|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS DE MESA
Confederação faz parceria com igreja e lança centro de treinamento para formar atletas sino-brasileiros
São Paulo terá chineses "made in Brazil"
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma parceria inédita entre a
CBTM (Confederação Brasileira
de Tênis de Mesa) e a igreja católica Sagrada Família de São Paulo
pretende atrair para a modalidade
jovens de ascendência chinesa. A
entidade alugou um salão anexo
ao templo, onde inaugura hoje
um novo centro de treinamento.
O objetivo é tentar revelar jogadores, oriundos de um universo
de cerca de 250 mil chineses e descendentes, que vivem na capital
paulista. O tênis de mesa é o esporte mais popular da China.
A iniciativa vai na contramão da
estratégia adotada por outros países e muito criticada pelos dirigentes e mesa-tenistas brasileiros
-naturalizar chineses já consagrados na modalidade.
"Somos contra [a importação
de jogadores], ainda que seja o caminho mais cômodo, que permitiria ao Brasil ter um Guga do tênis de mesa num piscar de olhos",
disse o presidente da CBTM,
Alaor Gaspar Pinto Azevedo.
Ele contou que o centro de treinamento -localizado no bairro
de Vila Olímpia e estruturado
com a verba da Lei Piva- receberá treinos da seleção durante o período da manhã. "Às noites, o local se transformará num clube
chinês", explicou o dirigente, que
pretende atrair o investimento de
empresas do país asiático.
Wei Jian Ren, técnico da seleção
feminina, será o encarregado do
projeto, que visa incrementar o
intercâmbio entre os países.
A meta de Azevedo é enviar duplas compostas por um jogador
brasileiro e outro sino-brasileiro
para estágios na China. "Assim o
nativo não sentiria tanto a barreira cultural de viver do outro lado
do mundo", justificou o presidente, que, pensando na Olimpíada
de 2008, em Pequim, se matriculou em um curso de chinês.
Hugo Hoyama, 34, atualmente
o melhor mesa-tenista brasileiro
-que tem ascendência japonesa-, louvou a iniciativa. "Uma
viagem para a China com alguém
que consegue se comunicar lá seria ótima. A maior dificuldade
que eu senti nas vezes em que estive naquele país foi transpor a barreira do idioma", disse o atleta.
O vínculo com a igreja foi estabelecido por Wei, que procurou o
padre Thomas Xiao Shihuj, 28,
para viabilizar o projeto.
"A idéia é muito boa. A igreja é
mais freqüentada por pessoas
mais velhas e o esporte ajuda a
atrair os jovens", falou o sacerdote, que vive no Brasil há sete anos.
Azevedo revelou também outro
interesse de Shihuj: converter para o catolicismo a população
egressa da China continental, onde a liberdade de culto religioso
sofreu restrições a partir da revolução comunista de 1949.
Questionado sobre essa estratégia, Shihuj se esquivou de abordar
o assunto. "Nosso público-alvo é
qualquer um que tenha sangue
chinês. Não fazemos restrição ou
esforço especial para converter
fiéis e não nos importamos com o
local onde nasceram. A palavra
católico significa universal", declarou o sacerdote, avesso a falar
sobre a política da China e a relação entre o país e Taiwan.
Texto Anterior: Futebol: Estaduais de GO, BA, PE e CE têm seu início hoje Próximo Texto: Naturalizado, técnico é contra a "importação" Índice
|