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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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ATLETISMO

ING, patrocinadora da prova de NY, anuncia bolsa milionária e contraria Iaaf, que prega boicote e avalia ranking

Prêmios racham o circuito de maratonas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que era para ser o anúncio do maior prêmio do mundo para maratonistas se tornou o começo do conflito entre a ING, uma financeira holandesa, e a Iaaf, entidade que comanda o atletismo.
Na Maratona de Nova York, no começo do mês, a ING anunciou, sem o aval da federação, a instituição de seu ranking. A classificação levaria em conta o desempenho nas principais provas de 42,195 km do mundo durante dois anos.
"Como entusiasta do esporte, é um prazer introduzir um novo ranking que tornará as maratonas mais atrativas e despertará maior interesse no público", afirmou Ewald Kist, presidente da ING.
A empresa prevê uma premiação de US$ 1 milhão ao vencedor, com mais US$ 700 mil sendo distribuídos entre os outros nove mais bem colocados do ranking.
Fazem parte do calendário as maratonas de Nova York, Bruxelas e Amsterdã -patrocinadas pela ING-, as provas de Londres, Paris, Berlim, Chicago, Boston, Roterdã, Fukuoka, Osaka, Pequim e Tóquio, além das disputas dos Jogos de Atenas-2004 e do Mundial de Helsinque-2005.
A contagem de pontos começou ontem, com a maratona da capital japonesa, e vai até a prova de Nova York-2005. Inédita, a iniciativa começou definhar após a ING ter entrado em atrito com os organizadores de outras competições.
"Há um grande potencial de conflito de patrocinadores. Mas o mais importante é que acho que um ranking como esse deve ser feito e administrado por um grupo não-comercial e independente", criticou Guy Morse, diretor-executivo da Maratona de Boston.
O projeto citado por Morse já está na mesa de Lamine Diack, presidente da Iaaf, que quer criar seu próprio ranking e premiação.
A entidade prevê uma classificação que leve em conta os resultados em todas as provas de rua, não só maratona. O valor do prêmio deve ser bem inferior ao proposto pela ING. "Ainda não temos isso. Mas será similar ao concedido ao melhor atleta de pista: US$ 100 mil", disse à Folha Nick Davies, porta-voz da entidade.
Insatisfeita por não ter sido consultada, a federação incentivou o boicote ao ranking concorrente. Além de Boston, Londres, Chicago e Berlim também criticaram a iniciativa. "Sem essas provas, quatro das melhores do mundo, o ranking da ING perde sustentação. Não sei qual será a credibilidade deles", provoca Davies.
A ING afirmou que pode substituir as maratonas rebeladas. Mas sua classificação irá continuar.


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