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FUTEBOL
Como países britânicos, catalães querem atuar em competições oficiais
Catalunha tem como meta
o reconhecimento da
Fifa
DOS ENVIADOS A BARCELONA
No futebol, o sonho da Catalunha é virar uma Escócia, uma Irlanda do Norte ou um País de Gales. Para dirigentes e políticos da
região, esses países, que fazem
parte do Reino Unido mas possuem seleções próprias reconhecidas pela Fifa, são o melhor modelo a ser atingido.
"A Catalunha já mostrou que é
um país dentro da Espanha. Esperamos que agora aconteça conosco o que ocorre com os países da
Grã-Bretanha. Por que a Escócia
pode ter sua seleção e nós não?",
questionou o presidente da Federação Catalã, Jaume Roura.
"Queremos jogar com o Brasil
de forma oficial, não apenas amistosamente", diz o primeiro conselheiro da Catalunha, Artur Mas.
Na prática isso pode demorar
para se concretizar -a região só
poderá ter sua seleção quando for
reconhecida como um país-,
mas, na teoria, já é uma realidade
bastante palpável.
A preleção dada pelo técnico
Angel Alonso ontem à noite no
gramado do Camp Nou foi toda
em catalão. Não se conhece histórias de jogadores que se recusem a
defender a seleção catalã. Ao contrário, muitos não se incomodam
em perder folgas somente para
treinar pelo time da região.
É mais comum ver jogadores
defendendo com má-vontade a
seleção da Espanha. São famosas
as manifestações de desconforto
do meio-campista catalão Guardiola ao ouvir o hino espanhol,
como mascar chicletes ou olhar
para o alto ou para o chão durante
a execução da música.
O sentimento é visto mesmo
nos jogadores mais novos.
"A identificação que temos com
a Catalunha é muito grande. para
mim, vou defender o meu país.
Em termos de projeção, seria melhor jogar pela Espanha, mas acho
que, como cidadão, é mais importante defender a Catalunha", disse
o meia Monti, 19, do Terrassa, um
juvenil convocado de última hora
no lugar de Gabri.
A obsessão nacionalista é uma
faca de dois gumes para o time da
Catalunha hoje. Se, por um lado, é
um combustível para a vitória, a
responsabilidade de atuar diante
de um Camp Nou lotado pode
deixar os jogadores nervosos,
preocupação revelada pelo treinador Angel Alonso.
Até ontem, 90 mil dos 92 mil ingressos colocados à venda já haviam sido vendidos.
Os catalães estão desfalcados de
11 jogadores importantes -pelo
menos cinco titulares-, quatro
dos quais foram convocados para
defender a Espanha na Copa.
O destaque da equipe catalã é o
atacante Tamudo, que defende o
Espanyol, clube que forma, ao lado do Barcelona, a base da convocação de Alonso.
Tamudo fez 17 gols no último
Campeonato Espanhol, quatro a
menos que o artilheiro do torneio,
Diego Tristán, do La Coruña.
Outro jogador de projeção é o
meia Jordi Cruyff, filho do lendário jogador holandês. Nascido em
Amsterdã e formado no futebol
catalão, Jordi diz que o jogo de hoje será "o mais bonito já jogado na
Catalunha", mas avisa: "Se acreditam que seremos um adversário
fácil, que aguardem para ver".
Para integrar a seleção catalã, é
preciso ter nascido na região ou
ter sido formado no futebol local.
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG e SÉRGIO RANGEL)
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