São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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AUTOMOBILISMO

Bernie Ecclestone estuda proposta de Chris Pook, presidente da Cart, e pode extinguir F-3000 em 2003

Em crise, Indy quer se tornar escola da F-1

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à polêmica intenção da FIA (entidade máxima do automobilismo) de alterar o regulamento da F-1 para o ano que vem, uma nova manobra de Bernie Ecclestone passa despercebida.
O homem-forte da categoria estuda a possibilidade de assumir a direção da Indy, que hoje vive a pior crise de sua história. A oferta foi feita pelo presidente da Cart (entidade que comanda o campeonato), Chris Pook, com quem Ecclestone dividiria o negócio.
Esmagada pela rival IRL nos últimos dois anos, a categoria americana vê, em Ecclestone, sua redenção. A idéia de Pook, que vem sendo analisada pelo inglês, é transformar a Indy numa categoria-escola para a F-1, substituindo a decadente F-3000 Internacional.
"O importante, agora, é que nós já estamos sendo reconhecidos como formadores de talentos para a F-1. Os exemplos de Montoya e Villeneuve são claros. E, para 2003, ainda estaremos exportando o Da Matta", afirmou Pook, em Miami, no início do mês, lançando os alicerces de seu projeto.
De lá para cá, reuniões com Ecclestone se tornaram frequentes.
Campeão da Indy em 95, Jacques Villeneuve transferiu-se para a F-1 no ano seguinte, alcançando sucesso imediato: foi vice em 96 e levou o título em 97.
Juan Pablo Montoya seguiu trilha parecida. Conquistou o título da Indy em 99 e arranjou uma vaga na Williams no ano passado. Embora tenha vencido apenas um GP até agora, é um dos personagens mais populares da F-1.
Cristiano da Matta será a próxima cria da Indy na F-1. Nos próximos dias, o campeão desta temporada deve ser anunciado oficialmente como piloto da Toyota.
"A F-3000 e os diversos campeonatos de F-3 pela Europa estão passando por dificuldades. Cada vez mais, pilotos e empresários europeus estão nos procurando", completou Pook, em Miami.
Seu argumento tem base. Disputada desde 1995, a F-3000 vem perdendo espaço nos últimos anos. Seu erro foi não ter acompanhado a evolução técnica da F-1. O resultado é que a categoria vem cada vez menos cumprindo sua função de formar talentos.
Nas últimas temporadas, poucos pilotos saíram da F-3000 para a F-1. Do ano passado para este, o único a se transferir direto de uma categoria para outra foi Mark Webber. Mesmo assim, só conseguiu uma vaga na nanica Minardi.
Outras "exceções" nos últimos anos foram Nick Heidfeld (em 2000) e Fernando Alonso (2001).
De resto, o que se viu foi a desmoralização da F-3000, com vários pilotos saltando a categoria. A atual onda começou quando Jenson Button passou direto da F-3 inglesa para a F-1. O ápice foi a contratação de Kimi Raikkonen pela Sauber em 2001 -o finlandês havia corrido só a F-Renault.
A anexação da Indy funcionaria, ainda, como um trunfo político para Ecclestone. Com a categoria nas mãos, o dirigente teria mais margem de manobra para negociar com as montadoras.
Descontentes com a divisão das verbas na F-1, gigantes como BMW, Ford, Daimler-Chrysler e Fiat ameaçam criar um campeonato próprio a partir de 2008.
A disputa promete ser dura.


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