São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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OITAVAS/ HOJE

No Japão, Brasil enfrenta a Bélgica com novo status, mas sem margem para erros

Seleção encara o admirável mundo novo do favoritismo

Associated Press
O meia-atacante Ronaldinho, que afirmou preferir dar assistências a marcar gols e que volta à seleção brasileira hoje contra a Bélgica, treina cabeceio em Kobe


FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A KOBE

Hoje a seleção brasileira começa a se defrontar com o admirável mundo novo que ganhou ao passar para as oitavas-de-final, totalmente distinto daquele que encontrou na Coréia do Sul na primeira fase da Copa do Mundo.
Ao entrar em campo em Kobe, o time de Luiz Felipe Scolari estará em um outro país (Japão), com um novo status (favorito ao título), sem chance de corrigir erros (quem perder está fora), pela primeira vez no torneio com uma torcida própria significativa (milhares de imigrantes brasileiros que vivem ali) E desafiando um adversário tarimbado (a Bélgica, presente às seis últimas Copas e com muito mais tradição que Turquia, China e Costa Rica).
Junto a tudo isso, a seleção carrega uma responsabilidade imensa: manter o ótimo retrospecto ofensivo da fase inicial -11 gols em três jogos, recorde na história das Copas- e ao mesmo tempo tapar os buracos de seu sistema defensivo, bombardeado pelos costarriquenhos na semana passada e por críticas logo a seguir.
Mas, para o time, só interessa o bônus da novidade. Ao ônus, o desprezo ou a irritação.
"A gente nem quer o favoritismo, porque todo mundo que era favorito foi eliminado. Não podemos achar que o Brasil é o favorito absoluto só porque agora todo mundo está apostando em nós", afirmou o goleiro Marcos.
As cobranças sobre as falhas do sistema defensivo causaram uma reação mais irada na equipe nacional, que tomou como uma aberração as críticas mesmo com os 11 gols e os 100% de aproveitamento na primeira fase.
Scolari e seus jogadores passaram os últimos dias se queixando, em público e nos corredores da concentração, de que "o brasileiro só destaca o lado ruim", algo que Cafu definiu como cultural.
Certa ou não a análise, uma variação do "complexo de vira-latas" de Nelson Rodrigues cada vez mais recorrente no mundo boleiro, o fato é que ela criou uma certeza, resumida pelo meia Juninho. "A seleção só será reconhecida se ganhar. Todo o trabalho vai para o lixo se perdermos da Bélgica."
A fragilidade dos adversários da primeira fase não é mencionada pelos jogadores que vislumbram o desdém dos brasileiros em caso de uma derrota hoje.
Para evitar isso, Scolari mexeu de novo no ponto nevrálgico do time, substituindo Anderson Polga por Edmilson e se precavendo para as jogadas aéreas dos belgas.
Fechando o cardápio de novidades, será a primeira vez que o Brasil enfrenta a Bélgica numa Copa. Até hoje foram só três amistosos, com duas vitórias da seleção (5 a 0 em 1965 e 2 a 1 em 1988) e uma derrota (1 a 5, em 1953).


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 8h30


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