São Paulo, quarta, 18 de fevereiro de 1998

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TÊNIS
Pura matemática

THALES DE MENEZES

Será que todos os fãs de tênis conseguem entender como é que Gustavo Kuerten passa a semana passada inteira sendo duramente criticado por seu desempenho nos últimos meses e aí, na segunda-feira, sobe uma posição no ranking mundial?
"Como? O Guga só perde!".
Não é bem assim. Nos últimos tempos, a rotina dele é vencer um jogo e perder sempre na segunda rodada. Ora, conseguir 50% de vitórias já é uma média excepcional no competitivo circuito atual. Um índice assim dá para manter um jogador entre os 30 ou 40 melhores do mundo.
No caso de Kuerten, ele tem essa média regular e um caminhão de pontos obtidos em Paris. A pressão começa agora.
A partir de Memphis, nesta semana, o brasileiro já está disputando torneios nos quais marcou pontos em 1997. A cada semana, ele vai descartar os pontos do ano passado e acumular os que conseguir agora.
Exemplo: em Memphis-97, ele perdeu na terceira rodada. Se perder na segunda este ano, vai diminuir seus pontos na ATP. Foi o que aconteceu na semana passada com Sergi Bruguera. O espanhol perdeu pontos, e o brasileiro, que manteve os seus, subiu no ranking por inércia.
Se vencer hoje em Memphis e perder na rodada seguinte, Kuerten terá o mesmo desempenho do ano passado e continuará com os pontos que tinha.
Se Kuerten conseguir ir além da terceira rodada, vai ganhar mais pontos do que aqueles que precisa descartar. Aí, sua pontuação geral na ATP cresce.
Mas não basta ele ganhar mais pontos do que descarta para subir no ranking mundial.
É só lembrar que o mesmo processo de descarte e recebimento de pontos está acontecendo com todos os tenistas que disputam torneios pelo mundo.
Da mesma forma que Kuerten subiu dezenas de posições ao vencer Roland Garros, tenistas abaixo dele no ranking podem ganhar muito pontos "novos" e ultrapassar o brasileiro.

NOTAS

A grande volta
Grande resultado de Nelson Aerts e André Sá em San Jose, perdendo apenas na final para a melhor dupla do mundo, os "Woodies" (Todd Woodbridge e Mark Woodforde). Aos 34 anos, Aerts ganha novo ânimo. Os dois brasileiros já são a dupla número 26 do ranking da categoria na ATP.

Outras voltas
Andre Agassi derrotando Pete Sampras na final de San Jose. Steffi Graf voltando às quadras num torneio oficial. É, parece que a segunda-feira trouxe boas notícias para os fãs do bom tênis. Resta torcer para que nenhum dos dois episódios seja fogo de palha.

Bom sinal
Fernando Meligeni engrossou o jogo contra Todd Martin em Memphis, perdendo depois de dois duríssimos sets. Martin é um jogador muito difícil de ser batido no piso rápido. Definitivamente, 1998 promete ser o melhor ano do brasileiro.



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