São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Recorde de Popov é superado

Australiano Eamon Sullivan obtém marca nos 50 m livre, o mais antigo entre os homens na natação

Novo mais rápido das piscinas, atleta passa a ser protagonista da prova e tenta fugir de sina que tem atingido estrelas do país


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eamon Sullivan sabia que poderia fazer um tempo próximo dos 22s, apesar de ser início de temporada. Ao finalizar os 50 m livre no Campeonato de Nova Gales do Sul, em Sydney, olhou o placar, ainda com a vista embaçada pelos óculos, e sofreu uma grande decepção.
"Achei que tinha feito 22s56 e pensei: "Que droga". Então, vi que era 21s e me surpreendi. Estou realmente muito, mas muito feliz", declarou Sullivan, logo após deixar a piscina.
Não era para menos. A façanha do jovem nadador, 22, o alçou ao olimpo da modalidade. É ele o novo homem mais rápido do mundo nas piscinas.
Com 21s56, o australiano superou o recorde mais antigo entre os homens na natação, que estava em poder do russo Alexander Popov havia oito anos.
Popov, legenda da modalidade, é o único nadador da história a arrebatar o bicampeonato olímpico nas duas provas mais rápidas da natação (50 m livre e 100 m livre), feito obtido em Barcelona-92 e Atlanta-96.
Sullivan ainda dá braçadas atrás de glórias olímpicas.
Sua estréia nos Jogos foi modesta para os padrões australianos, uma das potências da modalidade. Em Atenas-04, aos 18 anos, integrou a equipe de revezamento 4 x 100 m livre. Não passou do sexto lugar na final.
Agora, assume a condição de protagonista para a Olimpíada de Pequim, que será em agosto.
"Sempre fui o nadador que esteve à sombra dos outros. Agora, foi bom dar esse passo e dizer às pessoas para elas prestarem atenção em mim porque estou aqui", declarou Sullivan.
Um de seus rivais no Cubo D'Água, palco da natação olímpica, deve ser o brasileiro César Cielo, que nadou a distância em 21s84, no melhor resultado técnico na natação do Pan do Rio.
Com o recorde, Sullivan passa a ser protagonista da competição e o adversário a ser batido.
E também passa a ter a responsabilidade de não ser a nova decepção de seu país na água.
O jovem vive cenário similar ao de Libby Lenton, sua compatriota, há quatro anos. A australiana chegou às piscinas de Atenas credenciada pelo recorde mundial dos 100 m livre, batido cinco meses antes dos Jogos. Não passou das semifinais.
Quatro anos antes -e em casa-, o infortúnio foi vivido por outro astro do país, Michael Klim. Após derrubar o recorde dos 100 m livre no revezamento 4 x 100 m dos Jogos de Sydney, Klim foi superado pelo holandês Pieter van den Hoogenband na disputa individual.
"Acho importante conversar com a Libby e o Michael. Acho que seria interessante ver o que eles têm a dizer e estar preparado para tudo", afirma Sullivan.
Apesar da sina australiana, nada parece abalar a autoconfiança do novo recordista.
"Agora será diferente. É bom ter uma nova perspectiva, saber que as pessoas estão preocupadas comigo", afirmou ele.
"Claro que terei que sentar e conversar com minha equipe e imaginar um novo plano para a competição. Normalmente eu tinha como alvo outros nadadores. Agora, é eles que estarão de olho em mim", completa.
Ao menos em excelente forma, Sullivan mostrou estar.
Logo após surpreender o mundo aquático com a nova marca dos 50 m livre, integrou a equipe de seu clube, o West Australian, no 4 x 100 m livre.
Cumpriu a distância em 48s11. Foi sua melhor marca pessoal. Também a mais rápida da Austrália (0s07 abaixo do tempo de Klim em Sydney-00).
Com esse desempenho, o terceiro melhor da história, inicia a perseguição ao recorde de Hoogenband, o agora mais antigo da natação masculina.


Com agências internacionais


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