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FUTEBOL
Problema e solução
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Muitos leitores opinam
que o Romário está em final de carreira, joga muito parado e prejudica a seleção. Outros protestam quando a imprensa (incluindo-me) refere-se
ao jogador como um dos gênios
da história do futebol mundial.
Quando endeusamos o Romário, falamos principalmente do
craque que ele foi, e não do que
é. Hoje, Romário não joga 30%
do que jogava.
Em outras épocas, o atacante
estaria atuando na equipe de
veteranos. Mesmo assim, aos 35
anos, ele ainda é melhor do que
os outros.
A seleção brasileira conta com
o Romário de hoje, e não com o
do passado. Nesse ponto, eu entendo os leitores. O jogador adquiriu o status, o direito de brilhar somente em algumas partidas, o que não acontece com
seus companheiros. Isso é muito
perigoso.
Um time não pode depender
dos gols de somente um atacante. Seja ele quem for. A seleção
também não pode permitir que
o Romário atue somente para
fazer gols. Tem de participar do
conjunto. Quando ele quer,
além de gols, dá passes espetaculares.
Quando a seleção pressiona o
outro time, o que hoje é raro, e a
bola está sempre próxima ao
outro gol, não há um finalizador melhor do que o Romário.
A seleção precisa, urgentemente, preparar um substituto
para o Baixinho. Revezar com
ele até a Copa. Não há, hoje, um
único que entusiasme. A grande
esperança é o Ronaldo, da Inter.
Se os dois estiverem bem, será
ainda melhor.
Romário pode ser o problema
ou a solução para o time brasileiro. Leão terá de resolver esse
dilema. O técnico não pode é se
tornar refém do jogador. Dentro
nem fora de campo.
Na semana passada, escrevi
sobre a minha preferência de a
seleção brasileira atuar no esquema com três zagueiros, quatro no meio-campo (dois alas) e
três atacantes (dois pelos flancos
e um central), como faz a Argentina.
Essa postura só é mais eficiente do que a tradicional brasileira quando se adota uma filosofia ofensiva, pressionando o outro time. Frequentemente, os
técnicos fazem o contrário.
O leitor Emmanuel Nakamura faz, novamente, uma boa observação: "Se o adversário atua
com três atacantes, não há um
zagueiro na sobra. Nessa situação, é melhor atuar com uma linha de quatro zagueiros". Tem
razão. Os laterais teriam de
marcar os pontas adversários
para sobrar um zagueiro.
Foi o que o Wanderley Luxemburgo fez na partida do
Brasil contra a Argentina, nas
eliminatórias.
No mesmo jogo, o treinador
escalou dois jogadores avançados pelas pontas (Rivaldo e Ronaldinho), nas costas dos alas
argentinos. Foi o único momento brilhante do Luxemburgo na
seleção.
O fato mostra que não há um
bom e único esquema tático para todas as partidas.
O ideal seria o treinador mudar a estratégia, sem trocar os
jogadores.
No Campeonato Paulista, enquanto o São Paulo cai, o Corinthians não pára de subir. O time
dirigido por Luxemburgo e a
Ponte Preta são, hoje, os principais favoritos ao título.
Há vários anos, a equipe de
Campinas destaca-se nos campeonatos Paulista e Brasileiro.
Não é mais um time pequeno.
Falta só um título.
Com o retorno de Arce na Libertadores, a presença de Lopes
no time titular e de Felipe na armação pelo meio-campo ou como ala, o Palmeiras vai melhorar muito. O técnico Celso Roth
precisa adaptar o esquema aos
jogadores, e não o contrário.
Depois de vários meses sem
atuar, Rincón já mostrou que é
o melhor volante do Brasil. Ao
contrário dos outros dessa posição, o colombiano passa muito
bem a bola. O que seria obrigação e rotina, já que um bom ataque começa com um bom passe do volante, tornou-se novidade
no futebol brasileiro.
Dodô não é um craque, tem
vários defeitos, mas é um excelente atacante. É o artilheiro do
Santos e, ao lado do Robert, um
dos destaques da equipe neste
ano. O jogador não pode recusar-se a ficar no banco (não recusou), mas tem o direito de reclamar. Eu faria o mesmo.
No Estadual do Rio está tudo
embolado no segundo turno.
O Flamengo já está na final.
Nos últimos anos, falávamos
sempre que o Vasco era o favorito, porque tinha os melhores jogadores. Não é mais verdade.
O atual time do Flamengo,
com Edílson, Petkovic e Gamarra -todos em forma-, iguala-se ao Vasco de Romário, Juninho e Euller. O outro Juninho
faz muita falta. No túnel, o
Mengo leva vantagem.
No Fluminense, Magno Alves
não é um craque, mas, com sua
velocidade, é o jogador mais importante do time. Sua ausência
em várias partidas foi decisiva
na queda de qualidade da equipe de Valdyr Espinosa.
Por que o Botafogo, campeão
nas categorias de base, não revela jogadores como o Flamengo e
outros clubes?
Será que não há jovens melhores do que os medianos que
atuam no time principal?
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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