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FUTEBOL
Atleta, que se lançou aos 26, pode ser 1º artilheiro estadual rebaixado
Finazzi, o tardio, espera por seu lugar na história de SP
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Alexandre Silveira Finazzi, 31,
saberá hoje qual é o seu lugar na
história do Campeonato Paulista.
Com os 17 gols marcados pelo
América de São José Rio Preto no
torneio deste ano, ele pode ser
mais um a figurar na honrosa lista
de artilheiros inaugurada por
Charles Miller, em 1902.
Mas, se seu time perder 24 pontos no julgamento que acontece
hoje no TJD pela escalação irregular do goleiro Pitarelli, Finazzi pode ser o primeiro artilheiro rebaixado nos 103 anos do Estadual.
"Tenho meu ponto de vista e me
pediram para não falar. Posso dizer que estou chateado. Se a gente
dependesse de um goleiro... Mas
ele veio para ficar na reserva."
Independentemente do julgamento, o final de Finazzi deve ser
um pouco mais feliz. O jogador
pretende confirmar nesta semana
a transferência para o Juventude,
de Caxias do Sul, com o qual já
chegou a acordo salarial, para disputar a Série A do Brasileiro-2005.
A outra proposta foi do São Caetano, mas não houve acordo.
Será a quarta atuação dele na
elite nos cinco anos de sua carreira profissional, iniciada aos 26
anos. Paulista de São João da Boa
Vista, ele foi júnior no Guarani,
mas abandonou o futebol para se
dedicar ao curso de engenharia na
PUC de Campinas, em 1993.
Em outubro de 1996, porém, o
futebol falou mais alto. Foi levado
ao São Paulo por Lalo Noronha e
o capitão do bi mundial do Brasil
em 62, Mauro Ramos. Em 28 minutos de um teste, fez três gols,
agradou ao então técnico são-paulino Carlos Alberto Parreira e
ali decidiu deixar a faculdade.
"Fiquei quatro meses no São
Paulo. Depois fiz testes em uns
dez clubes e recuperei a condição
física. Pesava 12 kg a mais", diz
ele, que tem 82 kg hoje.
"Tinha uma vida desregrada em
Campinas, com álcool e drogas.
Parei com tudo isso, porque estava decidido a retomar a carreira",
conta Finazzi. Por esse ideal, ele
enfrentou a oposição da família.
"Meu pai e meu avô bancavam
o básico, mas falavam muito
quando as coisas davam errado",
relembra o atacante, casado com
Rosenly e pai de Alexia.
Finazzi se recorda da dispensa
que teve no fim de 1998, no Rio
Branco de Andradas (MG), como
o pior momento de sua peregrinação. "Foi frustrante, eu ia realmente desistir. Foi quando o [técnico] Mirandinha me deu a última chance, no Goiânia."
Lá, Finazzi engrenou. Do Goiânia, ele jogou no Gama, no Sochaux (França), no Goiás, no Fortaleza, no Omiya Ardija (Japão).
Na Série B de 2004, pelo Santa
Cruz, mostrou sua intimidade
com gol. Chegou só na 13ª rodada
e terminou como terceiro artilheiro, com 11 gols em 17 jogos.
Rinaldo, do Fortaleza, fez 14.
Mesmo com futuro quase definido, Finazzi lamenta o risco do
América. "Acho que Rio Preto é
uma cidade muito boa para não
ter um time na primeira divisão."
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