São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Brasil de Dunga abandona "fair play"

Seleção, que encara hoje o Equador pelas eliminatórias, tem cometido mais faltas e levado mais cartões com o técnico

Com o atual comandante, equipe nacional registra 30% a mais de infrações do que quando era orientada por Carlos Alberto Parreira

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Rio e o Maracanã ficaram sete anos sem a seleção. E hoje, quando revirem o time nacional, irão assistir a uma equipe que perdeu os bons modos.
O Brasil, que enfrenta o Equador no mítico estádio carioca, às 21h45, anda de mal com o "fair play" depois que Dunga assumiu o cargo.
A começar pelo próprio treinador, que em dois dias discutiu com dedo em riste com um cinegrafista, na Colômbia, e bateu boca com jornalistas. Também foi expulso antes de um amistoso, contra o México, por ofender de forma grosseira um árbitro norte-americano. Comportamento que parece ter contagiado seus atletas.
O Brasil de Dunga foi o time mais faltoso da Copa América. Na rodada de abertura das eliminatórias, também bateu o recorde de infrações -foram 25 no empate sem gols contra a Colômbia, em Bogotá.
Em competições oficiais, o time tem sob seu atual comando média de 22,3 faltas por jogo, ou 30% a mais do que cometia com Carlos Alberto Parreira.
A marca da equipe com o ex-treinador em jogos oficiais deixaria a seleção como o time menos faltoso do atual Brasileiro. A de Dunga a colocaria entre as 12 mais violentas do Nacional.
A arbitragem não vem perdoando as faltas e as reclamações. Kaká foi advertido contra os colombiano por se queixar do juiz Carlos Amarilla.
O número de amarelos em partidas oficiais quase dobrou em relação aos tempos de Parreira -passou de 1,78 por jogo com o ex-treinador para 3,29 na era Dunga. Em amistosos, o aumento também é substancial -de 0,79 para 1,14.
A Argentina, que muitos brasileiros adoram acusar de desleal e reclamona, teve, no mesmo número de partidas (seis) que o Brasil na Copa América, 37 faltas cometidas e nove cartões amarelos a menos.
Ontem, Dunga não falou sobre o jogo. No treino de reconhecimento do Maracanã, aproveitou para eternizar seus pés na calçada da fama do estádio -teve sua marca colocada ao lado da feita por Jorginho, seu auxiliar e companheiro de equipe na conquista do tetra.
Foi acompanhado no evento pelo secretário estadual de Esportes do Rio, Eduardo Paes, que já foi funcionário da CBF e com quem, antes do início do treino, vistoriou o gramado do estádio, que aparenta estar em melhores condições do que na semana passada, quando foi massacrado por Jorginho.
Por meio do site da CBF, fez média com a torcida carioca, que não se entusiasmou com a presença da seleção na cidade. O hotel que abriga o time está livre de fãs, e o treino de ontem, fugindo do que é normal para o time nos últimos anos, foi realizado com portões fechados.
"Quero retribuir a confiança depositada pelo público, que na semana anterior à partida já tinha comprado todos os ingressos disponíveis", disse Dunga sobre o duelo, rotulado como o "jogo das famílias" pela CBF.
A seleção começou a segunda rodada das eliminatórias dividindo o quarto lugar com Colômbia, Peru e Paraguai. Os quatro primeiros da América do Sul se classificam direto para a Copa de 2010; o quinto joga uma repescagem.
Após o jogo de hoje, o Brasil fecha a temporada 2007 das eliminatórias em novembro, contra Peru, em Lima, e Uruguai, no Morumbi. Depois, só joga em junho de 2008 pelo torneio.


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