que está pouco se lixando para a opinião pública.



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