São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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FUTEBOL

Quarto no Brasileiro, time enfrenta hoje o Figueirense, 3º, como o mais indisciplinado do torneio pelo 2º ano seguido

Outra vez, nervos atrapalham o São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos anos, o São Paulo não se notabilizou por gols, jogadas bonitas ou títulos. A principal marca do clube do Morumbi tem sido o pontapé. E é dessa maneira, como símbolo da indisciplina, que o time vai entrar em campo hoje, contra o Figueirense.
Na partida do Morumbi, que começa às 20h30, quase tão importante quanto a vitória é diminuir a chuva de cartões que contaminou a equipe. Os são-paulinos já receberam 50 no Brasileiro -44 amarelos e seis vermelhos.
Nenhuma outra equipe teve mais atletas expulsos. O São Paulo, que hoje terá três suspensos, perde um jogador por partida, em média, nesta edição do Nacional. À noite, cinco atletas entrarão em campo pendurados: Fábio Santos, Cicinho, Grafite, Jean e Renan.
A média de 2,93 amarelos por partida já é quase a mesma da edição anterior, quando o São Paulo de Rojas acabou como líder da indisciplina. Ao final das 46 rodadas em 2003, o time acumulava 141 amarelos e 22 vermelhos.
Segundo o Datafolha, a indisciplina atrapalha os são-paulinos desde 2001. Naquele ano, ainda sob a gestão de Nelsinho Baptista, o time ganhou fama de problemático, principalmente pelas confusões de Luis Fabiano, que tomou oito cartões amarelos em dez jogos. Com Oswaldo de Oliveira, em 2002, piorou. Em 27 jogos, levou 74 amarelos e sete vermelhos (ficou em sétimo no ranking).
Neste ano, sob o legado de Cuca, até um tribunal foi criado para analisar as questões disciplinares. As expulsões são julgadas pelos próprios jogadores. Caso o grupo decida pela punição, o réu paga R$ 50 para a "caixinha".
A arrecadação já chegou a R$ 300, e Cuca estuda punições mais severas. "Temos de ter mais calma, não sermos tão afoitos, para evitar cartões desnecessários."
Um jogador em especial terá de ouvir o recado do chefe. O atacante Grafite se transformou no Luis Fabiano dos anos anteriores.
Ao lado do zagueiro Reginaldo Nascimento, do Coritiba, ele foi quem levou mais cartões neste Brasileiro -oito. E ele tenta justificar. "É o excesso de vontade. Às vezes você não mata uma jogada e leva os gols. Sei que oito cartões, para um atacante, é muita coisa."
A diretoria são-paulina concorda e até pediu à Folha o levantamento dos cartões recebidos pelo time. "É uma questão que não vem de hoje e que realmente preocupa", afirma o presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa, ressaltando que a indisciplina é "caso para psicólogo".
Alguns atletas que estão na turma dos malcomportados reagem aos ataques. "O cartão faz parte da disputa. Futebol não é balé. É um jogo de contato físico, e não temos de aliviar em jogada nenhuma", diz o lateral Cicinho, sério candidato a ser o 17º suspenso do time, que comete 25,5 faltas por jogo.
O Figueirense, invicto há dez partidas e com defesa menos vazada -11 gols-, não vai ter baixas por suspensões ou por contusões. (EDUARDO ARRUDA)


Colaborou a Agência Folha

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