São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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FUTEBOL

Como países britânicos, catalães querem atuar em competições oficiais

Catalunha tem como meta o reconhecimento da Fifa

DOS ENVIADOS A BARCELONA

No futebol, o sonho da Catalunha é virar uma Escócia, uma Irlanda do Norte ou um País de Gales. Para dirigentes e políticos da região, esses países, que fazem parte do Reino Unido mas possuem seleções próprias reconhecidas pela Fifa, são o melhor modelo a ser atingido.
"A Catalunha já mostrou que é um país dentro da Espanha. Esperamos que agora aconteça conosco o que ocorre com os países da Grã-Bretanha. Por que a Escócia pode ter sua seleção e nós não?", questionou o presidente da Federação Catalã, Jaume Roura.
"Queremos jogar com o Brasil de forma oficial, não apenas amistosamente", diz o primeiro conselheiro da Catalunha, Artur Mas.
Na prática isso pode demorar para se concretizar -a região só poderá ter sua seleção quando for reconhecida como um país-, mas, na teoria, já é uma realidade bastante palpável.
A preleção dada pelo técnico Angel Alonso ontem à noite no gramado do Camp Nou foi toda em catalão. Não se conhece histórias de jogadores que se recusem a defender a seleção catalã. Ao contrário, muitos não se incomodam em perder folgas somente para treinar pelo time da região.
É mais comum ver jogadores defendendo com má-vontade a seleção da Espanha. São famosas as manifestações de desconforto do meio-campista catalão Guardiola ao ouvir o hino espanhol, como mascar chicletes ou olhar para o alto ou para o chão durante a execução da música.
O sentimento é visto mesmo nos jogadores mais novos.
"A identificação que temos com a Catalunha é muito grande. para mim, vou defender o meu país. Em termos de projeção, seria melhor jogar pela Espanha, mas acho que, como cidadão, é mais importante defender a Catalunha", disse o meia Monti, 19, do Terrassa, um juvenil convocado de última hora no lugar de Gabri.
A obsessão nacionalista é uma faca de dois gumes para o time da Catalunha hoje. Se, por um lado, é um combustível para a vitória, a responsabilidade de atuar diante de um Camp Nou lotado pode deixar os jogadores nervosos, preocupação revelada pelo treinador Angel Alonso.
Até ontem, 90 mil dos 92 mil ingressos colocados à venda já haviam sido vendidos.
Os catalães estão desfalcados de 11 jogadores importantes -pelo menos cinco titulares-, quatro dos quais foram convocados para defender a Espanha na Copa.
O destaque da equipe catalã é o atacante Tamudo, que defende o Espanyol, clube que forma, ao lado do Barcelona, a base da convocação de Alonso.
Tamudo fez 17 gols no último Campeonato Espanhol, quatro a menos que o artilheiro do torneio, Diego Tristán, do La Coruña.
Outro jogador de projeção é o meia Jordi Cruyff, filho do lendário jogador holandês. Nascido em Amsterdã e formado no futebol catalão, Jordi diz que o jogo de hoje será "o mais bonito já jogado na Catalunha", mas avisa: "Se acreditam que seremos um adversário fácil, que aguardem para ver".
Para integrar a seleção catalã, é preciso ter nascido na região ou ter sido formado no futebol local. (FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG e SÉRGIO RANGEL)


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