São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Santos prende meninos ao limite

Ninguém na elite tem tantos contratos de 5 anos, máximo que a lei permite, como o time do litoral

Clube tem Neymar e outros 4 atletas com vínculos até 2014, contra 14 de todos os outros 19 times da primeira divisão do Brasileiro-2009

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
O atacante Neymar dá um pique em treino no CT Rei Pelé


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santos aposta alto na geração que tem Neymar, 17, como estrela mais cintilante.
Tanto que é hoje o clube da primeira divisão nacional que tem mais contratos vencendo em 2014, ou o máximo de tempo que a legislação brasileira permite (cinco anos).
Além do atacante, que no domingo marcou seu primeiro gol como profissional pelo clube, o time do litoral sul paulista tem outras quatro revelações que assinaram contratos recentes com a equipe até 2014 -os atacantes André e Dênis, ambos de 19 anos, o meia Elivélton, 17, e o volante Jeferson, 19.
Pelo BID, o boletim da CBF que lista os contratos de todos os jogadores do país, a estratégia santista de fazer longos acordos é um fato nada comum.
Situação registrada até ontem aponta que os outros 19 times da elite do país tinham apenas 14 atletas com contratos assinados até 2014, ou menos de um por clube, sendo que 11, incluindo o Corinthians, não tinham nenhum vínculo com um atleta vencendo em 2014.
O Santos ainda tem outros nove jogadores com contratos válidos até 2013. Nesse grupo está outra grande promessa do clube alvinegro, o meia Alan Patrick, 18, que já foi promovido para o time profissional.
O número elevado de vínculos de longo prazo do Santos acontece depois de ele ter sido acusado de fazer "contratos de gaveta" com revelações.
Agora, mesmo registrando todos os acordos, o clube não teme levar prejuízo caso os novatos não vinguem e sigam recebendo salário até 2014.
"Se acontecer [de um jogador não vingar], podemos fazer um acordo entre as partes e rescindir o contrato", afirma Aldo Neto, assessor do presidente do clube, Marcelo Teixeira.
Aldo diz que o Santos não tinha outra alternativa. "Com a atual legislação, precisamos nos resguardar contra o assédio de clubes estrangeiros", declara ele, que, no entanto, teme novos episódios como o de Robinho, que em 2005 foi para o Real Madrid mesmo tendo vínculo com o Santos até 2008.
"Quando um jogador não quer ficar no clube, não há como segurá-lo", admite Aldo.
Para convencer suas revelações e seus representantes a assinarem contratos tão longos, o Santos usa como sedução uma divisão nos direitos sobre uma eventual venda desses atletas.
Na maioria dos casos, o clube fica com 60% e repassa os outros 40% para as revelações ou a seus pais, caso eles ainda sejam menores de idade.
Foi o que aconteceu com Neymar, e seu pai tratou logo de revender os 40% a que teve direito depois que o filho assinou até 2014. Por R$ 7,5 milhões, repassou sua participação numa eventual venda do atacante para a DIS, braço esportivo do grupo Sonda.
Segundo Aldo, todos os garotos santistas com contratos longos têm multa rescisória de pelo menos R$ 20 milhões -no caso de Neymar, esse valor chega a R$ 90 milhões.


Texto Anterior: Tostão: Ser ou não ser craque
Próximo Texto: Vestibular: Time utiliza a copa do Brasil para afinar dupla de ataque
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.