São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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FUTEBOL

Participação da região, que já incomodou os clubes grandes, pode ser em 2006 um terço menor do que nos anos 90

Interior domina rebaixamento e encolhe

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não poderia ter sido pior o desfecho do Paulista-05 para uma região do Estado que já foi temida.
Todos os quatro rebaixados, independente do que acontecer no tapetão da federação paulista hoje, são do interior. Os clubes da capital, da região metropolitana e do litoral, sem exceção, seguem na elite.
Tal cenário provoca uma mudança brusca na composição geográfica da competição.
Há apenas 13 anos, nada menos do que 75% dos times que disputavam o Campeonato Paulista eram interioranos. No próximo ano, com a queda de União Barbarense, União São João, Sorocaba e Inter de Limeira, a participação do interior pode ficar em 50%, uma queda de um terço em relação ao torneio de 1992.
Os oito clubes da capital, que viu a Portuguesa se safar na última rodada, do litoral e da região metropolitana podem ter o reforço de times que estão hoje na Série A-2, como o Juventus, que faz ótimo papel no torneio.
Além do clube da zona leste, o Nacional, também da capital, segue com chances de acesso. Mesmo se esses dois clubes falharem, o interior terá 60% dos clubes do Paulista na próxima temporada, bem longe do que tinha no início da década passada ou também há mais tempo ainda -a edição de 1980 teve 70% dos inscritos vindos do interior.
Mas não é só na definição dos rebaixados que o interior decepcionou na competição encerrada ontem com dez partidas.
As cinco primeiras posições da classificação foram de clubes da capital, do ABC e do litoral do Estado -o melhor interiorano foi o Paulista de Jundiaí, sexto.
Tirando o Paulista, cuja sede fica bem perto da capital, e o América, nenhum outro time interiorano conseguiu terminar o Estadual com saldo de gols positivo.
A queda da Inter de Limeira também é mais um capítulo da decadência de times interioranos que já tiveram sucesso.
O clube vai se juntar a outro clube da região que já sentiu o gosto de título e hoje amarga a segunda divisão -o Bragantino.
Vice-campeão em 1976, o XV de Piracicaba nem consegue mais lugar na Segundona. O Novorizontino, vice do Bragantino em 1990, está com seu futebol desativado.
Antes adversários parelhos para os grandes, os tradicionais times de Campinas só conseguiram se salvar agora na última jornada.
O Guarani já está na segunda divisão do Nacional, e a Ponte Preta, pelo modesto time atual, corre risco de tomar o mesmo caminho no Brasileiro que começa no próximo final de semana.
A maioria das agremiações interioranas está em delicada situação financeira. São comuns os atrasos de salários e situações ainda mais vexaminosas, como o corte de energia elétrica em suas sedes e a penhora de atletas e bens.

Ascensão metropolitana
Além da capital, o interior perdeu espaço nos últimos anos para os clubes do Grande ABC.
Mesmo fundado apenas no final nos anos 80, o São Caetano já foi campeão paulista e está na primeira divisão nacional há cinco anos -agora, mesmo esfacelado, foi o quinto colocado em SP.
Processo semelhante de fortalecimento acontece com o Santo André. Amparado por um grande leque de patrocinadores (privados e do governo local), a equipe ganhou a Copa do Brasil no ano passado, obteve vaga na Libertadores e agora cumpriu bom papel no Paulista -ficou em quarto.

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