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FUTEBOL
Cumpra-se!
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Cair para a segunda divisão
não é absolutamente desejável, sob qualquer ponto de vista.
Tem gente que até acha que um
fracasso retumbante "seria bom
para aprender", mas será que alguém aprenderia alguma coisa
pra valer? Algumas pessoas torciam para o Brasil não se classificar para a Copa para que o futebol fosse passado a limpo.
Nunca acreditei nisso -pode-se aprender muito com um fracasso, mas não é garantido. Se o
Brasil perdesse uma repescagem
contra a Austrália e não fosse à
Coréia do Sul, o que seria mais
provável: a cúpula da CBF fazer
uma autocrítica e dizer "o planejamento foi um lixo" ou um jogador ser escolhido para Cristo por
ter perdido um pênalti?
Mas cair para a segundona
também não é uma tragédia. É do
jogo, é da vida. Às vezes, a gente
perde -o emprego, o namorado,
a bolsa na faculdade... Até perder
o ônibus deixa o cidadão com cara de tacho! Perder um jogo também é muito chato; perder a vaga
entre os oito classificados é frustrante. Perder o direito de jogar a
Série A, então, é horroroso. Mas
faz parte do negócio; temos sempre de sobreviver às perdas.
Quando você entra em uma
brincadeira, precisa aceitar as regras. Ninguém quer perder, mas é
impossível que todos ganhem
(dã...). (Tá, é óbvio, mas, às vezes,
não parece!). Quase todo mundo
começa a temporada sonhando
com o título; só um ou outro mais
modesto ou realista torce para
"não fazer feio". Mas só um dos
postulantes vai realizar o sonho.
Há quem diga que o vice-campeão é apenas o primeiro dos perdedores...
Entre todos os perdedores, alguns perdem mais do que os outros, e o pior entre os piores precisa cumprir o combinado: pegar
seu boné e dar o lugar para quem
vem de baixo. É desagradável,
mas alguém tem de "sobrar".
Seja qual for sua história, sua
glória, seu potencial mercadológico, time rebaixado tem de cair! A
Holanda perdeu da Irlanda e ficou em terceiro no grupo? Bye
bye, não foi para a Copa!
É assim que funciona.
Se Palmeiras cair mesmo, o que
vai acontecer em 2003? Bom, talvez a torcida despreze o time no
começo e deixe de ir ao estádio.
Mas, aos poucos, quem tem amor
de verdade (na alegria e na tristeza, na saúde e na doença) vai perceber o seguinte: para voltar à elite, o Palmeiras (ou Vasco, ou
qualquer outro) PRECISA ser finalista. Não tem escolha, tem de
ser campeão ou vice. Como a missão é difícil -quem disse que não
tem time bom na Série B? O campeonato é duro!-, a torcida pode
até crescer.
Não vou bancar a Polyana: na
Série B, os campos são ainda piores que na A e a arbitragem pode
ser mais problemática. As TVs
quase não mostram os jogos, e os
patrocinadores têm menos interesse, o que mata duas fontes de
renda. É um pepino, sim senhor.
Mas quais seriam as alternativas à queda? A única decente é:
jogar direitinho e pontuar o necessário. As outras: manipular resultados em campo (ai) ou virar a
mesa de novo (ui). E, da próxima
vez, decidir que ninguém cai. É
mais honesto, mas... e aí, ninguém sobe? Ou sobe e incha cada
vez mais o campeonato? Pode-se
também estabelecer que só os
"grandes" não caem -então o
Palmeiras fica em 26º e quem cai
é o 22º? Não dá!
De coração, eu digo: se tiver de
cair, que caia. No futebol, como
na vida, o que vale para os outros
tem de valer para mim também.
Razões de mercado?
Segundo Data-Paulo-Vinícius, comentarista-monstro
da ESPN Brasil, a média de
público da Série B em 1999 foi
superior à de todos os campeonatos da Série A de 1992
para cá, exceto a média do
próprio ano de 1999. Detalhe:
foi o ano em que o Flu jogou a
Série C. Quem disse que o
campeonato não sobrevive
sem os grandes?
Indignação
Muita gente já reclamou, e eu
também vou reclamar: COMO a Globo não passou a final do Mundial de vôlei, depois de dizer que ia passar?
Que absurda falta de respeito!
No Mundial feminino, a
emissora já tinha deixado a
torcida na mão -após transmitir ao vivo todos os jogos
da seleção na primeira fase,
resolveu não mostrar a disputa do quinto lugar e exibiu
uma "Sessão da Tarde". Que
conduta antiesportiva!
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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