São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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a portas fechadas

Vôlei, agora, tenta apagar incêndio

Ao mesmo tempo que dizem estar magoados com Ricardinho, jogadores pedem reunião para tentar solucionar crise

Bernardinho lamenta, em vídeo, que levantador tenha renegado a "família", mas, como pupilos, sugere que ele está mal-assessorado


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

SERGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O corte de Ricardinho do Pan desencadeou uma das piores crises do vôlei nacional. Se não a maior, a mais escancarada.
A publicidade dada a discussões por prêmios, a rusgas pessoais e à fragilidade da "família Bernardinho" desencadeou agora uma operação para tentar recuperar a imagem do grupo e solucionar a crise com alguma distância dos holofotes.
Em entrevista coletiva em Saquarema (RJ), Giba e Gustavo, porta-vozes dos jogadores, disseram que querem reunir toda a equipe e o técnico com o levantador para discutir o imbróglio, a portas fechadas. O grupo treina para o Sul-Americano, em setembro. Ricardinho esperava a convocação.
""A reunião deve ser feita com o Ricardo. Nunca tratamos as coisas por telefone ou mandando avisar. Tudo sempre foi discutido entre o grupo junto e fechado", disse Giba, melhor amigo do levantador no time.
Bernardinho, que vinha se recusando a falar sobre o assunto, enviou declarações por vídeo, de Manaus, onde comanda o time B na Copa América. O Brasil venceu, ontem, Cuba por 3 a 0 (25/23, 25/22 e 25/19).
A entrevista foi convocada pela Confederação Brasileira de Vôlei e ocorreu sob clima tenso. Antes do início, a assessoria da entidade disse que só Giba comentaria as declarações de Ricardinho e que o corte não seria o tema da conversa.
A "regra", porém, foi quebrada. Gustavo e Giba responderam a todas as perguntas, ressaltando que não queriam ""discutir o assunto pela imprensa".
No lançamento de seu livro, na terça, em Maringá (PR), Ricardinho afirmou que a "família Bernardinho" era uma fantasia. E que o pacto de ir com o grupo até Pequim-2008 havia sido quebrado no momento em que o time o deixou sair da reunião no Rio, em que Bernardinho afirmou que não o suportava mais e anunciou seu corte.
"Ele sabe os motivos da minha decisão. Uma série de coisas que nos afastaram dos nossos princípios. Uma conduta não condizente com o que acreditamos", disse Bernardinho.
Ricardinho acredita que a decisão do grupo de não dividir o prêmio do Pan com a comissão técnica e reclamações por folgas e más condições de viagem contribuíram para a dispensa.
A questão da premiação, porém, foi negada por Giba.
Além dele e Gustavo, só André Heller comentou o assunto. Escadinha, Dante, Anderson, André Nascimento, Marcelinho e Rodrigão não falaram.
Os jogadores e Bernardinho disseram estar magoados com o levantador, lamentaram a publicidade dada por ele à crise e suas declarações.
Bernardinho afirmou que qualquer sinal de reaproximação seria bem-vindo, mas ressaltou seu descontentamento.
""Lamento que isso esteja acontecendo porque sempre falamos que resolveríamos os problemas internamente. Lamento que o lançamento do livro tenha sido usado para trazer à tona mais uma vez o problema, gerar interesse ainda maior. Também lamento o fato de ele renegar esse grupo."
Por outro lado, os atletas fizeram mea-culpa por não terem interferido na hora do corte. "Não sei se faríamos outra coisa. Digo que tomaria outra decisão porque sabemos o que ocorreu depois", disse Giba.
Os atletas, pessoas ligadas à CBV e Bernardinho disseram que o levantador poderia até estar sendo "mal-assessorado", em alusão ao autor de seu livro, Luis Carlos Ramos.
"Não sou assessor, não sou marqueteiro, sou apenas um jornalista contratado para escrever um livro. Essas declarações não me afetam", disse ele.
Os jogadores, porém, apoiaram Bernardinho. Se questionam algo, foi o momento da dispensa, às portas do Pan.
"Conversamos muito depois. O Bernardo perguntou se era a hora certa, e ninguém soube responder. Ninguém sabia se era para ser antes do Pan, antes da Liga, antes de Pequim... Estamos com uma dúvida muito grande, mas apoiamos a decisão do Bernardo, sentindo a falta do Ricardo", afirmou Gustavo. "O que queremos é que isso se resolva de uma vez. Ou ele aqui conosco ou ele fora."
Jogadores solicitaram ajuda do presidente da CBV, Ary Graça Filho, para solucionar o imbróglio. O dirigente iria a Manaus hoje para a Copa América.
"No meu modelo de gestão, todos têm liberdade para tomar decisões. Mas os jogadores são meus amigos e conversam comigo. O Ricardinho poderia ter sido mais paciente. Já estava tudo resolvido. Vamos dar tempo ao tempo", declarou ele.
Giba e Anderson também iriam a Manaus para participar de ações promocionais.


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