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AUTOMOBILISMO
Bernie Ecclestone estuda proposta de Chris Pook, presidente da Cart, e pode extinguir F-3000 em 2003
Em crise, Indy quer se tornar escola da F-1
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à polêmica intenção
da FIA (entidade máxima do automobilismo) de alterar o regulamento da F-1 para o ano que vem,
uma nova manobra de Bernie Ecclestone passa despercebida.
O homem-forte da categoria estuda a possibilidade de assumir a
direção da Indy, que hoje vive a
pior crise de sua história. A oferta
foi feita pelo presidente da Cart
(entidade que comanda o campeonato), Chris Pook, com quem
Ecclestone dividiria o negócio.
Esmagada pela rival IRL nos últimos dois anos, a categoria americana vê, em Ecclestone, sua redenção. A idéia de Pook, que vem
sendo analisada pelo inglês, é
transformar a Indy numa categoria-escola para a F-1, substituindo
a decadente F-3000 Internacional.
"O importante, agora, é que nós
já estamos sendo reconhecidos
como formadores de talentos para a F-1. Os exemplos de Montoya
e Villeneuve são claros. E, para
2003, ainda estaremos exportando o Da Matta", afirmou Pook,
em Miami, no início do mês, lançando os alicerces de seu projeto.
De lá para cá, reuniões com Ecclestone se tornaram frequentes.
Campeão da Indy em 95, Jacques Villeneuve transferiu-se para a F-1 no ano seguinte, alcançando sucesso imediato: foi vice
em 96 e levou o título em 97.
Juan Pablo Montoya seguiu trilha parecida. Conquistou o título
da Indy em 99 e arranjou uma vaga na Williams no ano passado.
Embora tenha vencido apenas
um GP até agora, é um dos personagens mais populares da F-1.
Cristiano da Matta será a próxima cria da Indy na F-1. Nos próximos dias, o campeão desta temporada deve ser anunciado oficialmente como piloto da Toyota.
"A F-3000 e os diversos campeonatos de F-3 pela Europa estão
passando por dificuldades. Cada
vez mais, pilotos e empresários
europeus estão nos procurando",
completou Pook, em Miami.
Seu argumento tem base. Disputada desde 1995, a F-3000 vem
perdendo espaço nos últimos
anos. Seu erro foi não ter acompanhado a evolução técnica da F-1.
O resultado é que a categoria vem
cada vez menos cumprindo sua
função de formar talentos.
Nas últimas temporadas, poucos pilotos saíram da F-3000 para
a F-1. Do ano passado para este, o
único a se transferir direto de uma
categoria para outra foi Mark
Webber. Mesmo assim, só conseguiu uma vaga na nanica Minardi.
Outras "exceções" nos últimos
anos foram Nick Heidfeld (em
2000) e Fernando Alonso (2001).
De resto, o que se viu foi a desmoralização da F-3000, com vários pilotos saltando a categoria. A
atual onda começou quando Jenson Button passou direto da F-3
inglesa para a F-1. O ápice foi a
contratação de Kimi Raikkonen
pela Sauber em 2001 -o finlandês havia corrido só a F-Renault.
A anexação da Indy funcionaria, ainda, como um trunfo político para Ecclestone. Com a categoria nas mãos, o dirigente teria
mais margem de manobra para
negociar com as montadoras.
Descontentes com a divisão das
verbas na F-1, gigantes como
BMW, Ford, Daimler-Chrysler e
Fiat ameaçam criar um campeonato próprio a partir de 2008.
A disputa promete ser dura.
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