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TOSTÃO
Uns saem, outros chegam
Ronaldo, Roberto Carlos e Cafu farão falta à seleção, e acredito que será mais difícil achar um sucessor à altura do atacante
RONALDO , Roberto Carlos e
Cafu vão fazer falta à seleção,
não obviamente pelos desempenhos que tiveram na última
Copa, mas pelo que jogaram na
maior parte de suas carreiras. Ronaldo é o único dos três que tem pequena chance de atuar em 2010.
Alguns vão lembrar que os três,
principalmente Roberto Carlos, tiveram vários outros momentos
ruins na seleção. É verdade. Outros,
como eu, não gostam do jeito prepotente de Roberto Carlos. Porém temos de ser justos e reconhecer que
eles tiveram períodos brilhantes no
time brasileiro e nos seus clubes.
Todas as seleções que enfrentavam o Brasil temiam o avanço de
Roberto Carlos e Cafu e as jogadas
espetaculares de Ronaldo, um dos
maiores atacantes do mundo de todos os tempos.
O tempo passou. Há muitos anos
que Roberto Carlos joga parado, como um zagueiro-lateral. Cafu tenta
atuar como antes, mas não consegue. Depois da Copa de 2002, Ronaldo teve só alguns instantes espetaculares, sem nenhuma regularidade.
Mesmo nas suas melhores fases,
quando concorreu ao título de melhor jogador do mundo, Roberto
Carlos parecia se poupar em campo.
Cafu, ao contrário, sempre tentou
jogar o máximo que podia. E ainda
foi exemplo de atleta profissional.
A maioria dos habilidosos laterais
brasileiros que foi para a Europa
passou a jogar de armador pelos lados, porque os técnicos europeus
preferem laterais marcadores, já
que os seus times não jogam há muito tempo com três zagueiros. Assim
aconteceu com Fábio Aurélio, Gilberto, Cicinho, Daniel Alves, Mancini e tantos outros.
Roberto Carlos e Cafu foram exceções na Europa. Por defender e atacar bem, os dois quase sempre atuaram de laterais, no esquema com
dois zagueiros.
A principal razão da preferência
dos técnicos brasileiros pelo esquema com três zagueiros é a presença
de laterais que apóiem muito e defendam pouco.
Para suprir a falta de jogadores
que atacam pelos lados, os times europeus, cada vez mais, jogam com
pontas, que também recuam para
marcar. O inverso ocorreu décadas
atrás no futebol brasileiro. Os pontas foram substituídos pelos laterais
apoiadores. As coisas vão e voltam
com nomes diferentes.
Por ser muito forte, veloz, marcar
e apoiar bem, mesmo sem muito
brilho, Maicon é considerado na Europa o sucessor de Cafu. Dunga parece não pensar assim, pois não o
convocou para os dois próximos
amistosos. Diferentemente de Ilsinho e Daniel Alves, que jogam a
maior parte das vezes como alas em
seus clubes, Maicon é lateral na Inter de Milão, no esquema com dois
zagueiros, adotado também pela seleção brasileira. Seria uma incoerência de Dunga?
Será difícil para a seleção brasileira arrumar bons substitutos para
Cafu e Roberto Carlos. Mais difícil
ainda será substituir Ronaldo. Se ele
não tivesse surgido, a seleção estaria
até hoje lamentando a perda de Romário, outro fenômeno.
Adriano, que parecia ser um craque-artilheiro, um ótimo substituto
para Ronaldo, não é hoje nem artilheiro. Muito menos craque. Fred
poderá ser útil à seleção, mas também não é craque. É um artilheiro.
Pato é uma esperança para substituir bem Ronaldo e se tornar um
craque-artilheiro. Ainda não é. Para
ser, entre tantas coisas, ele precisa
jogar na posição correta, movimentando-se mais na frente, e não recuando para receber a bola no meio-campo e jogando ao lado de um típico centroavante (Christian), como o
técnico Abel Braga o colocou no segundo tempo do jogo contra o Vélez.
Uns saem, outros chegam. É a
transitoriedade das coisas. O futebol
e a vida continuam com novos personagens.
tostao.folha@uol.com.br
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