|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Vitória no GP da China coroa equipe francesa pela primeira vez e marca fim do mais longo Mundial de F-1
Alonso vence, dá título à Renault e canta
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
Ao término da mais longa temporada da história da F-1, música.
O rock "We are the Champions", cantado por Fernando
Alonso pelo rádio ao cruzar, vitorioso, a linha de chegada do GP da
China, na madrugada de ontem.
"La Marseillaise", o hino francês,
entoado pelos mecânicos da Renault pela inédita conquista do
Mundial de Construtores. E o menos nobre coro de "Puxa Alonso",
gritado por torcedores espanhóis
que invadiram o paddock para
celebrar o novo herói.
Música. Foi a forma que a categoria encontrou para desabafar,
para extravasar, após 19 GPs por
17 países em sete meses e meio.
Maratona que acabou em Xangai.
Primeiro, veio o clássico do
Queen. Largando da pole, seu intérprete liderou as 56 voltas da
corrida sem ser ameaçado e ganhou pela sétima vez no ano, fechando a temporada com o mesmo número de vitórias de Kimi
Raikkonen, rival e vice-campeão.
Terceiro no grid, o finlandês
não conseguiu acompanhar o ritmo do espanhol e terminou em
segundo lugar. Ralf Schumacher,
da Toyota, completou o pódio.
Depois de um GP do Japão eletrizante, a etapa chinesa foi monótona. O lance de maior emoção
ocorreu pouco antes da largada.
Foi inusitado: a caminho do
grid, aquecendo pneus, Michael
Schumacher e Christijan Albers
bateram com violência, destruindo os carros da Ferrari e da Minardi. Os dois tiveram que voltar
caminhando aos boxes, de onde
largaram com modelos-reserva.
"Todo mundo viu o que aconteceu e acho que foi vergonhoso para nós dois", disse o holandês.
"Essa esquisitice foi um desfecho
apropriado para um ano complicado", definiu o heptacampeão.
A FIA considerou Schumacher
culpado pela batida e o advertiu.
A corrida teve ainda outros dois
incidentes, mas com pilotos sem
chances de vitória. Na 18ª volta, a
tampa de um ralo na zebra da curva 10 se soltou e rasgou o pneu
dianteiro direito do McLaren de
Juan Pablo Montoya, quarto colocado. O safety-car interveio até
que o problema fosse consertado.
Nesse meio tempo, Schumacher
aprontou outra: mesmo em baixa
velocidade, rodou sozinho e foi
forçado a abandonar o GP.
A disputa foi retomada na 25ª
volta e, quatro giros depois, o safety-car teve que retornar à pista.
Dessa vez, o culpado foi Narain
Karthikeyan, 13º, que espatifou
seu Jordan no muro da curva 13.
Nada disso, porém, afetou
Alonso, que seguiu sem sustos para cruzar a linha de chegada. E
cantar. "Acho que a música diz
tudo. Foi uma temporada fantástica. Este título de construtores
não era crucial, mas será importante para que o time continue
motivado em 2006", declarou.
Do alto do pódio, abraçado ao
chefe Flavio Briatore, ouviu os
mecânicos cantarem os versos
que celebram a glória da pátria
francesa. Foi o caso ontem: cinco
vezes campeã do Mundial de
Construtores como fornecedora
de motores, faltava à Renault uma
conquista como escuderia.
Com o resultado na China, o time encerrou a disputa com nove
pontos de folga sobre a McLaren.
Por fim, Xangai teve uma amostra da festa que espera Alonso
nesta semana. Torcedores espanhóis tomaram o paddock e, carregando faixas de agradecimento
ao piloto, comemoraram o fim de
ano com coros de apoio.
Na sexta-feira, o campeão da F-1
deve pisar na Espanha pela primeira vez desde a conquista do
Mundial. E no sábado aparecerá
no balcão de um prédio histórico
da praça Escandalera, na sua
Oviedo, para saldar sua torcida.
Que certamente cantará, até o
momento de silenciar à espera do
início do próximo Mundial.
Quando o mundo poderá constatar se Alonso chegou para ficar
ou se foi apenas um sucesso passageiro, cantor de um hit só.
Texto Anterior: Time vê falta de tranqüilidade Próximo Texto: Barrichello diz adeus à Ferrari e recebe veto Índice
|