São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Aposentadoria de Olivier Panis, 38, eleva ferrarista à condição de piloto mais velho no grid de Interlagos

Schumacher estréia como "vovô" no Brasil

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Heptcampeão mundial, recordista de vitórias, pontos e voltas mais rápidas da F-1, Michael Schumacher vai estrear uma nova condição no GP Brasil, em Interlagos, em uma semana: será o piloto mais velho do grid de largada.
Aos 35 anos (mais nove meses e 14 dias), o alemão ganhou esse "presente" de Olivier Panis, 38, que se despediu da categoria no GP do Japão, no último domingo.
É uma novidade na carreira do ferrarista, que nas última temporadas dividiu as pistas com veteranos como Jean Alesi, Heinz-Harald Frentzen e Panis. E sinal dos tempos: desde que surgiu na F-1, em 1991, aos 22 anos, ele sempre se destacou pela precocidade.
No GP da Bélgica de 92, um ano depois de sua estréia, Schumacher tornou-se o quarto piloto mais novo a vencer uma corrida. Tinha, então, 23 anos -depois disso, foi superado por Fernando Alonso, 22, e Kimi Raikkonen, 23.
Em 94, em Mônaco, tornou-se o sétimo mais jovem a conquistar uma pole. E, no final daquela temporada, por uma diferença pífia, assumiu o posto de segundo piloto mais precoce a conquistar o título. Tinha, naquele GP da Austrália, 25 anos, dez meses e dez dias. Era só duas semanas mais jovem do que o recordista, Emerson Fittipaldi, no GP dos EUA de 72.
A partir do GP Brasil, o ferrarista começará a duelar na outra ponta. E, logo de cara, já estreará entre os top ten dos veteranos: oficializado em Interlagos como heptacampeão, se tornará o nono mais velho a levantar um título.
Em se tratando de Schumacher, não deve, mesmo, parar por aí.
"A medicina esportiva evoluiu muito na última década. Com um bom trabalho, é possível aumentar a vida útil de um atleta", disse José Rubens D'Elia, formado em educação física, preparador do iatista Robert Scheidt e de pilotos como Mario Haberfeld (Champ Car) e Chico Serra (Stock Car).
"É possível que ele corra por mais dez anos, desde que não tenha nenhum grande trauma, como um acidente grave. O que limita muito a carreira de um piloto é o estresse. Enquanto ele não tiver nenhum concorrente forte e o carro der uma folga que lhe permita relaxar, ele não sentirá tanto o peso da idade", completou.
Vanderlei Pereira, preparador de Rubens Barrichello e Felipe Massa, acredita que o alemão tem condições de manter o ritmo por pelo menos mais cinco anos.
"Em competições de endurance, como a F-1 e a maratona, os atletas atingem o pico entre 28 e 34 anos, que é a faixa do Schumacher hoje. Aos 40, começa a haver uma queda da capacidade aeróbica e da massa muscular. Mas, até lá, se estiver motivado, ele poderá competir no nível de hoje", disse.
Em Interlagos, a média de idade do grid será de 27 anos. Depois de Schumacher, o mais velho hoje é David Coulthard, 33, sem emprego para o ano que vem, seguido por Jacques Villeneuve, apenas 12 dias mais novo, que correrá na Sauber em 2005. Barrichello, 32, é o próximo da lista. Os mais jovens serão Christian Klien, 21, Timo Glock, 22, e Gianmaria Bruni, 23.
E, como que para manter a rotina, Schumacher quebrará mais um jejum caso vença no domingo: há 12 anos o piloto mais velho do grid não ganha em Interlagos.
Em 92, a honra coube a Nigel Mansell, então com 38 anos. O segundo foi outro veterano, Riccardo Patrese, 37. Um jovem promissor, cara de moleque, foi o terceiro. Era seu segundo pódio na F-1 e ele vibrava como um louco. O seu nome, Michael Schumacher.


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