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FUTEBOL
Time gaúcho lidera o Brasileiro-02 com a terceira menor média de gols sofridos de todos os tempos na competição
Na defesa, Juventude tenta fazer história
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior surpresa do Brasileiro-02 tem um desempenho defensivo que ameaça fazer história.
Depois de dez jogos, o Juventude, líder da competição com seis
pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o São Paulo,
acumula apenas quatro gols sofridos, o que significa a fantástica
média de 0,40 por partida.
Em quase 1.500 campanhas na
história do Nacional, só em duas
vezes um time terminou uma edição da competição com uma marca menor do que essa.
Isso ainda no retrancado futebol da década de 70 -Palmeiras,
em 1973, e Corinthians, em
1977- e numa época em que o
torneio era recheado de times
inexpressivos de toda a nação por
pressões políticas.
"O nosso sistema está baseado
no posicionamento. Temos um
rigor tático que nunca vi", diz Ricardo Gomes, técnico do Juventude desde o primeiro semestre.
Os gaúchos brilham na defesa
com um esquema, no papel, que
nem chega perto de ser classificado como retranqueiro. O time,
que não sofreu gols em sete dos
dez jogos que fez, joga hoje com
um só volante de origem e mais
três meias. Para Ricardo Gomes, o
que ajuda foram os conhecimentos que adquiriu como um dos
mais famosos zagueiros do país
na década de 80. "Fui zagueiro.
Acho que isso ajuda", diz.
Apesar de escalar um time com
poucos jogadores defensivos, o
Juventude realmente tem forte
poder de marcação.
Antes da rodada do último final
de semana, segundo o Datafolha,
o time era o nono melhor nos desarmes (média de 136,2 por jogo).
O clube também apela bastante às
faltas -média de 28,3 por partida, a sexta maior do Nacional.
Na história do Brasileiro, entretanto, a defesa mais eficiente não é
o caminho mais fácil para o título.
Das 31 edições já disputadas, o
time com a menor média de gols
sofridos foi campeão em apenas
cinco oportunidades -uma delas com o Fluminense em 1984,
que tinha Ricardo Gomes como
zagueiro. O último a conseguir tal
proeza foi o São Paulo de Telê
Santana, em 1991.
Força no ataque
Nos últimos anos, o que realmente valeu foi ter um bom ataque. Das últimas dez edições no
Nacional, cinco tiveram como
campeão o time com maior média de gols anotados, incluindo o
Atlético-PR no ano passado.
Nesse ponto, o líder Juventude
não vai tão bem. Com uma média
de 1,5 gol feito por confronto, o
clube tem apenas a 12ª maior artilharia do Brasileiro-02.
Com um retrospecto histórico
desses e dirigindo um time que
nunca passou das quartas-de-final do Brasileiro, Ricardo Gomes
nem pensa em título.
"Não estou preocupado em ser
campeão", diz ele, que também
não garante a classificação do seu
time para as finais. "Ainda faltam
muitos pontos, não dá para pensar em classificação", diz, precavido, o treinador.
Para o comandante do time
gaúcho, o desempenho geral da
sua equipe, entretanto, não é tão
surpreendente.
"É possível fazer uma campanha dessas sem estrelas, mas impossível sem bons jogadores", diz,
elogiando seu jovem time.
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