São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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MOTOCICLISMO

Com sua moto cor-de-rosa, teen brasiliense será a primeira mulher a disputar prova do Brasileiro de 125 cc

Raphaela, 12, quebra tabu em Interlagos

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Há três meses, ela não tinha estatura nem idade suficientes. "Mas deu uma espichada", conta a mãe. E hoje, do alto de seus 12 anos e de seu 1,50 m, Raphaela Del Bosco quebrará um tabu: se tornará a primeira mulher (ou menina) a alinhar uma moto no grid do Brasileiro, categoria 125 cc.
A largada da oitava e última etapa do Nacional será às 13h, no autódromo de Interlagos. E será fácil identificar a estreante. Ela pilota uma Honda. Toda cor-de-rosa.
"Sempre acompanhei meu irmão [Thiago, sétimo na classificação do mesmo campeonato" em todas as corridas, aí comecei a ter vontade de correr", afirma.
Incentivada pelo pai, o funcionário público Luis Eduardo, e pelo irmão, Raphaela começou a treinar há pouco mais de três meses no kartódromo de Brasília.
Ganhou então uma moto e pediu para a equipe de seu irmão, a Veloart, pintá-la de rosa, em alusão à personagem de desenho animado Penélope Charmosa.
Empolgada, tentou se inscrever no Brasileiro, mas ainda não tinha altura suficiente -para disputar a competição é preciso ter no mínimo 1,50 m e mais de 12 anos, além da autorização dos pais.
Teve que esperar até a última corrida do ano para poder fazer sua estréia. Sua intenção agora é correr a temporada de 2003 inteira, mas precisa de um patrocínio.
"Quero muito correr no ano que vem, mas meu pai não pode sustentar duas motos", lamenta.
A paixão de Raphaela pela velocidade começou cedo. Desde pequena ela sempre acompanhou a mãe, Cristina, às pistas para ver as corridas de moto do tio Valberto.
Criada ao lado de muitos meninos, Raphaela diz que sempre preferiu os carrinhos às bonecas. "As bonecas sempre foram só pra enfeitar meu quarto", diz.
Fã do italiano Valentino Rossi, atual campeão do Mundial de MotoGP, Raphaela afirma que não é muito vaidosa. "Às vezes, quando estou em casa, gosto de usar as bermudas do meu irmão, mas quando saio com as minhas amigas me arrumo um pouco."
Cursando a 5ª série de um colégio particular em Brasília, a piloto diz que suas amigas a chamam de maluca por correr de moto. "Elas acham que sou louca", explica.
Quanto ao possível preconceito e à resistência que pode sofrer dos outros pilotos, Raphaela não demonstra preocupação. "Sei que vai ter machismo, mas não me importo nada com isso. Estou muito empolgada."
Quando não está estudando, o lugar mais fácil para encontrá-la é o autódromo de Brasília, onde treina quase todos os dias. "Só não treino quando está chovendo." Se não está treinando, Raphaela gosta de brincar na rua, de preferência com os meninos.


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