São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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COPA 2002

MÃO DUPLA

Unidos, os maiores artilheiros


Para superar mais quatro adversários e conquistar no próximo dia 30, em Yokohama, seu quinto título mundial, o Brasil, conta com a dupla mais artilheira da sua história nas Copas. Rivaldo, 30, e Ronaldo, 25, que hoje enfrentam a Bélgica, já marcaram mais gols atuando juntos em Mundiais do que outros "duetos" que estão na galeria de honra, como Pelé/Vavá e Bebeto/Romário. Desde a Copa da França, foram 13 gols da dupla enquanto os dois estavam em ação (contra a Turquia, na estréia na Copa-2002, Rivaldo marcou um gol quando Ronaldo já havia sido substituído). Foram oito gols do atacante da Inter e cinco do atleta do Barcelona. Antes deles, a dupla que mais sucesso fez na seleção foi a formada por Pelé e Vavá, que balançou a rede 12 vezes nos Mundiais de 1958 e 1962.


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SUWON

Ronaldo e Rivaldo fazem sucesso juntos mesmo tendo temperamentos bem diferentes. O primeiro, carioca e extrovertido, é tão famoso por sua vida longe dos gramados quanto pelo que faz em campo. Já o segundo, pernambucano e tímido, tem um estilo reservado e, ao contrário do parceiro, só é notícia pelo seu futebol.
Na concentração, os dois também não fazem parte do do mesmo grupo de afinidades, coisa comum em qualquer time de futebol. Ronaldo quase sempre está com os mais jovens, como Ronaldinho e Kaká, enquanto Rivaldo prefere a companhia dos veteranos de seleção, como Cafu.
Assim, os dois, que já receberam da Fifa o prêmio de melhor jogador do planeta em uma temporada, seguem o que aconteceu com outras duplas famosas que atuaram pela seleção brasileira.
Garrincha e Pelé, que juntos nunca perderam uma partida pelo time nacional, eram gênios dentro de campo, mas tinham personalidades bem diferentes.
O ponta-direita não levava a vida de atleta profissional com a mesma seriedade do que fazia o maior jogador da história. Após deixarem o futebol, os dois se distanciaram e pouco se viram até a morte de Garrincha, em 1983.
Coutinho, outro parceiro de Pelé, só que no Santos, também não era dos melhores amigos do rei.
Em um caso mais recente, Bebeto e Romário mostravam dentro das quatro linhas um entendimento que ficava bem longe de existir fora do futebol.
Ambos não escondiam suas diferenças em assuntos que não eram relacionados ao esporte e exibiam "cenas de ciúme", principalmente de Bebeto em relação a Romário. No entanto, marcaram, juntos, oito dos 11 gols da campanha vitoriosa do tetracampeonato, em 1994, sob o comando do técnico Carlos Alberto Parreira.
Como aconteceu com essas duplas, a convivência distante fora do campo não impede que Rivaldo e Ronaldo se entendam cada vez melhor nos jogos da seleção.
""Nosso entrosamento está ótimo. Jogar com o Ronaldo é fácil. Ele é inteligente e encontra sempre um espaço para se colocar. Além disso, o Ronaldo também tem muita força", disse Rivaldo, que teve a missão de substituir seu parceiro da seleção no Barcelona.
Na comparação com o que aconteceu na primeira fase da Copa da França, quando também enfrentou adversários sem muita força (Escócia, Marrocos e Noruega), a dupla tem números muito mais animadores agora.
Ao final da fase inicial de 1998, os dois acumulavam apenas três gols. Agora, já são sete -quatro de Ronaldo e três de Rivaldo.
Naquela competição, um dos gols mais importantes da seleção, na semifinal contra a Holanda, foi marcado por Ronaldo depois de assistência precisa de Rivaldo.
""Nós não temos uma meta estabelecida de gols para fazer pela seleção. Isso depende das oportunidades e de como toda a seleção se comporta", afirmou Rivaldo sobre o sucesso da parceria.
Para ganharem mais força ofensiva, os dois, sob o comando de Luiz Felipe Scolari, ganharam mais liberdade e menos preocupações defensivas, como mostram as estatísticas do Datafolha.
"Baleados" por problemas físicos, recentes para Rivaldo e antigos para Ronaldo, os dois praticamente não participam da marcação do time brasileiro, que vem falhando seguidamente na defesa.
O jogador da Inter de Milão, que ficou quase três anos sem defender a seleção brasileira devido aos seus problemas no joelho, tem média de 0,7 desarme por jogo do atual Mundial. Na França, fazia quatro por partida. Já o astro do Barcelona tenta agora tirar a bola do adversário cinco vezes por jogo, contra dez de 1998.
Sem a responsabilidade de marcar, sobra tempo e espaço para os dois finalizarem. Nos três jogos iniciais do Brasil, a dupla teve média de nove conclusões por jogo, contra 5,6 da edição passada.
Até o final da Copa, os dois prometem mais gols. "Não tinha a ambição de marcar dez gols, mas também não esperava fazer quatro em três partidas", disse ontem, no Japão, Ronaldo, esperando repetir a mesma média nos jogos decisivos do Mundial.

Colaboraram os enviados a Kobe


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