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FUTEBOL
Secretaria dos Esportes aponta irregularidades em contratos firmados pelo ex-administrador José de Assis Aragão
Prefeitura vê erro de ex-juiz no Pacaembu
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
No momento em que a arbitragem brasileira é sacudida pelo escândalo da fabricação de resultados, o presidente da associação
nacional da categoria, José de Assis Aragão, vê sua administração
no complexo do Pacaembu ser
acusada de irregularidades pela
Secretaria Municipal de Esportes.
Relatório de uma comissão nomeada pelo ex-secretário Marquinho Tortorello afirma que, na gestão de Aragão, afastado do cargo
de administrador do estádio,
houve irregularidade na contratação de uma empresa que comercializa alimentos. O documento,
ao qual a Folha teve acesso, relata
também indícios de outros procedimentos irregulares.
Há suspeitas de concorrências
fraudulentas e de desvio de parte
do dinheiro cobrado no aluguel
do estádio, que deveria ser usado
para o pagamento de funcionários do local. A conclusão da comissão foi proferida no dia 23 de
maio e determinou a abertura de
uma sindicância pelo Proced, órgão ligado à Secretaria de Negócios Jurídicos, que investiga atos
de funcionários da prefeitura.
Na semana retrasada, foi publicada no Diário Oficial do Município determinação para que essas
investigações sejam concluídas
em 60 dias. A ordem é do prefeito
José Serra, que afastou Aragão
sob a alegação de que ele não impediu que um show musical durasse mais do que o combinado. A
demissão ocorreu cerca de quatro
meses após o relatório desfavorável ao ex-juiz ser feito.
A partir de uma denúncia anônima, feita à Ouvidoria Geral do
Município, a comissão constituída pelo ex-secretário chegou à
conclusão que Aragão permitiu
que uma empresa, autorizada, firmasse contrato com uma outra
para que ela vendesse alimentos
no estádio, sem anuência da Secretaria de Esportes. As suspeitas
de licitações fraudadas foram levantadas pelo fato de as mesmas
empresas vencerem os processos,
sempre disputados por três firmas. Também pela maneira semelhante como as propostas foram escritas. Apresentam os mesmo erros de acentuação.
Há indícios de que firmas fantasmas participavam dos processos de licitação, apenas para assegurar que haveria disputa.
No material entregue ao Proced
estão fotos que mostram que o
endereço de empresas apresentados nas propostas pertencem na
verdade a outras firmas.
As suspeitas de irregularidades
nas concorrências envolvem outro ex-árbirtro, Ansel Lankman.
Ele é dono da Lank Engenharia,
vencedora de muitas delas.
Outra acusação é referente ao
quadro móvel (grupo de funcionários que trabalham quando estariam de folga). O ex-árbitro é
acusado de cobrar de quem aluga
o estádio um preço maior do que
o repassado a cada um desses funcionários. O relatório da comissão
não faz nenhuma menção a essa
suposta irregularidade.
Há a acusação de que o ex-administrador alugava o campo e
quadras do Pacaembu sem repassar o dinheiro ao município.
Os vereadores estranharam o
fato de haver uma investigação,
até então sigilosa, sobre a administração de Aragão, instalada antes de ele ser demitido por outro
motivo. O vereador Aurélio Miguel pediu explicações à secretaria sobre o caso. A intenção é tornar de conhecimento dos vereadores o que aconteceu no estádio.
Até agora não obteve resposta,
mas, após o pedido, houve a publicação no Diário Oficial do prazo para a conclusão do processo.
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