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Superpoderoso
Com peso decisivo no destino de verbas públicas e privadas, COB assume funções antes fora de sua área de atuação, como a preparação de atletas
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Na lei, o Ministério do Esporte se tornou o órgão mais
poderoso na gestão do esporte de alto rendimento no Brasil, excluído o futebol.
Na prática, o COB (Comitê
Olímpico Brasileiro) dá as
cartas no projeto de transformar o país em potência olímpica nos Jogos do Rio-2016.
Desde a vitória da candidatura carioca à Olimpíada,
a entidade estendeu de forma muito mais intensa seu
braço da preparação do atleta até a destinação de todos
os recursos nesta área.
Em uma ponta, passou a
atuar diretamente na preparação de atletas, tarefa que
era das confederações até os
Jogos de Pequim, em 2008.
De outra, passou a ter
atuação decisiva sobre a aplicação de fontes de dinheiro
público, como o Bolsa Atleta,
recursos diretos do governo e
projetos na lei de incentivo,
além, claro, da Lei Piva. Até
investimentos privados têm
recebido o crivo do comitê
antes de chegar às confederações ou aos esportistas.
"Já que a gente assumia
[os resultados da Olimpíada],
ou davam para nós a responsabilidade do resultado bom
ou ruim, resolvemos e passamos a atuar com as confederações de forma mais ativa",
contou o superintendente de
esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, que cita como
uma das razões a vitória na
candidatura do Rio.
Antes de Pequim, o comitê
só investia em preparação de
atletas às vésperas dos Jogos.
De resto, repassava recursos
às confederações e gastava
com sua administração.
Agora, conversa com suas
filiadas de cada esporte para
montar um plano. Mas é o
COB quem dá a palavra final.
É o que fica claro quando
Freire é questionado sobre o
que acontece quando há discordância. "Toco o meu projeto 2016", disse ele. "Poucas
vezes isso aconteceu. Com
essa estrutura que temos,
temos um respeito. Um respaldo técnico muito forte."
Para isso, o COB está montando uma estrutura com um
laboratório e um centro de
treinamento para lutas em
prédio no Parque Aquático
Maria Lenk -no futuro, contará com um CT completo
montado pelo governo federal. Ainda foi formada uma
equipe com profissionais como psicólogos e fisiologistas.
Já são 14 esportistas treinando sob o comando do comitê até agora. Mas mesmo
outros competidores sofrem
influência direta do COB.
É um colegiado composto
por seis membros do comitê e
dois do ministério que decide
a destinação de aplicação de
recursos federais diretos nas
confederações, para além da
Lei Piva. Haverá R$ 40 milhões disponíveis só em 2010.
Com a aprovação do comitê, o governo repassa o dinheiro por meio de convênio.
A opinião do comitê olímpico também é ouvida sobre
projetos para confederações
nacionais apresentados à lei
de incentivo ao esporte.
"O colegiado é o aprovador técnico dos projetos das
confederações. Vem para cá
a pauta, e a gente diz as nossas prioridades. A gente não
escolhe nem aprova nada. A
gente diz, dos 50 projetos, esses dez são nossas prioridades", disse Freire.
No caso do Bolsa Atleta, a
lei ainda prevê que o COB seja ouvido para a definição
dos novos beneficiados.
Até patrocinadores privados, como um grande banco,
procuram o comitê para saber onde investir. O objetivo,
contou Freire, é ter uma política única para o esporte de
alto rendimento. Política essa que fica nas mãos do COB.
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