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MOTOR
Reação em cadeia
Decisão que liberou difusores pode ter sido técnica, mas não
faltam motivos para crer em julgamento de conveniências
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A F-1 experimenta a maior reviravolta dos últimos tempos,
com tradicionais coadjuvantes dando as cartas e velhas potências perdidas, sem rumo, sem saída.
Reviravoltas sempre geram audiência. Na Inglaterra, país-chave
para o esporte a motor, 61% das TVs
ligadas na manhã do GP da Austrália
estavam sintonizadas na F-1. No
Brasil, o GP da Malásia registrou 13
pontos, boa marca para um evento
que começou às 6h -a média das 18
etapas do ano passado foi 16,2.
Audiência é o argumento número
1 de todos os envolvidos na categoria
-promotores, organizadores, equipes e picaretas que orbitam os paddocks- na hora de bater à porta de
uma empresa e buscar patrocínio.
Patrocínio tornou-se uma espécie
de Santo Graal nos dias de hoje, de
crise, de montadoras cortando vagas, de tabagistas de mãos atadas.
Carros de F-1 que anos atrás eram
colchas de retalhos, que estampavam marcas de cigarros, combustíveis, bebidas, roupas, computadores
e até de sombrios grupos de investimentos, hoje colecionam espaços
vazios. Um exemplo? Há três bem
claros: Brawn, Williams e Toyota.
Some a isso tudo um grid que só
contou com 20 pilotos por empenho
pessoal, público, notório e declarado, do "dono" da F-1: Ecclestone.
Que, se não empenhou dinheiro
do próprio bolso, colocou na reta
parceiros de negócio, relacionamentos pessoais, elos profissionais...
E há o último ingrediente, a política. E, nesse campo, Ferrari e McLaren estão lado a lado. Num paredão.
Sob a mira de Ecclestone e Mosley.
O presidente da FOM devia um
troco à escuderia italiana desde o
tombo que levou no seu projeto das
medalhas/vitórias -a Fota, associação das equipes, que derrubou a
ideia, é dirigida por Montezemolo.
O presidente da FIA virou um voraz perseguidor da McLaren desde
que se convenceu de que o time inglês foi o responsável por vazar as
cenas de sua orgia sadomasoquista.
Pode ser que a decisão da Corte de
Apelações, liberando os difusores,
tenha sido técnica? Pode. Há mais
motivos para crer num veredicto de
conveniências? Certamente há.
TÚNEL DO TEMPO 1
A F-1 correu pela última vez na
China em outubro. O fim de semana é ocasião perfeita, portanto, para dimensionar e entender (ou
não) a rapidez das mudanças. Em
tempo: há seis meses, Hamilton fez
um hat trick e o melhor Honda foi o
de Barrichello, 11º colocado.
TÚNEL DO TEMPO 2
Há um ano, a Indy realizava seu
final de semana mais bizarro, com
provas em Motegi e Long Beach. A
vitória no Japão foi de Danica, com
Castro Neves cravando a pole e a
melhor volta. Hoje, o brasileiro é
esperado na Califórnia para a definição do grid. Um mero detalhe
após a maior vitória de sua vida.
fabio.seixas@grupofolha.com.br
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