São Paulo, sábado, 18 de abril de 2009

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MOTOR

Reação em cadeia

Decisão que liberou difusores pode ter sido técnica, mas não faltam motivos para crer em julgamento de conveniências

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A F-1 experimenta a maior reviravolta dos últimos tempos, com tradicionais coadjuvantes dando as cartas e velhas potências perdidas, sem rumo, sem saída.
Reviravoltas sempre geram audiência. Na Inglaterra, país-chave para o esporte a motor, 61% das TVs ligadas na manhã do GP da Austrália estavam sintonizadas na F-1. No Brasil, o GP da Malásia registrou 13 pontos, boa marca para um evento que começou às 6h -a média das 18 etapas do ano passado foi 16,2.
Audiência é o argumento número 1 de todos os envolvidos na categoria -promotores, organizadores, equipes e picaretas que orbitam os paddocks- na hora de bater à porta de uma empresa e buscar patrocínio. Patrocínio tornou-se uma espécie de Santo Graal nos dias de hoje, de crise, de montadoras cortando vagas, de tabagistas de mãos atadas. Carros de F-1 que anos atrás eram colchas de retalhos, que estampavam marcas de cigarros, combustíveis, bebidas, roupas, computadores e até de sombrios grupos de investimentos, hoje colecionam espaços vazios. Um exemplo? Há três bem claros: Brawn, Williams e Toyota.
Some a isso tudo um grid que só contou com 20 pilotos por empenho pessoal, público, notório e declarado, do "dono" da F-1: Ecclestone. Que, se não empenhou dinheiro do próprio bolso, colocou na reta parceiros de negócio, relacionamentos pessoais, elos profissionais... E há o último ingrediente, a política. E, nesse campo, Ferrari e McLaren estão lado a lado. Num paredão. Sob a mira de Ecclestone e Mosley. O presidente da FOM devia um troco à escuderia italiana desde o tombo que levou no seu projeto das medalhas/vitórias -a Fota, associação das equipes, que derrubou a ideia, é dirigida por Montezemolo. O presidente da FIA virou um voraz perseguidor da McLaren desde que se convenceu de que o time inglês foi o responsável por vazar as cenas de sua orgia sadomasoquista.
Pode ser que a decisão da Corte de Apelações, liberando os difusores, tenha sido técnica? Pode. Há mais motivos para crer num veredicto de conveniências? Certamente há.

TÚNEL DO TEMPO 1
A F-1 correu pela última vez na China em outubro. O fim de semana é ocasião perfeita, portanto, para dimensionar e entender (ou não) a rapidez das mudanças. Em tempo: há seis meses, Hamilton fez um hat trick e o melhor Honda foi o de Barrichello, 11º colocado.

TÚNEL DO TEMPO 2
Há um ano, a Indy realizava seu final de semana mais bizarro, com provas em Motegi e Long Beach. A vitória no Japão foi de Danica, com Castro Neves cravando a pole e a melhor volta. Hoje, o brasileiro é esperado na Califórnia para a definição do grid. Um mero detalhe após a maior vitória de sua vida.
fabio.seixas@grupofolha.com.br


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