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Em corrida com os três melhores, Bolt sobra e é elogiado
Principais ameaças, Gay e Powell admitem superioridade do concorrente na prova mais rápida e nobre do atletismo
Prata, americano se diz feliz com o resultado e que pode voltar a ser o melhor; bronze, compatriota declara que campeão corre "feito bala"
DO ENVIADO A BERLIM
A disputa da final dos 100 m
no Mundial de Berlim ganhou
ainda mais importância por
reunir, pela primeira vez nesta
temporada, os jamaicanos
Usain Bolt e Asafa Powell e o
norte-americano Tyson Gay.
A última vez que os três dividiram a mesma pista foi em 31
de maio de 2008, quando Bolt
bateu seu primeiro recorde
mundial dos 100 m (9s72), na
final do GP de Nova York.
Apesar da rivalidade dentro
da pista, o respeito entre os três
homens mais rápidos do mundo é grande. Sempre quando
questionados, eles fazem questão de ressaltar a qualidade dos
maiores adversários.
Ontem, por exemplo, depois
de ficar com a medalha de prata, Gay era só elogios para Bolt.
"Fico feliz por ele ter vencido. Apesar de ele não ser imbatível, é muito bom. Infelizmente, sou um dos que têm de enfrentá-lo", afirmou ele, que
acha que ainda tem condições
de voltar a ser o número um.
Campeão mundial em Osaka,
em 2007, nos 100 m, nos 200 m
e no revezamento 4 x 100 m, o
velocista espera, em um futuro
próximo, render mais.
"É possível ainda baixar os
meus tempos. Sei que ainda tenho o que aperfeiçoar. Hoje
[ontem] fiz o meu melhor, mas
estava com dores [na virilha] e
não foi suficiente. Sabia que era
humanamente possível quebrar o recorde, uma pena que
não fui eu, mas estou feliz com
a corrida", declarou Gay, que
passará por exames para saber
se continuará no Mundial.
Bolt também mostrou ser
político e ressaltou a qualidade
dos concorrentes. "É sempre
muito divertido correr contra
eles. Tenho de treinar muito
para permanecer competitivo.
É uma batalha, mas eu gosto."
Considerado azarão na decisão de ontem, Powell mostrou
sua admiração por Bolt. "Eu
precisava da corrida perfeita
para vencer e não consegui. Fiz
o máximo que pude e não quero
minimizar o Bolt. Ele foi fantástico", elogiou o jamaicano.
O terceiro colocado fez questão de cumprimentar diversas
vezes o compatriota, dançar
com ele na pista e, na entrevista
coletiva, passar boa parte do
tempo trocando confidências.
"Ele [Bolt] corre demais, feito uma bala. Não pensei que ele
correria assim tão rápido aqui.
É muito bom ver um cara assim
ganhar e uma honra disputar
uma final ao lado dele."
Powell, ex-recordista mundial, chegou a ser cortado da delegação da Jamaica por não estar com o restante da equipe no
período de treinamento.
Como represália, a confederação jamaicana afastou o atleta, que só retornou por causa do
pedido do presidente da Iaaf (a
entidade que gerencia o atletismo mundial), o senegalês Lamine Diack, que queria o estádio Olímpico lotado.
Powell ainda integra a equipe
do revezamento 4 x 100 m, com
Bolt.
(JOSÉ EDUARDO MARTINS)
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