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FUTEBOL
Promotoria vê indícios de lavagem de dinheiro na transferência de Alex
Itália investiga negócios
da Parmalat no esporte
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A promotoria italiana quer abrir
a caixa-preta do futebol. A suspeita é que a Parmalat tenha usado o
esporte para desviar recursos para empresas em paraísos fiscais e
também para lavar dinheiro.
A movimentação financeira e os
balanços do Parma servirão como
ponto de partida das investigações, já que, desde que Enrico
Bondi foi nomeado interventor
da multinacional, foi descoberta
uma série de irregularidades na
administração do time de futebol.
Balanços do clube italiano teriam sido manipulados e os valores declarados pela compra e venda de jogadores nos últimos quatro anos não bateriam com a entrada e saída de recursos do caixa.
Uma das irregularidades apontadas deu-se na contratação de
Alex, hoje no Cruzeiro. Segundo a
contabilidade do Parma, o meia
transferiu-se para a Itália por US$
15 milhões. O valor, no entanto,
não teria saído dos cofres do clube, o que levou a promotoria a
suspeitar de lavagem de dinheiro.
O Parma, que tem 98,7% de
suas ações em mãos da Parmalat,
era presidido por Stefano Tanzi,
filho de Calisto Tanzi, fundador e
ex-controlador da multinacional.
Nesta semana, promotores de
Milão devem pedir às autoridades
italianas que contatem os governos estrangeiros a fim de fazer o
cruzamento de dados das operações financeiras do clube de Parma com o exterior.
Segundo a promotoria, há indícios de que a manipulação de balanços começou no final dos anos
80. Como a aquisição do Parma
deu-se em 1990 e a partir daí a empresa passou a atuar forte no futebol, especialmente na América do
Sul, onde manteve contrato de co-gestão com o Palmeiras de 1992 a
2000, ela acha natural que o esporte se torne um dos focos das
investigações.
Giovanni Bonici, presidente do
Deportivo Italchacao, clube venezuelano administrado pela multinacional, foi preso. Principal executivo da Parmalat Venezuela e
da Bonlat, subsidiária da empresa
nas Ilhas Cayman, ele é acusado
de desvio e lavagem de dinheiro
por intermédio, inclusive, da
compra e venda de jogadores.
Recursos que supostamente seriam investidos no clube teriam
sido enviados para empresas em
paraísos fiscais.
Além das ações no futebol venezuelano, a Parmalat atuou no Brasil, onde tinha contrato também
com Juventude e Etti-Jundiaí e
patrocínio do Santa Cruz, na Argentina, Uruguai e Chile. Fez
ações também no Equador, Paraguai e Colômbia.
Mas seu principal investimento
foi mesmo no Parma, onde chegou a aplicar mais de US$ 1,5 bilhão. Tendo subido para a primeira divisão do Italiano em 1990,
mesmo ano em que passou para a
administração da Parmalat, o time tornou-se um dos principais
do país nos últimos anos.
Ganhou três vezes a Copa da
Itália (1991/92, 1998/99 e 2001/02),
uma a Supercopa da Europa
(1993), duas a Copa da Uefa
(1994/95 e 1998/99) e uma a Supercopa da Itália (1999).
Agora, porém, não sabe como
será o futuro. Com o pedido de
concordata da Parmalat, a prisão
de Calisto Tanzi, acusado, entre
outras coisas, de fraude contábil, e
o afastamento de seus familiares
do Parma, o clube procura novos
parceiros para poder se manter.
Antonio Marzano, ministro da
Indústria italiano, já sugeriu a
Enrico Bondi, especialista em sanear as finanças de empresas em
crise, que procure se desfazer do
time, tentando negociá-lo com
outros grupos da região.
Marzano alega que o futebol
não deve ser prioridade para uma
empresa que atua, primordialmente, no setor alimentício.
Bondi, no entanto, não concorda com ele e, apesar de o clube ter
fechado 2003 com prejuízo superior a US$ 90 milhões, acha que o
Parma, se bem administrado, tem
condições de gerar lucro.
Colaborou Luís Ferrari,
da Reportagem Local
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