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FUTEBOL
Projeto de lei, que precisa ser votado até 15 de novembro, mira clubes
Relator contraria governo e poupa CBF de balanços
DA REPORTAGEM LOCAL
Encarregado de transformar
em projeto de lei a MP39, chamada por seus criadores de "MP da
moralização do esporte", o deputado Ronaldo Cezar Coelho
(PSDB-RJ) entregou ontem à Mesa Diretora da Câmara seu texto
final, que desobriga a CBF e as federações de virarem empresa e de
publicarem balanços anuais.
Apenas os clubes de médio
grande porte seriam obrigados a
ver suas contas fiscalizadas por
auditorias externas.
O texto entregue ontem por
Coelho, que teve outras 11 versões
anteriores, prevê que os times
com receita bruta anual maior
que R$ 1,8 milhão terão que virar
empresas ou constituir uma sociedade comercial para gerir seus
departamentos de futebol para
estar em acordo com a lei.
"Isso é inconstitucional. Não se
pode obrigar um clube a virar empresa. E não entendo por que a
CBF foi poupada de publicar balanços", afirmou José Luiz Portella, secretário-executivo do Ministério do Esporte, que pediu mais
tempo para comentar o texto de
Coelho com maior profundidade.
O deputado tucano se defende.
Diz que CBF e federações não têm
que virar empresa porque não
praticam atividades comerciais.
"A CBF não vende jogadores, não
entra em campo. Meu projeto define o futebol profissional como
atividade comercial. A CBF terá,
sim, que enviar à Receita Federal
todos os contratos de transferência. Isso põe um farol sobre a CBF.
Se houver irregularidade, a Receita terá como agir", disse Coelho.
O documento entregue por
Coelho terá que ser votado em
plenário até 15 de novembro. Até
lá, a MP39 trancará a pauta na Câmara -nenhum outro projeto
poderá ser votado antes dela.
Caso os deputados não votem a
proposta do tucano até 15 de novembro, a MP "caducará". Neste
caso, o governo não poderá voltar
a editá-la, e a missão de fazer alterações na Lei Pelé ficará para o
próximo presidente.
Para ser aprovado, o projeto de
Coelho terá que receber em plenário 257 votos a favor, metade
mais um dos deputados.
Outra crítica feita por setores do
governo ao texto de Coelho diz
respeito aos crimes que impediriam os dirigentes de permanecerem no comando dos clubes. Segundo eles, não estão inseridos os
crimes de apropriação indébita,
furto, estelionato e sonegação fiscal como motivadores para a destituição dos dirigentes.
O documento cita como crimes
que serviriam para destituir dirigentes o falimentar, a prevaricação, a concussão, o peculato e crimes contra os sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a economia
popular e a propriedade.
"O Congresso Nacional é bom
por isso. Se acharem que convém
incluir outros crimes, como o
não-pagamento de pensão alimentícia, como motivadores de
destituição, ótimo. Meu projeto é
moralizador. O mau dirigente
não poderá continuar no poder",
declarou Coelho. Ainda de acordo com seu documento, serão os
sócios dos clubes os responsáveis
pelo afastamento dos dirigentes.
Na prática, no entanto, isso significa que muitos cartolas continuarão no comando dos times
mesmo tendo cometido crime,
uma vez que invariavelmente eles
têm maioria nos conselhos que
determinam o impeachment.
Coelho usa também como argumento de que quer moralizar o esporte o fato de ter incluído em seu
texto final a indisponibilidade dos
bens dos dirigentes que causarem
prejuízo às instituições esportivas, sejam elas clubes, confederações, federações ou ligas.
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