São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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entressafra

Sem goleadores, Dunga inventa novo ataque

Técnico perde autores de mais da metade dos gols em sua era e busca solução

Robinho, que precisa provar condição de intocável, e o desconhecido Afonso podem formar a dupla da seleção na Copa América


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

A seleção brasileira foi desprezada por alguns medalhões e também desprezou outros jogadores menos badalados. Mas com eles se foram mais da metade dos gols da era Dunga.
Um dos desafios mais espinhosos para o treinador é tentar revitalizar o ataque do time nacional, que vive uma crise ofensiva sem Ronaldo, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols.
Dos 19 tentos marcados nas 11 partidas comandadas pelo novato treinador, 12, ou 57%, foram de autoria de atletas que não estarão na Copa América.
O principal artilheiro é Kaká (cinco gols). Ronaldinho balançou as redes duas vezes. Ambos pediram dispensa da seleção. Preteridos por Dunga, os atacantes Daniel Carvalho (dois gols) e Rafael Sobis (um gol), o lateral Marcelo (um gol) e o zagueiro Luizão (um gol) formam a lista dos goleadores excluídos do torneio na Venezuela.
Do grupo de 22 atletas que se prepara na Granja Comary, o artilheiro é Vágner Love, com dois gols. "É uma situação difícil [a falta de gols], mas aqui há jogadores capazes de fazer a seleção se destacar", acredita.
Fred e Robinho têm apenas um. A outra esperança de gols da seleção foi moldada na Suécia. Foi lá que o mais obscuro jogador da equipe de Dunga aprendeu a balançar as redes. Afonso, 26, artilheiro do holandês Heerenveen, passará por um autêntico batismo de fogo.
O jogador, que debutou na seleção no jogo contra a Inglaterra, ainda não marcou. Os atacantes de Dunga, aliás, só balançaram as redes quatro vezes, ou seja, são responsáveis por só 21% da artilharia total.
Cenário, portanto, nada animador para o mineiro que vive há cinco anos na Europa.
"Eu sou novato, mas aprendi muito na Europa e posso surpreender. Aqui, no Brasil, poucos me conhecem, mas lá fora muitos me conhecem", diz, confiante, o jogador, artilheiro e "bola de ouro" do Campeonato Holandês, com 34 gols em 31 jogos -média superior à dos astros Ronaldo e Romário quando atuaram na Holanda.
Revelado nas categorias de base do Atlético-MG, Afonso transferiu-se em 2002 para o futebol sueco. Era meia, mas começou a fazer gols. "Comecei a jogar na ponta esquerda e me transformei em atacante", afirma ele, cuja convocação foi contestada no Brasil. "Isso não me incomodou. Pode ter certeza de que o Dunga e o Jorginho estavam me observando."
O técnico da seleção, até agora, diz não ter preferência para formar a dupla que terá a missão de dar nova vida ao setor ofensivo. "Os quatro têm chances iguais. Comigo, vale o momento", promete Dunga.
Pelo histórico nas partidas do treinador, Robinho, que foi titular em 10 de 11 jogos e se apresenta amanhã na Granja Comary, deve ter lugar garantido na frente. Mas precisa mostrar que merece ser intocável.


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