São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Após quase precisar de uma "segunda chance" para ir à Copa-02, país passa por "recuperação" no caminho a Atenas

Brasil descobre enfim o que é repescagem

ENVIADO ESPECIAL A VIÑA DEL MAR

O que seria uma repescagem? "É uma segunda chance", explica Gomes, o goleiro titular da seleção brasileira sub-23.
Essa fase que alguns torneios reservam para equipes que não conseguiram inicialmente seus objetivos faz parte agora da história do chamado país do futebol.
Acostumado a se classificar por antecipação ou entre os primeiros colocados em quase todas as disputas que entra, o Brasil experimentará hoje uma situação que quase todas as demais seleções de grande nome já enfrentaram.
Alemanha, Argentina, Itália, Inglaterra, Uruguai, Espanha e Holanda tiveram que passar por repescagem nos últimos anos, em eliminatórias de Copa ou de torneio continental. O Brasil, por sua vez, nunca tinha precisado dessa "segunda chance" em uma tradicional competição.
"Se você comparar com a Copa, é uma quarta-de final, no caso uma oitava-de-final", diz o técnico Ricardo Gomes. "Você sabe que mudaram o regulamento, não sabe? No início, era para classificar os dois primeiros. Para nós, não é um jogo. São quatro jogos. Passando pela Colômbia, temos que continuar vencendo."
Ele conta com uma vitória sobre os colombianos para avançar ao quadrangular final do Pré-Olímpico -se isso acontecer, pegará a Argentina na quarta, o Chile na sexta e o vencedor da outra repescagem no próximo domingo.
"Vamos jogar como se estivéssemos no quadrangular final", disse o goleiro Gomes -um discurso afinado com o do técnico.
O treinador brasileiro viu na estréia do torneio o chefe da delegação, Branco, orientar seus atletas no vestiário. Depois, sofreu quando o técnico do Santos, Leão, ligou para o hotel da seleção para dar dicas de um melhor posicionamento para o zagueiro Alex.
O último a falar sobre a equipe de Gomes foi o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que mostrou anteontem grande descontentamento com o fato de a seleção sub-23 estar apenas por um jogo de não ir à Olimpíada.
"É a opinião do presidente. E parou por aí. Ele viu dessa forma. Respeito a opinião de todos", disse o treinador sobre as declarações de Teixeira, que elogiou o árbitro argentino que apitou o jogo com o Chile e criticou a falta de empenho do time. "Não faltou empenho. Faltou alguma coisa porque senão teríamos vencido. Empenho não faltou", falou Gomes na chegada a Viña del Mar.
O treinador disse que Ricardo Teixeira tem falado com ele com freqüência. "O presidente costuma me ligar após os jogos. Da última vez, ele não gostou do jogo [contra o Chile]. Gostou do primeiro tempo, mas não do segundo. É uma análise que todos nós fizemos também", afirmou.
Ricardo Gomes pode perder seu emprego ainda hoje se sua equipe não superar a Colômbia em 90 minutos ou na decisão por pênaltis -empate leva diretamente à disputa de penalidades.
O rival de hoje não será a Argentina, pois essa venceu a Colômbia por 4 a 2 anteontem e só espera pelo vencedor da primeira repescagem do selecionado brasileiro. "Se viesse a Argentina ou o Peru seria a mesma coisa", afirmou o lateral-direito Maicon.
Ao mesmo tempo que promete a classificação e fala com segurança de quatro jogos ainda no Pré-Olímpico, Ricardo Gomes mostra respeito pela Colômbia.
"Pelo que observei, é um time forte fisicamente. Será um grande jogo. O Cristóvão [auxiliar técnico] viajou para ver a partida dela contra a Argentina e nos dará mais informações."
O grupo mostra a mesma confiança do técnico. "Nos reunimos e conversamos muito. Estávamos abatidos, mas agora estamos confiantes", declarou Maxwell, lateral-esquerdo que está sendo quase tão contestado como o técnico. (RODRIGO BUENO)


NA TV - Brasil x Colômbia, ao vivo, às 18h, na Globo


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