São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Vitória no GP da China coroa equipe francesa pela primeira vez e marca fim do mais longo Mundial de F-1

Alonso vence, dá título à Renault e canta

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Ao término da mais longa temporada da história da F-1, música.
O rock "We are the Champions", cantado por Fernando Alonso pelo rádio ao cruzar, vitorioso, a linha de chegada do GP da China, na madrugada de ontem. "La Marseillaise", o hino francês, entoado pelos mecânicos da Renault pela inédita conquista do Mundial de Construtores. E o menos nobre coro de "Puxa Alonso", gritado por torcedores espanhóis que invadiram o paddock para celebrar o novo herói.
Música. Foi a forma que a categoria encontrou para desabafar, para extravasar, após 19 GPs por 17 países em sete meses e meio. Maratona que acabou em Xangai.
Primeiro, veio o clássico do Queen. Largando da pole, seu intérprete liderou as 56 voltas da corrida sem ser ameaçado e ganhou pela sétima vez no ano, fechando a temporada com o mesmo número de vitórias de Kimi Raikkonen, rival e vice-campeão.
Terceiro no grid, o finlandês não conseguiu acompanhar o ritmo do espanhol e terminou em segundo lugar. Ralf Schumacher, da Toyota, completou o pódio.
Depois de um GP do Japão eletrizante, a etapa chinesa foi monótona. O lance de maior emoção ocorreu pouco antes da largada.
Foi inusitado: a caminho do grid, aquecendo pneus, Michael Schumacher e Christijan Albers bateram com violência, destruindo os carros da Ferrari e da Minardi. Os dois tiveram que voltar caminhando aos boxes, de onde largaram com modelos-reserva.
"Todo mundo viu o que aconteceu e acho que foi vergonhoso para nós dois", disse o holandês. "Essa esquisitice foi um desfecho apropriado para um ano complicado", definiu o heptacampeão.
A FIA considerou Schumacher culpado pela batida e o advertiu.
A corrida teve ainda outros dois incidentes, mas com pilotos sem chances de vitória. Na 18ª volta, a tampa de um ralo na zebra da curva 10 se soltou e rasgou o pneu dianteiro direito do McLaren de Juan Pablo Montoya, quarto colocado. O safety-car interveio até que o problema fosse consertado.
Nesse meio tempo, Schumacher aprontou outra: mesmo em baixa velocidade, rodou sozinho e foi forçado a abandonar o GP.
A disputa foi retomada na 25ª volta e, quatro giros depois, o safety-car teve que retornar à pista. Dessa vez, o culpado foi Narain Karthikeyan, 13º, que espatifou seu Jordan no muro da curva 13.
Nada disso, porém, afetou Alonso, que seguiu sem sustos para cruzar a linha de chegada. E cantar. "Acho que a música diz tudo. Foi uma temporada fantástica. Este título de construtores não era crucial, mas será importante para que o time continue motivado em 2006", declarou.
Do alto do pódio, abraçado ao chefe Flavio Briatore, ouviu os mecânicos cantarem os versos que celebram a glória da pátria francesa. Foi o caso ontem: cinco vezes campeã do Mundial de Construtores como fornecedora de motores, faltava à Renault uma conquista como escuderia.
Com o resultado na China, o time encerrou a disputa com nove pontos de folga sobre a McLaren.
Por fim, Xangai teve uma amostra da festa que espera Alonso nesta semana. Torcedores espanhóis tomaram o paddock e, carregando faixas de agradecimento ao piloto, comemoraram o fim de ano com coros de apoio.
Na sexta-feira, o campeão da F-1 deve pisar na Espanha pela primeira vez desde a conquista do Mundial. E no sábado aparecerá no balcão de um prédio histórico da praça Escandalera, na sua Oviedo, para saldar sua torcida.
Que certamente cantará, até o momento de silenciar à espera do início do próximo Mundial.
Quando o mundo poderá constatar se Alonso chegou para ficar ou se foi apenas um sucesso passageiro, cantor de um hit só.


Texto Anterior: Time vê falta de tranqüilidade
Próximo Texto: Barrichello diz adeus à Ferrari e recebe veto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.