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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003

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Repescagem é a chance da Copa com 36

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A única saída para que o inchaço da Copa do Mundo de 2006 saia do papel é a inédita disputa de uma repescagem já durante a competição na Alemanha.
A Confederação Sul-Americana de Futebol apresentará na reunião do Comitê Executivo da Fifa de 29 de junho uma proposta que, se aprovada, dará pela primeira vez na história uma segunda chance a quatro seleções.
Na reunião da última quarta-feira, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, os principais dirigentes do futebol sul-americano detalharam proposta para convencer Joseph Blatter e os colegas de Comitê Executivo a aumentar de 32 para 36 o número de seleções na Copa do Mundo de 2006.
A proposta, que será enviada antes do dia 10 de junho, foi concebida pelo uruguaio Eduardo Deluca, secretário-geral da Sul-Americana e aceita de maneira consensual pelos demais chefes de federações. Pelo regulamento, elaborado a pedido do Comitê Executivo para diminuir o "desequilíbrio esportivo" que o inchaço traria, a distribuição das 36 seleções seria feita por meio de nove grupos de quatro times cada um.
O campeão de cada chave estaria automaticamente classificado para as oitavas-de-final. A eles se juntariam os cinco melhores segundo colocados, classificados a partir do maior número de pontos, melhor saldo de gols e maior número de gols pró.
A inédita repescagem reuniria quatro equipes e abriria a segunda fase da competição. Nela entrariam os quatro piores segundo colocados. Em princípio, o sexto enfrentaria o nono em um único jogo. O sétimo pegaria o oitavo. Os dois vencedores se uniriam aos 14 já classificados e, a partir daí, a Copa seguiria no formato tradicional, com partidas únicas e eliminatórias até a decisão final.
Mais que uma simples proposta, o regulamento defendido pela Sul-Americana tem por objetivo minar as críticas de Blatter, para quem uma Copa com 36 seleções equilibrada do ponto de vista técnico e desportivo só poderia acontecer com um "milagre".
Durante toda a semana, o presidente da Fifa deu entrevistas mostrando-se totalmente contrário ao inchaço. Ele afirmou no dia 3 de maio que a ampliação estava acertada, mas sempre foi contra. "É a Sul-Americana quem tem que encontrar uma solução um pouco menos que milagrosa para manter a transparência da competição e sem aumentar demais o calendário. É fácil dizer que 36 é bom, mas apresentar uma solução é difícil", disse Blatter na quarta-feira.
Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino, deu resposta ríspida. "Ele não se dá conta que não pode ficar manifestando posições pessoais, pois será o Comitê Executivo quem decidirá. E, ali, Blatter é só um voto a mais", disse o vice da Fifa.
Os sul-americanos baseiam-se em acordo feito com a Europa para garantir a vitória na votação do Comitê Executivo no fim de junho. Como a Folha revelou em 13 de abril, os presidentes da Uefa e da Conmebol selaram pacto para aumentar o número de participantes já na Alemanha -os sul-americanos ficariam com cinco vagas, os europeus, com 16.
Em carta enviada ao paraguaio Nicolás Leoz, o sueco Lennart Jonhanson informa seu apoio à proposta. "Você deve estar bem-humorado por saber que há sinais de que sua proposta sobre distribuição de vagas para cada confederação na Copa vai alcançar aprovação da maioria", escreveu o presidente da Uefa ao colega.
Pelas contas dos sul-americanos, em 3 de maio, dia em que aconteceria a votação, a proposta tinha o apoio de pelo menos 14 dos 24 membros do comitê.
Na avaliação dos três dirigentes da Conmebol -Grondona, Leoz e Ricardo Teixeira (CBF)-, Blatter não quis colocar o assunto em discussão de forma definitiva para ganhar tempo e tentar inviabilizar a proposta sul-americana.
Hoje, há certeza na Conmebol de que a Europa não votará toda com Johansson. Apontam como desertores o alemão Gerhard Mayer-Vorfelder, o francês Michel Platini e o escocês David Will.
Os sul-americanos acreditam ter o apoio de Jonhanson, Angel Villar (Espanha), Issa Hayatou (Camarões), Chuck Blazer (EUA), Mohamed Bin Hammam (Qatar), Junji Ogura (Japão) e Chung Mong-joon (Coréia do Sul) -Vil-lar e Blazer já apontaram pontos negativos ao inchaço.
Pela projeção, portanto, faltariam dois votos para a vitória. Esses sairiam dos ainda indecisos.



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