|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
a portas fechadas
Vôlei, agora, tenta apagar incêndio
Ao mesmo tempo que dizem estar magoados com Ricardinho, jogadores pedem reunião para tentar solucionar crise
Bernardinho lamenta, em vídeo, que levantador tenha renegado a "família", mas, como pupilos, sugere que ele está mal-assessorado
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
SERGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O corte de Ricardinho do Pan
desencadeou uma das piores
crises do vôlei nacional. Se não
a maior, a mais escancarada.
A publicidade dada a discussões por prêmios, a rusgas pessoais e à fragilidade da "família
Bernardinho" desencadeou
agora uma operação para tentar recuperar a imagem do grupo e solucionar a crise com alguma distância dos holofotes.
Em entrevista coletiva em
Saquarema (RJ), Giba e Gustavo, porta-vozes dos jogadores,
disseram que querem reunir
toda a equipe e o técnico com o
levantador para discutir o imbróglio, a portas fechadas. O
grupo treina para o Sul-Americano, em setembro. Ricardinho
esperava a convocação.
""A reunião deve ser feita com
o Ricardo. Nunca tratamos as
coisas por telefone ou mandando avisar. Tudo sempre foi discutido entre o grupo junto e fechado", disse Giba, melhor
amigo do levantador no time.
Bernardinho, que vinha se
recusando a falar sobre o assunto, enviou declarações por
vídeo, de Manaus, onde comanda o time B na Copa América. O
Brasil venceu, ontem, Cuba por
3 a 0 (25/23, 25/22 e 25/19).
A entrevista foi convocada
pela Confederação Brasileira
de Vôlei e ocorreu sob clima
tenso. Antes do início, a assessoria da entidade disse que só
Giba comentaria as declarações
de Ricardinho e que o corte não
seria o tema da conversa.
A "regra", porém, foi quebrada. Gustavo e Giba responderam a todas as perguntas, ressaltando que não queriam ""discutir o assunto pela imprensa".
No lançamento de seu livro,
na terça, em Maringá (PR), Ricardinho afirmou que a "família Bernardinho" era uma fantasia. E que o pacto de ir com o
grupo até Pequim-2008 havia
sido quebrado no momento em
que o time o deixou sair da reunião no Rio, em que Bernardinho afirmou que não o suportava mais e anunciou seu corte.
"Ele sabe os motivos da minha decisão. Uma série de coisas que nos afastaram dos nossos princípios. Uma conduta
não condizente com o que acreditamos", disse Bernardinho.
Ricardinho acredita que a decisão do grupo de não dividir o
prêmio do Pan com a comissão
técnica e reclamações por folgas e más condições de viagem
contribuíram para a dispensa.
A questão da premiação, porém, foi negada por Giba.
Além dele e Gustavo, só André Heller comentou o assunto.
Escadinha, Dante, Anderson,
André Nascimento, Marcelinho e Rodrigão não falaram.
Os jogadores e Bernardinho
disseram estar magoados com
o levantador, lamentaram a publicidade dada por ele à crise e
suas declarações.
Bernardinho afirmou que
qualquer sinal de reaproximação seria bem-vindo, mas ressaltou seu descontentamento.
""Lamento que isso esteja
acontecendo porque sempre
falamos que resolveríamos os
problemas internamente. Lamento que o lançamento do livro tenha sido usado para trazer à tona mais uma vez o problema, gerar interesse ainda
maior. Também lamento o fato
de ele renegar esse grupo."
Por outro lado, os atletas fizeram mea-culpa por não terem interferido na hora do corte. "Não sei se faríamos outra
coisa. Digo que tomaria outra
decisão porque sabemos o que
ocorreu depois", disse Giba.
Os atletas, pessoas ligadas à
CBV e Bernardinho disseram
que o levantador poderia até
estar sendo "mal-assessorado",
em alusão ao autor de seu livro,
Luis Carlos Ramos.
"Não sou assessor, não sou
marqueteiro, sou apenas um
jornalista contratado para escrever um livro. Essas declarações não me afetam", disse ele.
Os jogadores, porém, apoiaram Bernardinho. Se questionam algo, foi o momento da
dispensa, às portas do Pan.
"Conversamos muito depois.
O Bernardo perguntou se era a
hora certa, e ninguém soube
responder. Ninguém sabia se
era para ser antes do Pan, antes
da Liga, antes de Pequim... Estamos com uma dúvida muito
grande, mas apoiamos a decisão do Bernardo, sentindo a falta do Ricardo", afirmou Gustavo. "O que queremos é que isso
se resolva de uma vez. Ou ele
aqui conosco ou ele fora."
Jogadores solicitaram ajuda
do presidente da CBV, Ary Graça Filho, para solucionar o imbróglio. O dirigente iria a Manaus hoje para a Copa América.
"No meu modelo de gestão,
todos têm liberdade para tomar
decisões. Mas os jogadores são
meus amigos e conversam comigo. O Ricardinho poderia ter
sido mais paciente. Já estava
tudo resolvido. Vamos dar tempo ao tempo", declarou ele.
Giba e Anderson também
iriam a Manaus para participar
de ações promocionais.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Grand Prix: Time feminino encara Taiwan pela 3ª vez Índice
|