São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Secretaria dos Esportes aponta irregularidades em contratos firmados pelo ex-administrador José de Assis Aragão

Prefeitura vê erro de ex-juiz no Pacaembu

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

No momento em que a arbitragem brasileira é sacudida pelo escândalo da fabricação de resultados, o presidente da associação nacional da categoria, José de Assis Aragão, vê sua administração no complexo do Pacaembu ser acusada de irregularidades pela Secretaria Municipal de Esportes.
Relatório de uma comissão nomeada pelo ex-secretário Marquinho Tortorello afirma que, na gestão de Aragão, afastado do cargo de administrador do estádio, houve irregularidade na contratação de uma empresa que comercializa alimentos. O documento, ao qual a Folha teve acesso, relata também indícios de outros procedimentos irregulares.
Há suspeitas de concorrências fraudulentas e de desvio de parte do dinheiro cobrado no aluguel do estádio, que deveria ser usado para o pagamento de funcionários do local. A conclusão da comissão foi proferida no dia 23 de maio e determinou a abertura de uma sindicância pelo Proced, órgão ligado à Secretaria de Negócios Jurídicos, que investiga atos de funcionários da prefeitura.
Na semana retrasada, foi publicada no Diário Oficial do Município determinação para que essas investigações sejam concluídas em 60 dias. A ordem é do prefeito José Serra, que afastou Aragão sob a alegação de que ele não impediu que um show musical durasse mais do que o combinado. A demissão ocorreu cerca de quatro meses após o relatório desfavorável ao ex-juiz ser feito.
A partir de uma denúncia anônima, feita à Ouvidoria Geral do Município, a comissão constituída pelo ex-secretário chegou à conclusão que Aragão permitiu que uma empresa, autorizada, firmasse contrato com uma outra para que ela vendesse alimentos no estádio, sem anuência da Secretaria de Esportes. As suspeitas de licitações fraudadas foram levantadas pelo fato de as mesmas empresas vencerem os processos, sempre disputados por três firmas. Também pela maneira semelhante como as propostas foram escritas. Apresentam os mesmo erros de acentuação.
Há indícios de que firmas fantasmas participavam dos processos de licitação, apenas para assegurar que haveria disputa.
No material entregue ao Proced estão fotos que mostram que o endereço de empresas apresentados nas propostas pertencem na verdade a outras firmas.
As suspeitas de irregularidades nas concorrências envolvem outro ex-árbirtro, Ansel Lankman. Ele é dono da Lank Engenharia, vencedora de muitas delas.
Outra acusação é referente ao quadro móvel (grupo de funcionários que trabalham quando estariam de folga). O ex-árbitro é acusado de cobrar de quem aluga o estádio um preço maior do que o repassado a cada um desses funcionários. O relatório da comissão não faz nenhuma menção a essa suposta irregularidade.
Há a acusação de que o ex-administrador alugava o campo e quadras do Pacaembu sem repassar o dinheiro ao município.
Os vereadores estranharam o fato de haver uma investigação, até então sigilosa, sobre a administração de Aragão, instalada antes de ele ser demitido por outro motivo. O vereador Aurélio Miguel pediu explicações à secretaria sobre o caso. A intenção é tornar de conhecimento dos vereadores o que aconteceu no estádio. Até agora não obteve resposta, mas, após o pedido, houve a publicação no Diário Oficial do prazo para a conclusão do processo.


Texto Anterior: Futebol - Juca Kfouri: Ode a Carlitos Tevez
Próximo Texto: Outro lado: Ex-árbitro nega acusações e ter lido relatório
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.