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FUTEBOL
Quarto no Brasileiro, time enfrenta hoje o Figueirense, 3º, como o mais indisciplinado do torneio pelo 2º ano seguido
Outra vez, nervos atrapalham o São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos anos, o São Paulo
não se notabilizou por gols, jogadas bonitas ou títulos. A principal
marca do clube do Morumbi tem
sido o pontapé. E é dessa maneira,
como símbolo da indisciplina,
que o time vai entrar em campo
hoje, contra o Figueirense.
Na partida do Morumbi, que
começa às 20h30, quase tão importante quanto a vitória é diminuir a chuva de cartões que contaminou a equipe. Os são-paulinos
já receberam 50 no Brasileiro
-44 amarelos e seis vermelhos.
Nenhuma outra equipe teve
mais atletas expulsos. O São Paulo, que hoje terá três suspensos,
perde um jogador por partida, em
média, nesta edição do Nacional.
À noite, cinco atletas entrarão em
campo pendurados: Fábio Santos,
Cicinho, Grafite, Jean e Renan.
A média de 2,93 amarelos por
partida já é quase a mesma da edição anterior, quando o São Paulo
de Rojas acabou como líder da indisciplina. Ao final das 46 rodadas
em 2003, o time acumulava 141
amarelos e 22 vermelhos.
Segundo o Datafolha, a indisciplina atrapalha os são-paulinos
desde 2001. Naquele ano, ainda
sob a gestão de Nelsinho Baptista,
o time ganhou fama de problemático, principalmente pelas confusões de Luis Fabiano, que tomou
oito cartões amarelos em dez jogos. Com Oswaldo de Oliveira,
em 2002, piorou. Em 27 jogos, levou 74 amarelos e sete vermelhos
(ficou em sétimo no ranking).
Neste ano, sob o legado de Cuca,
até um tribunal foi criado para
analisar as questões disciplinares.
As expulsões são julgadas pelos
próprios jogadores. Caso o grupo
decida pela punição, o réu paga
R$ 50 para a "caixinha".
A arrecadação já chegou a R$
300, e Cuca estuda punições mais
severas. "Temos de ter mais calma, não sermos tão afoitos, para
evitar cartões desnecessários."
Um jogador em especial terá de
ouvir o recado do chefe. O atacante Grafite se transformou no Luis
Fabiano dos anos anteriores.
Ao lado do zagueiro Reginaldo
Nascimento, do Coritiba, ele foi
quem levou mais cartões neste
Brasileiro -oito. E ele tenta justificar. "É o excesso de vontade. Às
vezes você não mata uma jogada e
leva os gols. Sei que oito cartões,
para um atacante, é muita coisa."
A diretoria são-paulina concorda e até pediu à Folha o levantamento dos cartões recebidos pelo
time. "É uma questão que não
vem de hoje e que realmente
preocupa", afirma o presidente
são-paulino, Marcelo Portugal
Gouvêa, ressaltando que a indisciplina é "caso para psicólogo".
Alguns atletas que estão na turma dos malcomportados reagem
aos ataques. "O cartão faz parte da
disputa. Futebol não é balé. É um
jogo de contato físico, e não temos
de aliviar em jogada nenhuma",
diz o lateral Cicinho, sério candidato a ser o 17º suspenso do time,
que comete 25,5 faltas por jogo.
O Figueirense, invicto há dez
partidas e com defesa menos vazada -11 gols-, não vai ter baixas por suspensões ou por contusões.
(EDUARDO ARRUDA)
Colaborou a Agência Folha
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