São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Time gaúcho lidera o Brasileiro-02 com a terceira menor média de gols sofridos de todos os tempos na competição

Na defesa, Juventude tenta fazer história

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior surpresa do Brasileiro-02 tem um desempenho defensivo que ameaça fazer história.
Depois de dez jogos, o Juventude, líder da competição com seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o São Paulo, acumula apenas quatro gols sofridos, o que significa a fantástica média de 0,40 por partida.
Em quase 1.500 campanhas na história do Nacional, só em duas vezes um time terminou uma edição da competição com uma marca menor do que essa.
Isso ainda no retrancado futebol da década de 70 -Palmeiras, em 1973, e Corinthians, em 1977- e numa época em que o torneio era recheado de times inexpressivos de toda a nação por pressões políticas.
"O nosso sistema está baseado no posicionamento. Temos um rigor tático que nunca vi", diz Ricardo Gomes, técnico do Juventude desde o primeiro semestre.
Os gaúchos brilham na defesa com um esquema, no papel, que nem chega perto de ser classificado como retranqueiro. O time, que não sofreu gols em sete dos dez jogos que fez, joga hoje com um só volante de origem e mais três meias. Para Ricardo Gomes, o que ajuda foram os conhecimentos que adquiriu como um dos mais famosos zagueiros do país na década de 80. "Fui zagueiro. Acho que isso ajuda", diz.
Apesar de escalar um time com poucos jogadores defensivos, o Juventude realmente tem forte poder de marcação.
Antes da rodada do último final de semana, segundo o Datafolha, o time era o nono melhor nos desarmes (média de 136,2 por jogo). O clube também apela bastante às faltas -média de 28,3 por partida, a sexta maior do Nacional.
Na história do Brasileiro, entretanto, a defesa mais eficiente não é o caminho mais fácil para o título.
Das 31 edições já disputadas, o time com a menor média de gols sofridos foi campeão em apenas cinco oportunidades -uma delas com o Fluminense em 1984, que tinha Ricardo Gomes como zagueiro. O último a conseguir tal proeza foi o São Paulo de Telê Santana, em 1991.

Força no ataque
Nos últimos anos, o que realmente valeu foi ter um bom ataque. Das últimas dez edições no Nacional, cinco tiveram como campeão o time com maior média de gols anotados, incluindo o Atlético-PR no ano passado.
Nesse ponto, o líder Juventude não vai tão bem. Com uma média de 1,5 gol feito por confronto, o clube tem apenas a 12ª maior artilharia do Brasileiro-02.
Com um retrospecto histórico desses e dirigindo um time que nunca passou das quartas-de-final do Brasileiro, Ricardo Gomes nem pensa em título.
"Não estou preocupado em ser campeão", diz ele, que também não garante a classificação do seu time para as finais. "Ainda faltam muitos pontos, não dá para pensar em classificação", diz, precavido, o treinador.
Para o comandante do time gaúcho, o desempenho geral da sua equipe, entretanto, não é tão surpreendente.
"É possível fazer uma campanha dessas sem estrelas, mas impossível sem bons jogadores", diz, elogiando seu jovem time.


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