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BASQUETE
Fogão a lenha
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Recuperado de problema
no púbis, Valtinho voltou a
colecionar atuações magníficas.
Anteontem, na casa do Flamengo, encerramento do primeiro
turno do Brasileiro, ficou à beira
do triplo-duplo: 16 pontos (71%
de aproveitamento nos arremessos), 15 assistências e 9 rebotes.
Melhor armador do Brasil há
pelo menos meia década, estrela o
grupo mais solidário do torneio.
Ele, com média de 9,1, e o time,
com 20,6, lideram os rankings de
passes perfeitos.
Podia-se esperar que um estilo
de jogo tão agudo, amparado na
alta velocidade de transição defesa-ataque e no "um contra um" à
NBA, ajudasse a multiplicar os
erros na condução da bola. Mas
não foi o que se viu.
A equipe registra a melhor relação entre assistências e "turnovers": 1,6. O segundo colocado,
Casa Branca, aparece com 1,3.
Valtinho, sozinho, ostenta índice
de Primeiro Mundo: 3,6.
Além disso, em média por dez
minutos por partida, Espiga é escalado para escoltá-lo na criação
de jogadas. Se o brasileiro não sabe neutralizar um armador, que
dirá dois ao mesmo tempo? Perde-se ante o contragolpe, erra o
bote e se abre, sobretudo aos tiros
de longa distância. (O êxito no
campeonato, até certo ponto inesperado, do Franca de Matheus e
Helinho comprova isso.)
No perímetro, o brilho fica por
conta, principalmente, da explosão e da criatividade dos alas
Tony Harris e Brent Merritt. O
melhor par de norte-americanos
nas quadras brasileiras confirma
sua vocação para a cesta.
São os artilheiros do time, respondendo por 37,5 pontos por jogo. E, combinados, alcançam 56% de pontaria nos arremessos,
um percentual excelente, dado
que cabem aos dois os ataques de
risco, de desafogo (a equipe, como
um todo, listando outros chutadores de renome como Farofa e
Juliano, exibe uma precisão de
62% nos tiros de dois pontos).
Sob a cesta, o conjunto também
prevalece. Se nenhum deles sobressai neste ano, Estevam, Maozão, Edu Mineiro e Rappa se unem para assegurar o melhor rebote defensivo do Nacional: o time recupera 72% das bolas que sobram em seu garrafão.
O equilíbrio no ataque evita surpresas na marcação. Fechadinha e bem balanceada, a defesa é a segunda menos vazada da competição, 84,4 pontos por jogo.
Pelo número de atletas citados
até aqui neste texto (dez), percebe-se que a qualidade do elenco
representa outro diferencial. Do
banco saem 43,2% dos pontos, recorde do campeonato.
Assim, com critério e talento na
concepção das jogadas e muito
poder de fogo para executá-las,
tudo cozido como um trivial feijão-com-arroz pelo técnico Zé Boquinha, o Uberlândia silenciosamente construiu a melhor campanha do Nacional: 14 vitórias
em 16 rodadas, com 10,8 de saldo
de pontos por partida.
Só o Ribeirão Preto mostrou um
jogo tão completo, tão redondo.
Mas o campeão paulista acaba de
perder justamente aquele que arredonda as coisas, o ala Renato,
com fratura na mão esquerda.
O basquete brasileiro pode avançar uma fronteira em 2003.
Minas Gerais
A Federação Mineira, cujo vice-presidente é o ex-jogador Marcelo
Vido, deu exemplo ao divulgar pela internet suas contas de 2002.
Goiás
Também seria divertido se, no ano da renovação da seleção, o título
nacional caísse nas mãos dos "masters" do Ajax. Ratto, Rogério, Janjão & Cia. aparecem em segundo lugar na competição (13v e 3d).
Rio de Janeiro
A batata de Hélio Rubens já está assando no Vasco (7v e 9d).
São Paulo
Começa na quinta-feira, com apenas seis times, o Estadual feminino.
E-mail melk@uol.com.br
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