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ATLETISMO
ING, patrocinadora da prova de NY, anuncia bolsa milionária e contraria Iaaf, que prega boicote e avalia ranking
Prêmios racham o circuito de maratonas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que era para ser o anúncio do
maior prêmio do mundo para
maratonistas se tornou o começo
do conflito entre a ING, uma financeira holandesa, e a Iaaf, entidade que comanda o atletismo.
Na Maratona de Nova York, no
começo do mês, a ING anunciou,
sem o aval da federação, a instituição de seu ranking. A classificação
levaria em conta o desempenho
nas principais provas de 42,195
km do mundo durante dois anos.
"Como entusiasta do esporte, é
um prazer introduzir um novo
ranking que tornará as maratonas
mais atrativas e despertará maior
interesse no público", afirmou
Ewald Kist, presidente da ING.
A empresa prevê uma premiação de US$ 1 milhão ao vencedor,
com mais US$ 700 mil sendo distribuídos entre os outros nove
mais bem colocados do ranking.
Fazem parte do calendário as
maratonas de Nova York, Bruxelas e Amsterdã -patrocinadas
pela ING-, as provas de Londres, Paris, Berlim, Chicago, Boston, Roterdã, Fukuoka, Osaka,
Pequim e Tóquio, além das disputas dos Jogos de Atenas-2004 e do
Mundial de Helsinque-2005.
A contagem de pontos começou
ontem, com a maratona da capital
japonesa, e vai até a prova de Nova York-2005. Inédita, a iniciativa
começou definhar após a ING ter
entrado em atrito com os organizadores de outras competições.
"Há um grande potencial de
conflito de patrocinadores. Mas o
mais importante é que acho que
um ranking como esse deve ser
feito e administrado por um grupo não-comercial e independente", criticou Guy Morse, diretor-executivo da Maratona de Boston.
O projeto citado por Morse já
está na mesa de Lamine Diack,
presidente da Iaaf, que quer criar
seu próprio ranking e premiação.
A entidade prevê uma classificação que leve em conta os resultados em todas as provas de rua,
não só maratona. O valor do prêmio deve ser bem inferior ao proposto pela ING. "Ainda não temos isso. Mas será similar ao concedido ao melhor atleta de pista:
US$ 100 mil", disse à Folha Nick
Davies, porta-voz da entidade.
Insatisfeita por não ter sido consultada, a federação incentivou o
boicote ao ranking concorrente.
Além de Boston, Londres, Chicago e Berlim também criticaram a
iniciativa. "Sem essas provas,
quatro das melhores do mundo, o
ranking da ING perde sustentação. Não sei qual será a credibilidade deles", provoca Davies.
A ING afirmou que pode substituir as maratonas rebeladas. Mas
sua classificação irá continuar.
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